Meu fôlego era apenas um arranhão na garganta, eu estava correndo pelo hospital guiado pelos gritos dela, berro altos e agonizantes que cortavam o vento que vagava pelos corredores das alas médicas. Encontrei Emerie debatendo seus braços contra o corpo rígido do médico que tentava acalma-lá em vão. Mary ao menos, conseguia segurar um de seus pulsos evitando que ela agredisse a si própria. O som da voz estridente estilhaçava o meu âmago em míseros pedaços como um vidro vagabundo, quando cheguei mais perto com passos rápidos ela começou a tremer, seus olhos se revirando numa selvageria absurda e sua saliva saindo como espuma da sua boca. Emerie estava tendo uma convulsão.
Phillip a pegou nos braços antes que ela caísse bruscamente contra o chão, gritando ordens para os enfermeiros que estavam com ele, o grupo de três pessoas se separou obdecendo aos comandos do médico, um deles ousou interromper a minha aproximação pedindo que eu ficasse afastado. Ao inferno que eu iria, dei um empurrão nele com o corpo o som chamou a atenção do doutor que me lançou um olhar breve de confusão e logo voltou a concentrar-se na mulher que ele segurava e mantinha segura de si mesma. A cena era horrível, Emerie não parecia a minha Emerie. Seu corpo era tomado por um total e completo estado de choque tremendo como um animal assustado. Eu estava prestes a chegar mais perto quando outra mão me barrou, dessa vez não revidei.
Mary me interrompeu com a mão ordenando com gentileza e autoridade para que eu ficasse longe, mesmo com relutância e contra vontade a segui para uma ala separada onde pessoas, geralmente a família esperavam por seus entes. A enfermeira me deixou com a promessa de que cuidaria da minha garota, e me daria notícias assim que pudesse. Minha cabeça afundou nas minhas mãos apoiadas nos joelhos, foi só então que percebi o quanto eu tremia, o quanto o medo e tomava conta de mim. O trauma e o temor controlando os meus pensamentos e as minhas emoções, trazendo a tona lembranças das noites que eu passei nesse mesmo hospital, nesse mesmo lugar esperando qualquer notícia sobre Emerie, sempre o mesmo medo quando um médico se aproximava para dizer alguma coisa. Eu não conseguia evitar a sensação fria de que algo estava errado, alguma coisa estava acontecendo e eu não sabia o quê.
Minha cabeça ainda estava escondida nas mãos quando a enfermeira voltou, quarenta e cinco minutos exatos Mary apareceu com aquela aura de arrogância e doçura, levantei rapidamente dando-se conta de que ela estava na minha frente.
- Ela está bem? - Perguntei, com a voz estranhamente afetada.
- Sim. - Ela evitou me olhar, pedindo para que eu voltasse a sentar. - Gael... Emerie está bem, mas está desacordada. Os pulsos cardíacos foram estabilizados e a convulsão parou, mas ela não acordou.
- Não. Não. Não. - A negação fugiu da minha boca numa repetição. Mary pegou as minhas mãos geladas e tremendo.
- Gael, escute. - Chamou, apertando os meus dedos. - Phillip está cuidando dela, Emerie logo vai acordar. Ela está em estado de choque é normal que isso aconteça.
- Não. Eu não quero ele cuidando dela, é culpa desse médico de merda que isso aconteceu. Se a minha mulher está assim é por conta de um profissional inconsequente. - Os olhos dela se encheram de um sentimento desconhecido quando pronunciei "minha mulher" mas tão rápido quanto apareceu, sumiu.
- Não fale assim Gael, Phillip não imaginou que isso pudesse acontecer. Acha que ele pensou em machucá-la desse modo de propósito?
- Eu não sei o que ele pensou e não me importo. Mary, eu não o quero cuidando dela, não tem outras pessoas que podem fazer isso?
- Você não decide isso, até onde eu saiba vocês não são casados e você não é nenhum familiar dela, então lamento informar mas essa escolha não é sua.
- Ao inferno com isso. Emerie é minha m-
- Sua o quê? - Perguntou a voz masculina atrás de nós. Virei ligeiramente para encontrar o doutor nos analisando. - Mary, não dê informações para ninguém além dos familiares dela, é contra as regras do hospital, além de ser antiético.
- Antiético? - Dei um riso irônico, enrijecendo o corpo e seguindo na direção dele. - Antiético é dar em cima de um paciente vulnerável e em estado de recuperação. Antiético é ser um profissional que não consegue manter o profissionalismo. Não me venha com esse papo de antiético, sem contar que tenho certeza de que ter uma relação além do ideal com os paciente desse hospital também vai contra as regras.
- Não sei do que você está falando. - Resondeu ele, da maneira mais passiva e falsa possível. - De qualquer modo, nunca fiz nada que ela não quisesse.
Três coisas aconteceram nesse momento, tão rápidas que ninguém pode evitar, nem mesmo a enfermeira que mantinha-se ereta e calada na nossa discussão. Primeiro, após uma risada amarga e irônica dei um soco na cara do médico, o qual eu não me arrependao de ter feito. Segundo, ele recuou pra trás segurando o queixo limpando a boca com sangue. Terceiro, fui expulso do hospital.
Dois seguranças foram chamados por outros funcionários que presenciaram a cena. Os homens grandes e largos me levaram até a porta impedindo a minha entrada e facilitando a minha saída. Mary não disse nada além de dar um suspiro desapontado e inconformado, a enfermeira ajudou o doutor a se limpar. Meus dedos doíam, nunca bati em alguém a consequência disso foi a dor nas ligações da minha mão, flexionei os dedos apenas para tee certeza de que não tinha quebrado nada.
Tudo bem, agi como um babaca mas não é como se o cara fosse um santo, a forma como ele falou dela, como se referiu ao modo de tratamento com ela ultrapassou os limites da minha paciência. A satisfação de dizer que Emerie nunca negou ou o contradisse me deu nojo e raiva, ainda mais da qual eu já estava. Eu sei que ela tinha o travesso de distorcer as coisas, mas tenho certeza que nunca deu brecha pra ele ousar agir de outra forma se não apenas um médico fazendo o seu trabalho. Contudo, isso não me importava, minha mente estava focada apenas em saber como ela estava, agora comigo expulso so hospital não podia fazer nada a não ser esperar por uma alma que pudesse me trazer notícias. E como se soubesse que eu pensava isso, Ayla apareceu.
- Gael? - Ela se aproximou franzido a testa. - O que você que está fazendo aqui?
- Graças a Deus. - Murmurei, com o alívio me preenchendo. - Ayla é uma longa história e não to a fim de te contar. Só preciso que você vá até lá e pergunte como Emerie está, só isso. Entendeu?
Ayla comprimiu os lábios, me olhando com desconfiança. Era só o que me faltava. A garota concordou meio incerta e entrou prometendo relatar o estado da Emerie. Agora só me restava esperar.
Uma hora mais tarde, eu estava sentado no mesmo lugar em frente a fachada do hospital. Minha mãos não tremiam mais, as marcas roxas avermelhadas marcavam uma das minhas mãos, ela ainda doía não tanto quanto antes. Ayla saiu me procurando, assim que me achou seguiu na minha direção, ela estava estranhamente calada sem nenhuma expressão.
- Gael, a Emerie está bem. Ela já acordou. - Comentou, ignorando o meu agradecimento. Ayla mordeu o lábio me analisando, ela respirou fundo antes de continuar. - Mas ela não quer ver você.
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Angel In My Life
Romance(Concluído/Completo) A maior tensão sexual entre um anjo da guarda e uma humana que você irá encontrar... Emerie e Gael, uma humana e um anjo. Dois mundos completamente diferentes... o que eles têm em comum? A resposta é: os mesmos desejos devassos...