☪ . ☆ ONE ☆ . ☪

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Se eu fosse ser bem, bem sincera mesmo, diria que minha vida é a porra de uma piada

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Se eu fosse ser bem, bem sincera mesmo, diria que minha vida é a porra de uma piada. Mas eu não sou nem um pouco sincera, então irei dizer que tenho uma ótima vida, com uma ótima família e que não tenho do que reclamar! Afinal, tudo é lindo e maravilhoso, não poderia ser melhor! Nem é como se eu fosse uma fodida de dezenove anos que prefere passar a noite trabalhando em uma boate do que ir para casa, e que se arrasta durante as manhãs cursando direito só porque era o sonho dos meus pais! Até porque, eu amo tanto direito! Nem é como se eu quisesse me atirar do alto de um prédio todas as manhãs quando chegava na Universidade de merda que eu sequer tinha escolhido.

E assim como tudo na minha vida era a porra de uma merda, digo, uma coisa linda e maravilhosa, ainda descobri que fiquei de dependência em uma matéria de bosta (ok, admito! Eu sempre dormia nessas aulas, mas essa merda toda era extremamente chata, então tirar um cochilo na carteira era super mais interessante do que prestar atenção naquele blá blá blá) e agora, graças a isso, estou evitando a todo custo ir pra casa, uhul! Não é como se eu quisesse voltar, de qualquer forma.

-Chegou cedo hoje. - Hiroki comentou, me analisando, procurando o que estava errado. Bem, alguém esqueceu de avisar ele que a questão era: o que estava certo?

Hiroki tinha vinte e dois anos e era o dono da boate onde eu passava todas as noites trabalhando para ter dinheiro e dar o fora do hospício que eu chamava de casa. Tudo bem que meus pais achavam que eu passava minhas noites me dedicando como pupila de um advogado, mas quer saber? Um grande foda se, eles que acreditassem no que quisessem, uma mentirinha de nada dessas não ia matar os velhos, certo? Certo!

Apesar de tudo, Hiroki era um chefe legal comigo e nunca me julgava pelas minhas loucuras. Inclusive, às vezes, nós dois estávamos tão de saco cheio de nossas vidas que costumávamos beber metade do bar da boate. Claro que depois ele se arrependia amargamente graças ao prejuízo que eu dava a ele, o que era hilário. E eu também me arrependia, mas isso por causa da puta ressaca que eu ficava depois. Mas, magicamente, com o sumiço da ressaca, meu arrependimento ia junto! Simples assim.

-Tá tudo bem?- Hiroki perguntou e eu pisquei, me dando conta que tinha parado de andar e estava fitando ele de forma estranha. Fiz uma careta.

-Tudo ótimo, descobri que tô de DP e provavelmente vou me foder por causa disso, além de que ontem meus pais quase me pegaram fumando maconha, então tive que me livrar de todos os baseados que eu tinha. - choraminguei. Hiroki me analisou antes de balançar a cabeça e soltar uma risada.

-Você não toma jeito nunca?- ele disse arqueando a sobrancelha e eu dei de ombros, caminhando em direção a uma sala reservada da boate para me arrumar.

Eu gostava de ficar ali, naquele lugar. Se eu fosse ser realmente sincera, ficar ali a noite inteira, envolvida nas batidas das músicas e pelo álcool, assim como vendo cada pessoa diferente que aparecia ali e me perguntando quais eram suas histórias, era, de fato, o ponto alto dos meus dias.

Não fiquei me analisando muito no espelho antes de começar a pentear meus cabelos longos e escuros com os dedos para os prender em um rabo de cavalo alto. Não me analisei porque sabia que estava só o caco. Meus olhos âmbar denunciavam o quão cansada eu estava, e isso não se devia ao fato de eu sair de madrugada da boate para ir pra casa e acordar seis da manhã para ir pra maldita universidade.

Com um longo suspiro, abri minha mochila repleta de livros de direito que eu não tinha nem chegado a tirar do plástico e cadernos em branco, arrancando lá de dentro uma camiseta preta de manga comprida que ficava colada no meu corpo. Não demorei muito para me trocar, voltando ao espelho para dar um jeito de esconder minha cara péssima com um quilo de maquiagem, me fazendo parecer uma pessoa completamente nova! O que era ótimo, porque eu tava um pedaço de bosta, sinceramente.

A noite sempre passava rápida quando eu estava ali, atrás do bar, fazendo o que sabia fazer de melhor: bebidas. Às vezes aparecia algum cara ou garota de rosto bonitinho flertando comigo, e eu tinha que me certificar que Hiroki não estava por perto antes de, certamente, retribuir o flerte. Não tinha muita coisa ali que Hiroki me impedia de fazer, mas ele sempre queria me esfolar viva quando me pegava flertando com um cliente. Sinceramente, acho que ele tá precisando é de uma namorada pra parar de ser tão rabugento.

E, quando tudo aquilo acabava, quando eu tinha que voltar para casa, era como se a realidade de merda que eu vivia me atingisse em cheio. Quando eu colocava os pés em casa, não podia ser eu mesma. Precisava colocar aquela máscara de filha perfeita, Asuka que nunca errava e fazia tudo o que os pais queriam, caso contrário... Caso contrário, eu sofreria pelas consequências de não ser o que eles queriam.

E, às vezes, eu desejava apenas que tudo desaparecesse e que a única coisa que permanecesse fosse a boate e a suas músicas envolventes. E, claro, o álcool. Sempre o álcool.

 Sempre o álcool

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Sinners • Tokyo RevengersOnde histórias criam vida. Descubra agora