2.12 |Gael

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Gael

- Não. - A resposta veio de súbito. Emerie me encarou inexpressiva. Meus braços cedeream e logo ela se soltou, afastando-se de mim. - Eu não amo você Gael.

Ela sentou na cama o tempo todo olhando nos meus olhos, ciente de cada movimento, cada respiração que eu fazia. Franzi o cenho absorvendo sua repetina e ligeira mudança de humor e o semblante sereno que sua face admtiu.

- Gael, ouça. - Emerie bateu na cama levemente num convite para sentar do lado dela. Hesitei em aceitar, mas como ela disse; a quem eu estava tentando enganar? meu corpo estava ansiando por uma mísera esmola do toque do seu corpo no meu. Era inevitável.

Sentei cuidadosamente mantendo aquela distância curta que nos separava, mas não evitava o arrepio dos meus pelos conforme ela se mexia deixando um rastro suave do ar ao seu redor. Olhei para os meus pés um sobre o outro, os dedos das minhas mãos batendo na minha perna o único vestígio do nervosismo que permiti transparecer. Ela pegou a minha mão.

- Eu preciso te fazer um pedido. - Declarou baixinho, seus dedos apertaram os meus. Meus olhos encontraram os dela e naquele instante eu sabia que ela estava mentindo quanto a dizer que não me amava. Eu podia ver isso naquele ohar doce e cheio de amor guardado no fundo, o único momento que ela me mostrou, sem saber, firmou algo que já desconfiava.

- Pode fazer. - Respondi, confuso e curioso. À poucos minutos atrás nós estávamos numa pequena e desnecessária discussão. Meu Deus, eu me declarei pra ela e como resposta levei um belo e direto não.

- Gael. Eu não quero que você volte a me ver. - Não foi um pedido. Dei um sobressalto indignado. Ela me interrompeu antes de eu negar rapidamente. - Você, ao que parece, tem coisas para resolver e eu não quero atrapalhar isso. Não quero que você pense em mim ao tomar suas decisões, isso significa que você vai ter que se afastar.

- Não vejo como isso pode resolver as coisas. - Respondi irritado. - Nunca te considerei enquanto fazia as minhas escolhas. Você nunca influenciou as minha decisões Emerie, não me peça isso.

- Você não veio ontem à noite e-

- Já me desculpei por isso. - Proferi de travessão.

- Eu sei e aceitei suas desculpas sem fazer nenhuma pergunta. Sabe por quê? - Neguei. - Porquê sua vida não é da minha conta tal como a minha não é da sua, ou seja, não podemos continuar nessa infantilidade Gael, não quero continuar tendo você apenas no fim do dia, ou quando você tem uma folga. Não quero que você venha me ver por um tipo de pena ou algum peso na consciência.

- Você sabe que isso não passa de uma mentira. Sério Emerie? Você pensa que eu sou quem? Um babaca aproveitador do seu estado vulnerável?

Ela suspirou fundo. Desviando mais uma vez do meu toque. Isso me afetou mais do que deveria.

- Esse é o problema Gael. Eu não sei quem você é e você não sabe quem sou. Não sabemos absolutamente nada um do outro. - Aqueles olhos intensos encontraram os meus, penetrante sustentei seu olhar, porque nada mais chamava tanto a minha atenção naquele quarto do que, justamente, ela. - Se você diz ter esse sentimento por mim, então espero que entenda os meu motivos pra pedir que você se afaste.

Respirei fundo. Eu não podia contraria-la por puro egoísmo ou orgulho. Ela estava mais do que certa em pedir isso. Impor esse limite. Querendo ou não ainda havia um noivado para ser encerrado por completo, mas eu não faria isso como um adolescente sem um motivo convincente. Rachel merecia mais do que alguém que não a queria e não tinha sentimentos suficientes para casar com ela, além de ser imaturidade e falta de responsabilidade minha com ela. Mesmo com todos os defeitos, não sou hipócrita para não reconhecer que um dia já a amei e sabia que agora ela merecia mais do que o meu desdém.

- Você tem certeza disso Emerie? - Perguntei após alguns minutos em silêncio perdido nos meus próprios pensamentos. Ela me olhou, a incerteza brilhando nos olhos mas sua boca declarou o contrário.

- Tenho Gael. - Respondeu baixino. Seus lábios abriram um sorriso discreto. - Isso é o melhor para nós dois, por enquanto.

Confirmei com a cabeça. Dessa vez ela não recuou quando minha mão encostou na sua entrelaçando nossos dedos. Só esse mínimo gesto ocasionou em ondas de êxtase pelo meu corpo.

- Eu vou fazer o que você pede Emerie, sem nenhum objeção, até porque creio não estar em posição de exigir ou contrariar nada. - Ela riu, automaticamente eu ri. - Mas quando isso acabar, quando você se recuperar e estar cem por cento disposta, não vou hesitar em procurar você. Não vejo como nosso inesquecível encontro numa rodovia chuvosa durante uma noite fria seja apenas um acaso, se você parar pra pensar bem da até para escrever um livro.

- Você é meio doido, mas de um jeito bom. Eu gosto disso. - Ela apertou meus dedos. Seu sorriso morreu dando lugar a uma expressão triste, ao mesmo tempo esperançosa. - Estarei te esperando Gael.

Acho que pela primera vez em anos eu estava ansioso para o que o próximos dias trariam, ou o que os fios do destinos guardavam não só para o meu, mas para o nosso futuro. Uma pequena chama queimou no meu peito, um indício do sentimento que eu sabia que não ia me abandonar nunca mais. E isso era estranhamente satisfatório.

Pouco tempo depois fui embora, não que eu quisesse deixá-la naquele momento, mas um médico com intenções discutíveis, atrapalhou nossa despedida. Não foi triste, na verdade acho que ela estava certa. Nós dois precisávamos nos manter afastados para colocar a cabeça no lugar e pensar com clareza e objetividade. Vamos ser sinceros, meu cérebro parava de funcionar quando Emerie estava presente, como se de algum modo meus neurônios fossem afetados pela sua existência. Eu me tornava o Gael de dezesseis anos, idiota, tímido e que só abria a boca pra falar besteira. Nada do Gael adulto e responsável, formado que usava palavras extremamente formais durante o trabalho. Eu me sentia um bebezão diante de uma mulher incrível, um sonhador com apenas um sonho em mente.

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