Epílogo 1

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Às vezes ele aparecia em seus sonhos, a mera imagem de um anjo que um dia a salvou de sua própria dor. A miragem que fez com seu coração se enchesse de amor e cura, o modo que seu corpo encontrou para libertá-la do desespero sem fim. O anjo criado por ela mesma sem saber, inspirado no homem que agora carregava seu amor no peito e a enchia de felicidade e paixão. Em noites silenciosas, no escuro do quarto, deitada ao lado de seu amado ela sonhava com seu anjinho que não era nada além da constante lembrança de que ela era amada e feliz como outrora nunca foi. Emerie sabia que sua trajetória foi de superação, a garota sem nome não mais uma desconhecida cheia tristeza, tal como o homem que dirigia o carro na noite de seu grande terror, não era mais apenas seu salvador, ele é seu grande amor o qual ela esperou a vida inteira para encontrar. Juntos Emerie e Gael se completam como duas peças de quebra-cabeças perfeitamente encaixadas para nunca mais se perderem. Duas almas machucadas que encontraram uma na outra sua cura.

Emerie acordava todos os dias com o alvorecer lembrando a si mesma que não vivia um sonho, mas sim sua vida real a qual ela jamais imaginou vivenciar quando menina. Gael abraçava sua mulher em todo pôr do sol garantido que a mãe dos seus filhos nunca mais tivesse um motivo para deixar de viver.

Sentado na cadeira de balanço no quintal, Gael observava suas filhas Ella e a pequena Jade correrem pela grama verde e fresca da primavera, sentia um aperto prazeroso no peito com o som dos risos e os pés descalços pisando no chão, ele fitou concentrado a chuva rala cair sobre suas meninas para o divertimento das duas, embora soubesse que mais tarde sua amada fosse repreendê-lo por deixar as garotas na chuva mas Gael também sabia que se ele a beijasse como ela gostava ela iria derreter em seus braços e esquecer o que ele fez, mesmo que depois ela o fizesse prometer que aquilo jamais iria acontecer, o fato é que ele sempre prometia depois de fazê-la se desmanchar sob ou sobre ele, como ela preferisse.

Mais tarde naquela tarde primaveril, Emerie colocava suas filhas na cama deixando um beijo sobre suas cabeças, na vez de sua Jade ela recordou da amiga que representava diversão e alegria em sua vida mesmo em um momento crucial para ambas, Emerie lembrou das coversas e piadas maliciosas da garota que a faziam rir, as noites em que Jade a visitava em seu quarto com fofocas que corriam pelos corredores e também recordou a última vez em que a vira, sorrindo para si mesma Emerie deixou suas garotas com a boa lembrança da amiga jamais esquecida.

Emerie sabia que a noite em que decidiu acabar com tudo mudaria toda a sua vida, ela só não esperava que vivesse para ver isso acontecer. A Emerie criança rejeitada pelo pai logo após perder a mãe nunca imaginou viver algo tão belo em sua vida, coisas que ela poderia encontrar somente em livros e filmes mas não em sua própria história. Contudo, Emerie estava ciente que realizara o único e último pedido de sua mãe antes de morrer. Viver. Porque Emerie vivia todos os dias a realização da sua superação.

Gael não estava certo do que ou quem havia o colocado naquela rodovia, porém ele era grato todos os dias por estar lá e ser a última esperança da sua Emerie e ele demonstrava isso todos os dias de suas vidas, pois não aceitava viver em um mundo sem a existência dela.

A história do dois era contada para as duas meninas fruto desse amor, as garotas sabiam que nem tudo na vida do seus pais fora apenas paixão e alegria, contudo ambas sabiam que depois de toda dor que eles passaram, até mesmo antes de se conhecerem, tinha sido apenas parte do plano de quem cuidava dos acontecimentos na terra, seja lá o universo ou o deus em que acreditassem, porque não havia razão para se duvidar de que Emerie e Gael foram feitos um para o outro.

Dizem que depois de toda tempestade vem a calmaria, Emerie e Gael são a prova disso.

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