1.34 |Gael

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Era realmente difícil me concentrar na conversa ou no gosto da comida com a mão dela subindo na minha coxa sob a mesa. Emerie usava uma das mãos para levar o garfo até sua boca a qual eu olhava de esguelha a cada oportunidade, ela apoiou a outra mão na minha perna subindo cada vez mais, lentamente com leves apertos.

Encarei seu rosto e então percebi que ela já me olhava como se esperasse uma resposta.

- Responda anjinho. - Sussurrou com um sorriso que demosntrava sua diversão com a minha distração.

- Perdão? - Engoli em seco voltando meu foco para o rosto do homem que me fizera a pergunta sem nenhuma resposta.

- Eu perguntei como você conheceu minha filha. - Repetiu e então bebeu o líquido roxo na taça enquanto eu pensava numa resposta convincente o suficiente.

Isso era um desastre. Um desastre completo. Primeiro o doador de sêmen me flagra desfrutando da sua filha, depois me faz uma pergunta perigosa a qual eu nem se quer me dei o trabalho de pensar numa resposta inteligente porque a minha mente só pensa nela, na sua boca e na mão que distraía todos os meus nervos.

- Acho que ele me odeia. - Suspirei me jogando no sofá.

- Ele não odeia você anjinho. - Emerie riu sentando ao meu lado. - Ele apenas odeia o fato de você se satisfazer do meu belíssimo corpo.

- Você não é nem um pouco vaidosa, não é? - Sua gargalhada respondeu. - Vaidade em excesso é pecado Emerie.

- Acho que tenho uma lista de pecados na frente anjinho, o que é mais um se comparado a todos os indecentes que relacionam você?

- Deus me perdoe, mas eu realmente gostaria de saber quais são eles. - Ela se deitou e esculpiu minha barriga com sua mão marota por de baixo da camisa.

- Eu já disse que gosto mais desse seu lado pecaminoso anjinho?

Minha resposta foi beijá-la me permitindo mais uma vez cair no abismo da luxúria o qual eu sabia que não teria volta. E durante o resto da madrugada e caí tantas vezes nesse abismo que a levei junto comigo para mergulhar nos desejos que minha pele emanava e minha mente imaginava. Sem pensar nos riscos que o futuro trazia. Por fim, nossas vozes se fundiram na escuridão que escondia nossos gritos de prazer todas as vezes em que a libertação das nossas essências destruia-nos de forma avassaladora.

A respiração ofegante se tornou lenta num ritmo calmo e leve, Emerie estava dormindo nua sobre o meu peito que subia e descia na inspiração profunda da brisa da madrugada. O fundo do meu âmago parecia se desfazer lentamente numa autodestruição previsível e totalmente necessária. Ignorei a dor do que aquilo significava, eu não queria pensar no significado simplório daquilo. Não agora. Não quando meu amor adormecia nos meu braços. Fechei os olhos desejando sonhar, porque apenas nos meus sonhos Emerie poderia ser minha.

Minha voz foi abafada pelos ruídos da rua, mas mesmo assim a rouquidão da minha voz podia ser ouvida se ela quisesse.

- Toda vez que eu penso em você, em nós, sei que estou perdido no meu pecado e paixão. - Era pouco provável que ela fosse me escutar, mas eu não podia deixar de dizer o que eu sentia estando com ela, nesse curto período que logo se acabaria deixando apenas memórias crueis e doloridas.

Nunca fui ignorante quanto as consequências que as minhas atitudes trariam. No entanto, era difícil não desejar e não estar feliz por realizar coisas que apenas se alimentavam da minha imaginação, contentando a mísera vida de anjo incapaz de poder sentir e viver o sentimento abrasador que queimava dia após dia no meu peito.

Emerie era tanto quanto o meu amor mais puro e verdadeiro quanto o meu maior e terrível pecado. Ela era o meu fruto proibido e como consequência por ter quebrado a única regra que a mim foi imposta, eu nunca poderia tê-la como queria. Ela nunca seria minha, até porque nunca foi feita para tal coisa. Eu sabia que estava me iludindo nessa fantasia de felizes para sempre, esses momentos por mais que curtos já valeram tudo o que eu já vivi. Eu a amava e ficaria feliz em vê-la viver esse amor mesmo que não fosse comigo o que provavelmente iria acontecer.

Minha promessa jamais se quebraria, eu sempre estaria com ela, seja em seus sonhos ou em seus pensamentos quanto em seu coração, nem que seja apenas como uma lembrança, fosse boa ou não. O fato é que para mim Emerie sempre seria a melhor coisa que já me aconteceu. Shakespeare dizia: "se por beijá-la eu teria de ir para o inferno eu faria isso, porque assim eu poderia me gabar a qualquer demônio que estive no paraíso sem nunca ter entrado nele".

A primeira vez em que nossos lábios se tocaram, em que minhas mãos exploraram seu corpo eu já sabia a sentença. Sempre estive condenado. Condenado a amar alguém que nunca poderia ter. Todas as vezes em que seus lábios despejavam impurezas por um minuto eu me permitia ser um humano normal flertando com uma garota doce e perfeita com todas as suas imperfeições. Carregando cicatrizes profundas mas mostrando que em meio a todo caos se tem uma esperança, mesmo que a desistência pareça muito mais fácil do que a perseverança.

Eu a amo. Emerie é a minha musa mais linda, a melodia mais doce e suave e o caos que eu não pensaria duas vezes antes de viver. Não só uma estrela numa noite sombria, mas uma constelação inteira. A aurora mais bela no frio mais intenso. Emerie é tudo o que eu quero e tudo o que eu não posso ter. Meu pecado original e minha paixão mais profunda.

"Eu devo ficar?
Seria um pecado
Se eu não consigo evitar
Me apaixonar por você?"

- Elvis P.

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