Angel In My Life

1.19 |Emerie

Ele estava na minha frente. Nossas respirações se misturavam como a luz do sol nas ondas do mar, sua mão fez menção de tirar a mechas espalhadas pelo meu rosto que estava vidrado no seu mas ele a recolheu antes mesmo de eu sentir seu toque.

- Emerie. - Ele sussurrou, como um pedido, uma prece de partir o coração através da sua boca rosada.

- Gael? - Ergui meus olhos para ficarem de encontro com os seus. Dois imãs sendo afetados pelo campo magnético.

- Diga por quê Emerie. - Eu tinha vontade de recuar diante do brilho intenso do azul de seus olhos.

- Eu já disse anjinho, não evitei você. - Respondi com dificuldade, me perdendo nele.

Ele sorriu e foi neste momento em que agi. Gael podia ser anjo mas estava claro que seus desejos não condiziam com o quê ele é. Grudei nossos lábios, um beijo sedento cheio de paixão e fogo. Sua boca se abriu sobre a minha, nossas línguas exploravam uma a outra ávidas. Instantaneamente suas mãos foram com firmeza ao meu quadril, me erguendo sobre a pia. Passei as pernas por sua cintura o atraindo para mais perto, eu o necessitava.

- Ah Emerie! - Ele gemeu com a boca sobre a minha. - Você não tem ideia do que me causa, da impureza que me aflige.

Não respondi. Estava impossibilitada perdida em nosso beijo. No que ele representava, da luxúria que percorria meu corpo contra o seu anseando por ser tocado, por ser experimentado. Desejando suas mãos passeando nas minhas partes, todas elas sem exceção. Da sua boca saboreando o meu gosto, desde o pescoço até os seios descendo para mais baixo. Beijando cada canto, deixando uma trilha única molhada por onde passa.

- Você tem ideia do que é Emerie? Você é meu pecado, o qual estou me esbanjando e desejando esbanjar muito mais. - Gael me puxou com mais força, até que nossos corpos estivessem totalmente colados um contra o outro, me permitindo sentir sua ereção através das calças de tecido fino que usava. Graças aos céus pela fineza do tecido.

Gemi por puro prazer, nunca jamais em minha vida beijei alguém com tanta vontade e determinação, nunca fora antes esse fogo sendo finalmente libertado após ser acumulado excessivamente. Suas mãos traiçoeiras perambulavam pelo cós da minha calça, senti uma delas na barra fina da calcinha. Umedeci no mesmo instante.

- Gael, Gael, Gael... - Seu nome se repetia entre gemidos e beijos abafados.

- Emerie, você não tem noção do quanto meu corpo queima por você. - Ele arfou se afastando o suficiente para me olhar de cima a baixo.

Eu sabia que assim como ele meu rosto estava corado e meus lábios inchados, provavelmente os fios de cabelos estavam bagunçados pelos leves puxões que ele deu. Não vou mentir, inúmeros pensamentos impuros passaram pela minha mente com esses puxões, imaginando o que eles poderiam fazer em diferentes posições. A dor não seria um problema, não quando a excitação é maior.

Eu estava numa perdição sem fim, uma perdição que se chamava Gael. Ele era tudo o que uma garota sempre quis, incrivelmente belo, uma ótima companhia e ainda por cima eu tinha certeza de que é um acompanhante e tanto no sexo. Um anjo sendo corrompido pelos desejos carnais que eu causava.

- Emerie? - Sua voz me despertou do desvaneio. Gael me fitava curioso do outro lado. - No que está pensando?

Eu não acredito. Não bastasse um sonho agora estou imaginando uma cena erótica com ele?

- O-O quê? - Perguntei rouca. Eu não tinha para onde fugir, para onde esconder o meu rosto avermelhado de vergonha. A cena podia ser falsa mas o fogo que estava sentindo naquele momento não era.

- Você está bem? Está corada demais.

Dei uma tosse forçada, coçando a garganta. Me obrigando a pensar numa resposta rápida que ele acreditasse.

- Hum, tenho que ir. - Respondi de forma brusca, já indo em direção a porta. Ele teve a audácia e o erro de se meter na frente impedindo minha passagem.

- Você não parece bem, é por causa do son... - Ele se interrompeu. - Do pesadelo?

- Não. - Respondi de olhos arregalados. Me acalmei para enfim dizer - Não tem nada a ver com o son... pesadelo.

- Tem certeza porque estou sentido suas emoções e não me parece nada bem.

Tinha como essa situação se tornar mais constrangedora?

- Estou bem Gael. - Desviei dele esbarrando em seu ombro, senti um calafrio.

Saí arfando pelo corredor, meu peito subia e descia frenético por mais oxigênio. Fudida era a única palavra considerável para representar como eu estava. Parecia que eu tinha acabado de correr uma maratona pelo tanto que eu precisava respirar.

- Emerie? - A voz feminina me chamou, vi seus pés imediatamente na minha frente, ergui a cabeça e encontrei Ayla. - Você está bem?

Tirando o fato de eu estar excitada por causa de um anjo, não. Eu não estou nada bem.

- Estou. Estou sim. - Confirmei anuando, tentando parecer o mais normal possível.

- Bom, desculpe dizer mas não parece. Quer ir ao banhei-

- Não. - Interrompi, garantido. - Estou bem Ayla, não se preocupe.

Percebi que ela não deu total crédito para minha palavra, mas encerrou.

- Qual sua aula agora?

- Aula? A primeira ainda nem acabou. - Olhei para o relógio no pulso.

- Acabou sim Emerie. - Comentou enquanto eu me dava conta que quarenta e cinco minuto da primeira aula já haviam passado.

Puta merda.

- Aonde você estava?

- Der, na aula. Só me perdi por um instante. O que você tem agora?

- Física, - Respondeu, com um sorriso malicioso. - Que ironia.

Ignorei, checando a carga horário.

- Certo, tenho química agora. Depois nos vemos. - Não esperei por sua resposta e andei rapidamente para o laboratório de química. Meu coração ainda palpitava rápido pelo anjinho que mesmo não o vendo, sabia que me observava. Podia sentir o sorriso travesso em seus lábios, sua voz soprando nos meus ouvidos.

Eu tinha que fazer alguma coisa quanto a ele. Ou eu respeitava sua posição de anjo e me afastava para não causar problemas para ele, ou eu cedia ao desejo que me consumia a cada dia mais e ao sentimento que florescia em meu peito que eu podia sentir na boca do estômago com sua presença. A única coisa que podia decidir qual atitude eu deveria tomar era somente ele, estava mais que na hora de fazer o sonho e a imaginação se tornarem realidade, fora que eu tenho certeza de que aquele anjinho também sentia uma certa necessidade por mim. Eu podia ver isso no calor de seus olhos toda vez que me observava, mesmo que de soslaio.

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