Gael
Faz cinco minutos que ela está rindo, o pior: rindo de mim.
Quando Emerie diminui o riso tento dizer algo, mas é só olhar para minha cara que ela cai no riso novamente.- Emer-
- Espera! - Diz em meio ao riso. - Eu vou parar. Só me dê alguns minutos.
Pronto, outro riso.
Geralmente quando ela ri eu dou risada junto, porque na maioria das vezes sua gargalhada é contagiante. Não nesse caso.
Respiro fundo paciente, dando a ela o tempo necessário. Pelo visto minha explicação vai levar mais tempo do que planejei.
E logo sua risada vira tosse, ela se afoga por conta do pedaço de pizza que estava mastigando.
Emerie continua a tossir compulsivamente. Até se levantar e ir em direção ao banheiro. Ouço suas tossidas diminuírem ao mesmo tempo em que as gotas da torneira caiem na pia.
- Quer uma água? - Sugiro já me levantado para ir até a cozinha.
- Não precisa, já estou melhor.
Então ela volta com o rosto ainda corado pelas tosses, tenho certeza de que está segurando o riso.
- Aonde estávamos? - Emerie senta na minha frente comendo o que restou de seu pedaço de pizza.
Respondo meio hesitante:
- An... e-eu estava dizendo que sou seu anjo.
Minha protegida deixa escapar um suspiro como quem se controla para não rir.
- Ah, sim. Anjo.
- Como eu estava dizend-
- Pera - Emerie interrompe. - Isso é sério?
- Não. Era só uma pegadinha para ver sua reação. - Respondo irônico. - Na verdade sou um psicopata mesmo que vem te vigiando a dias, quer saber mais alguma coisa?
Seus olhos se arregalam surpresos, mas ela tem o senso de permanecer em silêncio.
- Óbvio que é sério Emerie. - Ela suspira, provalvelmente de alívio. - Para ser mais específico, eu diria que sou seu anjo da guarda.
Noto sua testa franzir confusa. Sua mão para no caminho de levar o pedaço da pizza até a boca.
Como ela não diz nada, artodoada e perplexa demais, continuo:
- Sou responsável por cuidar de você, consequentemente sei tudo sobre você desde o dia em que você nasceu. - A olho esperando o som de sua voz como resposta ou apenas uma expressão facial que indique o que ela acha disso. - Não sei o que veio antes, a única que sei é a sua trajetória até aqui. Vi seus altos e baixos. A primeira vez que você andou e falou. Acompanhei toda a sua vida.
- C-como?
- A única explicação é simples; sou seu anjo Emerie, queira você ou não. - Desvio o olhar do seu, que me encara intensamente deixando o clima desconfortável. - Mais alguma dúvida?
- Cadê suas asas?
O quê?
- O quê? - Indago surpreso. - Não quer saber o que eu sei sobre você?
Ela nega com a cabeça completando:
- Pelo o que eu entendi você já sabe tudo, o que ainda não sei é se devo acreditar ou não, mas é melhor do que pensar que estou falando com um psicopata.
- Você ainda acha que eu quero machucar você?
- Isso não vem ao caso. Voltando ao assunto; onde estão suas asas?
- É uma longa história e na-
- A não ser que você tenha algum compromisso sendo anjo, temos tempo para você deixar as coisas mais claras. É isso que você vem pedindo a noite toda, não?
- Sim, ma-
- Assunto encerrado. - Ela diz satisfeita, finalmente comendo o pedaço que estava "congelado" em sua mão.
- Vou responder todas as suas perguntas, - Emerie abre um sorriso vencedor, respiro fundo derrotado. - Se você parar com essa mania.
- Qual delas?
- Talvez a de me interromper a cada frase.
Emerie parece pensar para enfim responder:
-Certo, então você tem que parar também.
- Parar?...
- De me olhar assim. - Não tenho certeza do que ela quer dizer. - Seus olhos te entregam Gael.
- Do que você está falando?
Ela pega outro pedaço, havia esquecido de que ela tem um buraco negro no lugar do estômago.
- Ora meu caro anjo, seus olhos me dizem que você está caidinho por mim.
A analiso incrédulo, enquanto ela ri da minha expressão indignada.
- Não estou mentindo, até porque mentir é pecado, não?
- Si-
- Então, eu não minto.
- Se você me interromper mais uma vez, eu vou... vou..
- Vai?
Pensa Gael. Pensa homem, ora não é tão difícil pensar numa punição. Não é?
- Vai?
- Não sei! - Emerie volta a rir. Tenho a impressão de que ela dormiu com um palhaço. - Ainda não.
- Deve ser difícil pensar em como me punir já que sua missão, ao que parece, é me proteger.
-Não quer dizer que eu não possa. Afinal, tenho que deixa-la viva, mas isso não significa que eu não possa punir você.
- Você é um anjo Gael. - Responde, como se isso representasse alguma coisa. - Não seria capaz.
- Quer apostar?
- Não sou chegada em apostas. - Sinto seus sentimentos mudarem repentinamente. - Se bem que eu queria saber qual seria seu tipo de punição. Talvez uma punição mental, ou física. - Seu foco volta ao meu rosto junto de um sorrisinho de canto. - Ou quem sabe, uma punição sexual. Não?
Me afogo com a própria saliva num sobressalto. Eu escutei isso mesmo?
- Ah Gael, você um anjo num corpo humano. É normal se sentir tentado.
- Você está ouvindo o quê está dizendo?
- Sim, mas e você?
As batidas aceleradas do meu coração respondem o suficiente, meu rosto que tenho certeza de estar corado, também.
Solto uma tosse forçada já se levantando.
- Tenha uma boa noite Emerie. Amanhã terminamos isso.
- Uau, para um anjo você se deixa levar muito rápido.
- A questão não é essa, e você sabe muito bem.
- Sei? - Emerie tem a ousadia de se fazer ofendida. - Não disse nada demais. Perdoe-me se eu o ofendi.
Não respondo, apenas a observo numa mistura de incredulidade, indignação e desejo. A cada dia essa mulher me surpreende mais.
- Tenha uma boa noite Emerie.
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Angel In My Life
Roman d'amour(Concluído/Completo) A maior tensão sexual entre um anjo da guarda e uma humana que você irá encontrar... Emerie e Gael, uma humana e um anjo. Dois mundos completamente diferentes... o que eles têm em comum? A resposta é: os mesmos desejos devassos...