1.9 |Gael

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Gael

Ser um anjo torna tudo mais difícil, principalmente quando tudo está relacionado a ela e quando tudo o que mais desejo é ela.

Escutei palavra por palavra pronunciada por sua boca, ao mesmo tempo recordava dos fatos que ela mensionava e sentia a dor de seu coração, uma dor não sentida há muito tempo.

Assim que tive certeza de seu pai já ter ido embora, apareci e a encontrei perdida num choro desesperado. Sentia a dor que dilacerava seu coração, a dor que eu faria o que pudesse para fazer com que acabasse. A abracei, pois a única coisa que podia oferecer naquele instante era o meu conforto, a minha segurança, meu corpo contra o seu demonstrando sua importância para mim.

Eu aceitaria qualquer coisa no céu ou no inferno, menos perde-la. Só de pensar nessa possibilidade uma angústia florescia em meu peito. Meu contentamento sempre fora o fato de que ela sempre teria a mim, assim como eu sempre a teria mesmo que ela fosse ignorante quanto a isto.

Ouvi-la dizer que queria dormir comigo me deixava assustado e ao mesmo tempo aliviado. Assustado porque sabia que haviam limites os quais eu não deveria ultrapassar pelo bem dela mesma. E aliviado porque entre todas as pessoas no mundo ela queria a mim, no seu quarto na sua cama, obviamente não no sentido sexual. Bom, pelo menos se queria ela deixou oculta esta parte.

Deitei de barriga para cima e cuidadosamente e de maneira hesitante ela deitou ao meu lado apoiando sua cabeça em meu peito. Ouvindo batidas que só pulsam por ela.

Passei a noite toda acordado, apenas escutando sua respiração que aos poucos foi se tornando lenta. Sentido seu corpo sobre o meu, quente e inebriante.

Vi a luz do alvorecer entrar no pequeno apartamento e a vi acordar. Sob a luz - numa mistura de tons laranjas - Emerie parecia ser uma obra renascentista.

- Bom dia! - Murmurou com a voz de sono, abrindo um sorriso que fazia ondas de calor e desejo passar pelo meu corpo. - Viu como sou capaz de manter minhas mãos longe desse seu corpo sarado?

Sorri alegre ao vê-la fazer piadas numa manhã de quarta-feira.

- Ao que parece você sabe manter uma promessa. - Respondi. Ela se espreguiçava na cama, a brisa gelada arrepiou os pelos da minha nuca. A ausência de seu corpo como fonte de calor era mais evidente.

Após todo o seu enrolamento no desjejum partimos em direção ao seu colégio. Emerie não era fã de estudo, embora fosse uma garota inteligente. Me impressionava a forma como era fácil para ela entender o conteúdo apenas ao ouvi-lo e prestar muita atenção durante as aulas.

Nunca a vi pegar num livro didático em casa para estudar por vontade própria, exceto para fazer lições e trabalhos que valem nota.

Não que ela não gostasse de livros, pelo contrário. Como qualquer outra garota de dezessete anos Emerie gostava de livros sobre romance, seja ele com final feliz ou não. Não gostava dos muito clichê com final previsto na sinopse. Seu tipo era daquele que surpreendia a cada página, que contava sobre o amor mesmo há quilômetros de distância, com tudo e todos contra. Embora na maioria das vezes chorasse ao ler um livro em que um dos personagens morre como é o caso de Como eu era antes de você.

Ah, Emerie também era fã de poesia, não apenas aquelas que contam sobre o amor, mas aquelas que se referiam a dor da perda, que ressaltavam a beleza da vida e a paixão não correspondida.

Como de costumes Ayla a encontrou antes que Emerie se desse conta de sua aproximação. Eu gostava de sua amiga Ayla, sentia a energia agradável que ela passava, sem contar que era uma boa pessoa apesar de ofender seu irmão a cada oportunidade.

- Hoje é o dia em que Emerie dará de boa moça! - Comentou, no momento em que chegou ao seu lado no corredor cheio.

- Boa moça?

- Ora minha amiga, não é hoje o dia em que você dará aula para o Logan?

Emerie pareceu então se recordar do acordo que fizera com o amigo de seu ex. Não sei dizer quem é o mais idiota dos dois.

- Ah, é verdade. - Emerie então se virou para encarar sua amiga. - Você parece se importar demais com isso, tem algo que eu não estou sabendo?

Ayala riu irônica, talvez para ganhar tempo para responder a pergunta que com certeza não esperava.

- Não mude assunto Emerie, quem vai dar aulas é você não eu.

- Tem certeza de que sou quem está fugindo do assunto?

Não deu tempo dela responder já que o assunto em questão apareceu.

- Olha só, minhas duas pessoas favoritas! - Logan disse com um de seus sorrisos que normalmente as garotas avaliariam como encantador.

- Falando no diabo. - Emerie murmurou entre dentes sem o jovem perceber.

- É você mesma quem eu gostaria de encontrar nessa agradável manhã Emerie. - O modo como ele falava me enojava.

- Já entendi a deixa. - Ayla comentou, antes de sair em passos rápidos. Logan sorriu ao notar que Emerie estaria sozinha.

- Algum motivo importante para você querer me ver logo cedo?

- Sim, ontem a noite me dei conta de que eu não tenho seu endereço, consequentemente não teria como eu ir até a sua casa, não?

Emerie suspirou.

- Estava contando que você se esqueceria disso e não pudesse ir até a minha casa.

- Aposto que sim.

- De qualquer modo, me encontra no final da aula aí podemos ir juntos. Acabei de recordar que não sei meu endereço de cor. - Uma desculpa esfarrapada. Não sei decidir como me sentir quanto a isso, afinal tinha certeza que essas aulas não seriam apenas aulas.

E o pior, o que quer que acontecesse eu veria tudo. Torço para que ao menos Emerie não se esqueça dessa parte.


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