1.36 |Emerie

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Sabe aquele momento em que sua cabeça parece girar. Todos os pontos se ligando um no outro dando sentindo para coisas antes confusas. Você se espanta mas não se surpreende, é como se sempre estivesse de baixo do seu nariz mas você estava cega o suficiente para não ver ou se importar. As palavras morreram na minha boca. Eu não sabia o que dizer. Eu não tinha o que dizer. Tentando apenas absorver as palavras.

Eu amava você Emerie. Eu amo você.
A frase se repetia nos meus pensamentos, embaralhando ainda mais minha mente. Fechei meus olhos contendo olhar seu rosto. Sua testa franzida, seus olhos marejados esperando uma resposta.

- Diga alguma coisa Emerie. - Sibilou. Eu estava incapaz de olhar para ela. Não por nojo, nunca. Apenas porque durante todo esse tempo eu era ignorante sobre isso, sobre seus sentimentos. E a culpa era toda minha.

- O que quer que eu diga Ayla? - Sorri amargamente. - Sinceramente acho que você não ia querer escutar o que estou pensando.

- Você está com nojo de mim? Está enojada disso? - Senti a dor em suas palavras. Não podia culpá-la.

- Não é claro que não. Só estou... confusa. Eu não sei. Não esperava por isso.

- Eu sei. Não pretendia te assustar. - Admitiu. - É só que... sabe como é difícil ter medo de perder alguém que você ama, medo de fazer uma simples burrada e nunca mais poder estar com essa pessoa. Você pisa em ovos todos os dias mas mesmo assim você sente que não é o suficiente e que a qualquer momente ela vai te deixar.

Suspirei, reconhecendo muito bem aquele sentimento. Aquele temor.

- Acredite Ayla, eu sei. - Ela se aproximou lentamente na minha direção.

- Então você entende porque eu estou te dizendo isso. - Sua mão acaricou minha bochecha. - Por favor Emerie, não me deixe. Eu sei que nós estamos afastadas uma da outra, sei que fiz merda. Muita merda, mas eu amo você.

Eu não tinha o que responder. Meu coração estava batendo forte, minha pele ruborizando, mas eu não senti nada. Nada quando sua face se aproximou da minha de forma lenta. Nada quando suas mãos se apoiaram no meu rosto. Nada quando seus lábios roçaram os meus.

- Não Ayla.- Me afastei antes de dar continuidade naquilo. Era injusto. - E-Eu não posso.

- Por quê?

- Eu já tenho uma pessoa, não quero magoá-la.

- Se você estiver se referindo ao Logan, eu não preciso dizer nada no que isso vai dar. É óbvio que ele não quer nada sério com você Emerie.

- E como você pode saber disso? - Perguntei irritada. - De qualquer modo não é sobre ele que estou falando.

- Então sobre quem? - Ela cruzou os braços, desacreditado.

- Ayla, nada mudou entre nós duas. Ainda estou irritada com você e agora, principalmente agora, estou muito confusa.

- Pensei que você já tivesse me desculpado Emerie.

- Não ouvi um pedido de desculpas. - Respirei fundo dando passos para trás. - Eu preciso de tempo.

- Tempo? Por quê?

- Porquê não quero magoar você, e não quero magoar ele. Não pretendo continuar te confundindo.

- Emer-

- Eu tenho que ir Ayla.

Ela não me impediu de sair. Em um curto período de tempo minha vida literalmente deu uma grande reviravolta. Agora eu entendo certas atitudes dela. Todo esse tempo Ayla ficou ao meu lado, mesmo com seus defeitos e os meus permanencemos juntas. Ela tinha razão quado disse que foi a única a ficar, a me apoiar quando eu precisei, mas não era somente pelo fato de ser minha amiga. Ela estava apaixonada por mim. E eu estava apaixonada por ele. Meu anjinho.

Ele apareceu no instante em que entrei no banheiro. Levei um susto ao ver seu reflexo angelical através do espelho. Aquele sorriso travesso mostrando as covinhas lindas das suas bochechas. E virei correndo para os seus braços convidativos.

- Eu posso dizer que isso foi chocante? - Murmurou sobre os meus cabelos. Sorri.

- Eu não sei o que fazer. - Minha voz foi abafada pelo tecido da sua camisa. - Não quero que ela crie expectativas, não quero que ela alimente esperanças Gael. Mas também não quero afastá-la.

- Quer que eu seja sincero Emerie? - Assenti abraçada a ele. - Eu sei o que ela está sentindo, Ayla olha para você do mesmo modo que sempre te olhei não sei como não percebemos. - Respirei fundo refletindo. - Você precisa se decidir, leve o tempo que precisar mas seja sincera com ela e com você mesma. Seja óbvia quanto aos seus sentimentos.

Levantei minha cabeça encontrando seus olhos hesitantes, procurando uma resposta na minha expressão. Tão típico do meu anjo me conhecer apenas pelo meu semblante.

- Eu sei o que eu quero Gael. E não é ela nem o Logan. -Ele apertou os lábios num sorriso tímido, suas bochechas corando. - Eu quero você anjinho. Hoje, amanhã e todo o tempo que pudermos, eu vou querer você.

Nosso beijo foi interrompido por uma garota parada nos encarando com uma careta. Nos separamos rapidamente.

- Desculpa. - O anjo parecia um tomate de tão vermelho. Acabei rindo.

- Não foi nada. - Respondeu. - Só é meio bizarro encontrar um casal se pegando no banheiro feminino. Ouvi vocês conversando, quando o som das falas parou pensei que vocês tinham saído, não queria atrapalhar o momento mas acontece que não deu muito certo.

- Bom, acho que deveríamos ser mais discretos. - Comentei. - Nos desculpe de novo.

Ela ignorou fazendo um gesto com a mão.

- Como eu disse, tudo bem. Pelo menos vocês não estavam num momento, vamos dizer, mais íntimo. Pelo breve momento que eu vi sua boca estava na boca dele. Graças a Deus por isso, seria muito constrangedor se você estivesse chupando ele.

Gael se afogou com a própria saliva, evitando contato visual com a garota. Pobre anjo, afetado tão facilmente.

- Só uma dica, caso vocês queiram se pegar escondido ou você sabe... - Ela apontou de maneira discreta para o meio das pernas dele. - Eu diria, por experiência própria, que o melhor lugar é na sala so zelador. Uma vassoura trancando na porta e pronto, divirtam-se.

Me aproximei dele, escorado na parede.

- Obrigada pela dica. Anotado. - Dei uma piscadela para ela que apenas sorriu e saiu.

Seus ombros cederam quando passei meu braço envolta da sua cintura.

- O que foi isso anjinho? - Perguntei rindo.

- Não faço a menor ideia Emerie. - Ele me apertou contra seu corpo. - Devo dizer que gostei da dica. Quem sabe na próxima?

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