Gael
- Planeja beber até morrer ou até esquecer o próprio nome? - Perguntei. Ela reconheceu minha voz no mesmo instante.
- Ora ora, bem que dizem que quem é vivo de fato sempre aparece. - Outra vez ela engoliu a bebida e ao terminar sorriu preguiçosamente. - Onde você estava anjinho?
- Antes de tudo você não quer me dar essa garrafa?
- E eu pensando que você era um completo perfeitinho que não comete erro algum. - Peguei a garrafa de suas mãos antes dela se quer perceber minha atitude e aproximação repentina.
- Para começo de conversa não vou beber. Segundo, você precisa de um banho.
- Você vai entrar? - O brilho em seus olhos refletia a malícia em sua pergunta. - Foi em um banho que nos conhecemos, não? Ou melhor, que eu conheci você.
- De fato, mas pelo o que me lembro você não estava bêbada e muito menos vestida.
- Gael, Gael você tem uma ótima memória. - Seu sorriso se alargou acompanhando meus movimentos ágeis limpando e guardando as coisas na pequena bancada. - Você não respondeu a minha pergunta.
- Qual delas?
- A qual se referia a você entrar no chuveiro comigo.
- Obviamente que não.
Emerie soltou uma de suas risadas que em outros momentos aqueciam meu peito. Sua mão bateu num copo de vidro fazendo com que o objeto escorregasse e fosse direto contra o chão.
Seus olhos se arregalaram, suas mãos foram para sua boca quando ela abafou o som surpreso.
- Ah.
O pequeno copo se espatifou se tornando pequenos pedaços de vidro espalhados aleatoriamente.
Talvez o instinto de querer ajudar após ter feito merda, tenha feito Emerie se abaixar e tentar juntar os pedaços.
- Não faça is-
Tarde demais, um dos vidros cortou seus dedos. Além de cuidar de uma garota bêbada, agora tenho que cuidar de uma garota bêbada com a mão ensanguentada. Enquanto a garota em questão sorri da situação.
- Pelos céus Emerie, você não me escuta nunca?
- Só quando convém e geralmente você não está dando chilique de anjinho super protetor.
- Anjinho super protetor? - Perguntei, mas distraído demais analisando seus dedos machucados.
- Meu Deus Gael, são apenas cortes, não é como se fosse a primeira vez que isso acontece.
- A questão é que você nunca me teve por perto para cuidar de você. - Segurei mais firme seu pulso quando ela tentou puxá-lo.
- Você não estava aqui ontem nem durante o dia de hoje, aliás por dezessete anos você não esteve. - Murmurou antes de comprimir os lábios.
- Só porque você não me vê não quer dizer que eu não esteja com você. E estou aqui agora, isso é o que vale. - Terminei a fiscalização em sua mão, senti seu olhar em mim durante aqueles míseros segundos. - Vamos ao banheiro.
{...}
Emerie estava sentada em cima da privada de pernas abertas, comigo entre elas - limpando os ferimentos de seus dedos com uma toalha úmida.
- Gael?
- Sim?
- Posso te fazer uma pergunta? - Ergui meus olhos e encontrei os seus tão escuros quanto o céu da noite.
- Se ela não for maliciosa ou alguma pergunta a qual estou impossibilitado de responder, pode.
- Engraçadinho, mas é sério Gael, quero saber de uma coisa.
- Diga Emerie.
Soltei sua mão focando em seus lábios, não por desejo mas por curiosidade em saber sobre o quê eles iriam dizer.
- Você realmente me salvou? Digo, realmente tentou me impedir de tirar minha própria vida?
- Sim. Todas as vezes. Em cada aniversário da morte de sua mãe eu sempre estive com você.
- Por quê?
Respirei fundo me preparando para responder, de alguma forma sabia que uma hora ou outra essa pergunta viria.
- Porquê por mais que você não enxergue Emerie e por mais que esse mundo não a mereça, sua mãe sempre desejou que você vivesse, que crescesse e se tornasse quem você quisesse, que você viajasse e conhecesse o mundo e suas maravilhas e acima de tudo que você encontrasse o amor.
As gotinhas salgadas escorregam pela sua face rosada.
- Ela sabia que quem você escolhesse seria uma pessoa afortunada por poder ter seu coração e vice versa.
- Você a conheceu? - Sua voz saiu embargada pelo nó que tenho certeza estar em sua garganta.
- Sim. Falei com ela apenas uma vez, mas foi o foi suficiente para saber o quão extraordinára ela era.
As palavras morreram em seus lábios - que permaneceram fechados deixando apenas as lágrimas dizerem o que sentia.
A carreguei até a cama. Ela já havia terminado o banho, vestia uma camisola de seda rosa. Seu rosto tinha um leve tom avermelhado, suas pálpebras já estavam pesadas.
Emerie deitou contra a maciez do colchão e dos travesseiros, se perdendo em meio a enorme colcha branca.
- Você vai ficar Gael?
- Receio que não Emerie, embora não fisicamente.
- Você sabe que eu não posso te pedir desculpas por agir de forma natural, não é?
- Eu sei, por isso não cobrei.
- De qualquer forma saiba que você não é capaz de se enojar de mim tanto quanto eu.
- Não me enojo de você, pelo contrário. E você também não deveria faze-lo.
- Talvez. - Seus lábios formaram um sorriso discreto. - Você vai ficar?
- Já disse que não.
- Não estou me referindo à agora Gael. Quero dizer para sempre, se ele existir.
O sono profundo se apossou dela antes de eu pronunciar uma resposta coerente. Creio que assim como eu, Emerie já tinha noção do que eu iria responder, sabia o que eu não precisava dizer. Ela sempre fora uma garota esperta, não precisava de palavras específicas para tornar as coisas mais claras, pegava as coisas no ar.
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Angel In My Life
Romance(Concluído/Completo) A maior tensão sexual entre um anjo da guarda e uma humana que você irá encontrar... Emerie e Gael, uma humana e um anjo. Dois mundos completamente diferentes... o que eles têm em comum? A resposta é: os mesmos desejos devassos...