Angel In My Life

1.35 |Emerie

Emerie

Ele já estava acordado. Quando levantei com o toque do despertador meu anjo já estava em pé com um sorriso amigável no rosto. Seus olhos marcados por leves olheiras o que era estranho. Será que o Gael não tinha dormido nada durante a noite? Ele parecia cansado, uma parte de mim ficou decepcionada por pensar que eu não era o motivo de seu cansaço.

- Você não dormiu nada durante a noite? - Bebi o líquido quente na xícara. Minha garganta queimou. - Já sei, passou a madrugada pensando em mim nua, não é anjinho?

Ele riu em um bocejo. Seus músculos ficaram tensos quando ele se espreguiçou, fiquei distraída admirando seu peito e seu abdômen se flexionarem. Ah, nunca pensei ficaria tão acordada numa manhã de segunda-feira babando na visão de um anjo sem camisa na minha cozinha. Isso sim era jeito de começar a semana.

- Na verdade até pensei em você Emerie, de maneiras bem depravadas eu diria. - Respondeu com um sorriso malicioso, me surpreendendo pela sinceridade. - Mas em realidade eu não consegui dormir.

Franzi a testa tomando outro gole do café. Meu anjo evitou meu olhar preocupado.

- Por que?

- Não sei. - Ele deu de ombros. - Acho que não estou acostumado com isso. Toda essa rotina humana.

Seu tom não foi convincente. De fato não foi. O anjo pareceu encerrar o assunto me distraindo com o cheiro dos bacons e ovos. Devo dizer que funcionou já que não quis prolongar o porquê das olheiras em baixo dos seus olhos azuis. Isso era tão estranho. Parecia que eu o conhecia a tanto tempo que já era capaz de notar quando ele estava diferente, não aquela hesitação normal de quando estamos juntos ou a vergonha que ruboriza seu rosto quando digo uma coisa indecente. E muito menos o brilho em sua face de quando ele está feliz, geralmente quando nossos lábios e corpos estão grudados.

O alarme soou mais uma vez no meu celular, não era o horário de acordar mas sim o de ir para o colégio. O qual eu tinha tentado evitar semana passada, incluindo minha melhor amiga e o aspirante a jogador de basquete. Ignorei as chamadas de Ayla, logo após o grande show que ela deu no seu aniversário, não retornei suas ligações tal como não respondi as mensagens de Logan, todas resumidas em perguntar se eu estava bem e que ele estava preocupado comigo. Até parece.

- Nos vemos depois. - Gael me beijou segurando minha cintura. Um toque leve das nossas bocas, uma provocação suave para o que esperava mais tarde.

Andei pelo longo e infinito corredor lotado. Eu estava tão acostumada com a presença física do meu anjo que já sentia sua falta quando estava sozinha. Parecia aqueles dias antigos em que tudo o que eu queria era desabar, escondendo a dor que me dilacerava dia após dia sempre oculta por sorrisos e a melhor expressão de felicidade que eu conseguia. Porém isso tinha acabado, os sorrisos falsos se tornaram reais, a expressão feliz não era falsa. Ele tinha chegado e tudo tinha melhorado, acho que eu podia finalmente dizer que estava feliz porque eu o tinha. Porque Gael era meu e sempre foi, e se dependesse de mim eu sempre seria dele.

Do anjo que me salvou muito antes. O anjinho mais doce, engraçado e amoroso, o mais tímido principalmente quando estávamos fazendo amor e o mais cuidadoso, as vezes em excesso, mas sempre cuidando de mim. Da Emerie a garotinha de nove anos que descobriu como o mundo pode ser injusto, como as pessoas podem ser cruéis. A menina incrédula do amor, exceto o de sua mãe. Mas que numa noite o conheceu de maneira bizarra, gritando com preocupação, surpreendo com todo aquele lindo corpo e sua capacidade de ser sorrateiro. Fora seu incrível segredo em foder.

- Emerie! - Despertei do desvaneio quando aquela voz feminina gritou seguida pelo som dos seus pés correndo. Revirei os olhos. - Não finja que não está me escutando.