2.19 |Gael

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Gael

Não era o que eu esperava, mas quem posso culpar? Obviamente ela também não esperava que eu viesse. Emerie estava junto de outra pessoa, e pelo modo o qual estávamos próximos eram íntimos, isso não deveria ne preocupar tanto quanto estava. Ela se afastou dele, não tão rapidamente pra não ser estranho, seguiu na minha direção meio lenta, o rapaz com quem estava me olhava tentando decifrar quem eu era, tornei meu olhos pra quem realmente importava. Emerie abriu um sorriso doce e feliz ao chegar mais perto e perguntou o que eu estava fazendo ali. Fui vago e objetivo na resposta.

— Vim ver você. — Respondi baixo, isso não importava para o restante da platéia. Pareceu ser o suficiente pra ela, até dirigir-se de volta para o seu acompanhante.

Apresentamo-nos de forma educada, embora nossas mãos fossem firmes ao tocar uma na outra no cumprimento. Ninguém percebeu, além de nós dois.

Ok, evidentemente eu não apareci lá do nada. No dia da visita no hotel da Rachel, Ayla me ligou avisando da alta da Emerie e pediu pra mim comparecer na casa dela porque era lá que a Eme ia ficar, e como amiga dela, Ayla pretendia uma pequena e casual comemoração entre amigos então me passou o endereço do seu edifício, a data e a hora de quando tudo ia acontecer. Basicamente foi isso, e cá estamos nós.

Após alguns minutos naquela situação um pouco desagradável, a anfitriã deu a idéia de tormamos vinho, sendo assim pediu para que Emerie buscasse. Ela me levou junto segurando a minha mão, a qual não tinha soltado desde a hora que cheguei. Seria medo de eu ir embora? Talvez.

Indaguei educadamente a pergunta que não tinha saído da minha cabeça no momento em que a vi nos braços de outro, ela pareceu divertir-se da situação e explicou a minha dúvida. Porém, foi ela quem ficou curiosa depois disso, respondi da melhor maneira possível, sem espaço para dúvidas e confusão entre nós dois. Um beijo, um leve roçar dos nossos lábios sobre o outro. Uma provocação suave e desejosa, inebriada com isso Emerie me pegou de surpresa e me beijou de verdade. Meus pensamentos morreram, não que houvessem muitos.

Nosso momento foi interrompido por sua amiga que entrou de penetra na cozinha e ficou levemente boquiaberta ao nos ver naquele pegação como dois adolescentes com hormônioa à flor da pele. Emerie permaneceu nos meus braços, mesmo diante daqueles olhos maliciosos e acusatórios em nossa direção. Meus braços ainda envolviam seu corpo quente, não vou mentir, foi satisfatório saber que Matheo presenciava aquilo — Emerie agarrada ao meu corpo, me usando como apoio para se manter intacta em cima da bancada bagunçada. Ayla intercalou seus olhos para nós dois e após uma risada estranha nos deixou, o tal amigo da Emerie fez o mesmo sem nenhuma expressão evidente no seu rosto.

— Acho que começamos bem. — A voz sussurrada dela soou bem pertinho do meu ouvido causando ondas de calor no meu organismo. Era fácil ficar embriagado por ela.

Sua boca captou a minha sem delicadeza alguma, empurrando-me para trás cuidadosamente para ficar totalmente em pé, segurei firme sua cintura enquanto ela colocava seus pés no chão. Ela se afastou ajeitando os fios loiros que estavam como uma franja na minha testa.

— Você precisa cortar o cabelo, Gael. — Resmungou, torcendo o nariz. — Esse fios rebeldes cobrem seus lindos olhinhos azuis.

Roubei outro beijo rápido antes de dizer:

— E você precisa usar sua boca para outra coisa além de insultar o meu cabelo.

Emerie soltou uma risada, dividimos o serviço de levar as taças e o vinho para a sala. Ayla estava sorridente abordando algum assunto com Matheo, que não parceia muito satisfeito mas se limitou a dizer algo desagradável. Ele nos olhou e sorriu para a minha garota, engoli o sentimento suave que ameaçou tranparecer. Não queria que ela me achasse um ciumento descontrolado, obssecado por quem a rodeava, mesmo que fossem abutres mais que prontos por tirá-la de mim.

Ayla parecia sentir o clima desconfortável, ela chamou a atenção da amiga numa conversa que não me interessava muito, o rapaz olhou pra mim e iniciou um diálogo calmo.

— Vocês se conhecem há muito tempo? — Perguntou, estranhamente curioso.

Sentei mais ereto, mordendo a língua para não ser grosso. Pelo amor de Deus Gael, é só uma conversa.

— Não muito. — Respondi com tranquilidade. Acenei em sua direção com a cabeça. — E você?

Ele deu de ombros fazendo uma careta.

— Alguns anos. — Theo apontou o dedo pra ela em seguida para si próprio. — Nós éramos vizinhos, por um tempo namoradinhos de infância. Nada de tão absurdo.

Que conveniente ele voltar justamente quando ela sai do hospital. Era provável que ele só queria ter notícias dela e nada mais, contudo um alarme alertava minha mente de que não era só isso, a não ser que ele estivesse sendo totalmente sincero, então ele só poderia ser um excelente ator. O namoradinho de infância que volta para retomar o que deixou para trás, separados por suas famílias ele luta por seu amor perdido no tempo. Clássico.
Mesma história, mesmo desfecho.

— O que vocês acham — Ayla interrompeu meus pensamentos, ela tinha o estranho hábito de fazer isso. — Da gente ir tomar alguns goles naquele bar que abriu recentemente no centro da cidade.

— Hoje é terça-feira, Ayla. — Emerie respondeu, descansado a cabeça no meu ombro. A mão dela ficou sobre a minha perna, não fui o único a notar isso. — Eu tenho certeza que vocês têm que trabalhar amanhã.

— Ah qual é, meu chefe literalmente é meu pai, ele vai entender. Theo chegou esses dias, então deve estar desempregado. — Ela olhou pra mim. — E você, Gael?

Fiquei sem saber o que responder, três pares de olhos me encaravam a espera da resposta. Por conta de um patrão muito rigoroso e uma carga horária extensa eu não poderia participar, mesmo se eu quisesse.

— Pela sua cara presumo que não. — Disse Matheo, sentado do outro lado num sofá. Ele levantou, oferecendo a mão pra Emerie. — Então, seremos apenas nós.

Peguei a mão dela abruptamente. Ela se voltou pra mim aturdida.

— Quem disse que não vou? — Sorri para os três, Emerie apertou a minha mão, ela sorria quando olhei seu rosto. — É melhor esse bar valer a pena.

Ayla bateu palminhas histéricas puxando a amiga para o quarto a fim de se arrumar e pegar algumas coisas, que segundo elas, eram necessárias em uma bolsa feminina. Matheo ficou em pé do meu lado, eu era um pouco mais alto do que ele, apesar dele ter uma musculatura melhor ao seu favor.

— Você venceu, Gael. — Comentou num cochicho. — Dessa vez.

O amigo de infância das meninas, saiu ao dizer isso. Eu estava certo quanto ao que pensar sobre ele, visivelmente eu seria o único ao desconfiar daquele teatro que ele fazia, muito bem devo dizer. As garotas voltaram poucos minutos depois, Emerie pegou a minha mão, seguindo seus amigos.

— Vamos? — Confirmei, acenando com a cabeça e apertando sua mão.

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