1.3 |Emerie

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- Eu deixei você por cinco minutos, por cinco minutos! - Ele grita. - E nesse meio tempo você tentou se afogar na banheira?

O quê?

- Quem é você? - Berro perplexa, pondo uma das mãos nos meus seios e a outra na região da virilha, mesmo que a lingerie faça seu trabalho em cobrir as partes essências.

Ele observa minha atitude e parece corar, notando que está muito próximo dá uns passos para trás.

- Quem é você? - Repito, procurando algo no minúsculo banheiro que seja ameaçador. Acabo pegando uma gillete, melhor do que nada.

O garoto que assemelha ser da minha idade, abre um sorriso discreto mostrando as covinhas nas bochechas. Sua mudança de humor repentina me confunde. Meu corpo sinaliza o perigo que ele pode apresentar mesmo que por vias de fato ele não tenha feito nada a não ser me agarrar.

Ele respira fundo, como se estivesse se preparando para um discurso, afastando-se mais. Igualzinho a quando minha mãe se preparava para um longo sermão em repreensão.

A cena deve ser deprimente. Eu enxarcada, de lingerie, parecendo um rato afogado. Ele deve ter chegado na mesma conclusão ao dizer:

- Perdoe minha intromissão Emerie, mas antes de qualquer coisa você não gostaria de se vestir?

- Se você nao sair agora deste apartamento vou ligar para a polícia! - Respondo o mais alto que consigo, apontando o pequeno objeto cortante em minhas mãos para a sua linda face.

- E como você planeja fazer isso? - Pergunta audacioso. - Porque pelo o que posso ver, quem está contra a parede é você, não eu. Literalmente.

- Você é algum tipo de psicopata ou sociopata?

- Ah, longe disso. - Uma de suas mãos vai ao seu peito, como se eu o tivesse ofendido. - Mas, vamos agilizar as coisas como eu disse anteriormente; você não gostaria de se vestir? Para que assim eu possa te explicar as coisas sem que eu me distraia.

A situação não diminue o medo que sinto, mas seu último comentário faz um discreto sorriso se abrir na minha boca. Devo ressaltar que em nenhum momento abaixei a mão com a gillete, embora meu braço tenha começado a doer.

- Quer dizer que eu te distraio?

Ele me analisa, seu semblante - incrivelmente lindo - é uma mistura de vergonha e incredulidade.

- Eu não disse isso. - Responde de maneira monótona, forçando uma tosse.

- Insinuou?

- Pelos céus mulher, se vista logo para eu simplificar as coisas.

- Como quiser.

Ando em sua direção, ele cora ainda mais. Acabo esbarrando, por querer mesmo em seu corpo quente e musculoso. Um arrepio percorre toda a extensão da minha coluna.
Obviamente o analisei cuidadosamente para ver se não demostrava nada ameaçador, para enfim seguir em sua direção.

- O q-que você está fazendo? - Ele pergunta quando paro ao seu lado, de braços cruzados com o ombro encostado em seu peitoral.

- Eu tenho que ir para o quarto, não?

Ele percebe que ainda está parado na entrada do banheiro e dá um pequeno passo para o lado, abrindo passagem.

- Me dê apenas um motivo para não ligar para a polícia neste exato momento. - Digo, assim que entro na sala e pego o celular

Não dei o trabalho de me vestir, afinal ele mesmo disse que eu o distraio. Devo usar o que tiver ao meu favor para ganhar tempo.

- Se você permitir que ao menos eu me explique garanto que a polícia não terá nenhuma necessidade. - Ele senta preguiçosamente numa das poltronas.

- E como vou saber que você não é um psicopata? Ou abusador?

- Não saberá! - Responde o óbvio.

- Acho que a polícia é mais segura! - Digo, digitando rápido o número de emergência.

- Emerie, não faça isso!

- Tarde demais! - A linha é atendida do outro lado com um "qual a emergência policial?"

Antes que eu perceba, ele pega o telefone da minha mão numa velocidade sobre-humana.

- O q-quê?

Ele não responde, apenas desliga o celular o tacando do outro lado da sala. O objeto quebra na mesma hora.

- Você é algum tipo de X-Men?

O garoto ignora meu comentário, indo para o meu quarto, eu o sigo não antes de pegar uma faca na cozinha.

- Vamos lá! - Ele diz olhando as minhas roupas e pegando um vestido florido. - Vista isso. Não é um pedido Emerie.

Acabo soltando uma risada irônica, minhas emoções se embaralham semelhante aos meus pensamentos confusos. Óbvio que o garoto está aqui por um motivo o qual pretendo descobrir o mais rápido possível.

- Meu Deus. - Ele murmura. - Bem que sua mãe disse que você era teimosa, pelo visto ela não mentiu.

O som de sua voz saí tão baixo na última frase que posso apostar que ele não achava que eu ia ser capaz de ouvir.

- M-minha m-mãe?

Droga Gael, seu boca grande. - Ele dá bronca em si mesmo.

- Gael? - Indago franzido a testa.

Deve ser este seu nome porque ele parou o que estava fazendo e me encarou. Seus olhos tinham um tom de azul que pareciam o céu em um dia sem nuvens, mas ao mesmo tempo pareciam um mar tempestuoso.

- Seu nome é Gael?

- Até que me digam o contrário, então sim.

Mantenho uma distância segura entre nós dois. Que merda está acontecendo aqui?

- Emerie, - Ele suspira paciente. - acho que você precisa saber de uma coisa.

A intensificação do seu olhar para o meu me deixa desconfortável, desvio primeiro mas tendo total noção dos seus movimentos. Ele tenta se aproximar e ligeiramente aponto a faca que estava segurando, para ele.

- Obviamente sem essa faca Emerie.

- Diga o que quiser, mas essa faca vai ficar aqui.

- Certo, mas então se vista.

- Então sai do quarto. Ou vai querer me assistir trocar de roupa também?

- Não seria a primeira vez que faço isso.

- O que você disse? - Me aproximo dele de forma ameaçadora.

- Cinco minutos. Mais nada.

E então duas coisas completamente estranhas acontecem. Primeiro uma forte luz toma conta do cômodo e em seguida ele some. Simplesmente some.

Com certeza ele é um X-Men perdido. Onde será que consigo o contato do Professor Xavier?


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