Eu estava usando uma nova peruca, uma loira em um tom platinado que combinava com a cor de meus olhos e também com meus lábios pintados de um vermelho-sangue. Tudo bem, tô parecendo uma maldita garota rica, mas não me importo nem um pouco com aquilo. Era necessário, apesar que eu estava começando a odiar aquela peruca que roçava nos meus ombros nus a cada movimento que eu fazia.Estalei a língua no céu da boca conforme andava pelo corredor, ouvindo o som gerado por meus saltos. Ignorei como tudo ao meu redor era sujo e gerava uma ânsia de vômito em mim. Certo, talvez usar roupas de tecido caro naquele lugar não tenha sido tão necessário.
Bufei, lançando um olhar que prometia muito mais do que morte para um imbecil que me olhava como se eu não passasse de um pedaço de carne. Se ele ousasse tocar em mim, ele não teria mais dedos e muito menos o que guardava dentro daquelas calças imundas. Não demorou muito para que eu estivesse em frente a uma porta, cuja pintura vermelha se encontrava desbotando. Sem mais ou menos, choquei meu punho contra a madeira. Uma, duas, três vezes até que escutasse
passos. Um homem de cabelos pretos e os lábios contorcidos em um bico levemente emburrado. Pelas marcas de lençóis claras em seu rosto, ele deveria estar dormindo.─ Olá, Akira, não é?
Ele não disse, apenas balançou a cabeça. Sorri, e claro que não demorou muito para que meu punho socasse sua traqueia, sufucando-o por tempo suficiente para que eu conseguisse perfurar sua pele com a seringa que rapidamente retirar de minha bolsa.
Minhas mãos cobertas por faixas atingiram o saco preenchido de areia mais uma vez. Suor escorria por minha pele, molhando o tecido da curta blusa que eu usava. As juntas dos meus dedos estavam ficando machucadas cada vez mais mas eu não estava me importando, não, nem um pouco. Eu precisava me focar, ficar mais forte e então, não demoraria muito para dar um fim em Yuna.Eu estava socando mais uma vez o saco de areia quando a porta da academia se abriu em um único movimento, não me virei para ver quem era nem mesmo quando ouvi os passos claramente raivosos atrás de mim. Uma mão tocou em meu ombro e não hesitei em me virar, atingindo o rosto da pessoa com o punho. Observei Ran se inclinar para frente com uma mão no nariz com um sorriso no rosto. Passei uma mão por minha tez, limpando o suor que havia ali.
─ Mas que porra!─ Xingou ele, me lançando um olhar irritadiço. Dei de ombros.
─ Não se toca assim em uma mulher.─ Falei, simples e saltei para fora do pequeno ringue feito na academia que havia na casa dos Haitani, ou melhor, no condomínio deles.
Não foi uma surpresa saber que eles tinham dinheiro mas a surpresa foi em saber que os dois desgraçados compraram um condomínio inteiro só para eles. Uma academia enorme, uma área verde que continha uma piscina grande demais só para duas pessoas e também soube que algum lugar havia uma oficina, mas eu não sabia onde. Estalei a língua no céu da boca. Um condomínio dividido para dois irmãos...
Eu não... Acabei soltando um grito quando senti o homem me empurrar contra o chão, agarrando meus pulsos para me manter imóvel. Rosnei algo incompreensível e tentei mover as mãos, mas eu estava presa. Ran estava me mantendo presa. Movi minhas pernas, próxima de atingir o que havia entre suas pernas mas ele pressionou o joelho contra minha coxa e eu quase gritei com a dor quando ele afundou seu joelho ali.
─ Já chega.─ Rosnou ele, pausadamente. E pela falta de brilho naqueles olhos, eu sabia muito bem que Ran havia chegado ao seu limite e não teria como adiamos mais aquele momento.
Pisquei meus olhos e suspirei, desistindo de lutar contra, mas Ran não me soltou, continuou a me fitar daquela forma que arrepiava meu corpo. Conversar...
Precisamos conversar, mas como iremos fazer isso quando tudo que sabemos fazer é gritar um com outro e exatamente por esse motivo que...
─ Eu amo você.─ Disse Ran. Certo, aquilo me surpreendeu mais do que eu imaginava.─ E, eu sei que você ama. Mas, você fica fugindo de mim, por quê?
Abri minha boca e a fechei novamente, afundando os dentes nos meus lábios, me negando a pronunciar alguma palavra. Ran suspirou, se inclinando e afundando seu rosto em meu pescoço. Suspirei, mexendo os braços, me soltando do aperto do homem e afundando meus dedos em seus cabelos bicolores, iniciando uma carícia.
─ Você me machucou.─ Murmurei, eu senti que ele estava bem perto de levantar a cabeça mas logo continuei a falar.─ Não me importa se você tinha boas intenções ou não. Você me machucou, Ran. E eu não sei como lidar com isso, não agora.
Pisquei, tentando afastar as lágrimas que já começavam a fazer meus olhos arderem levemente. Ran suspirou contra minha pele e seus braços circularam minha cintura em um abraço, sua cabeça se movendo e se afundado no vale entre meus seios.
─ Você está certo.─ O homem ergueu a cabeça e me fitou.─ Eu mudei. Mas, mudei por mim e me orgulho disso. Depois de anos, fingindo ser qualquer coisa menos eu, tô feliz por não ter esquecido completamente quem sou. E, bom, se você não gosta disso, não posso fazer nada.
Eu o empurrei para longe, me levantando com um pouco de lentidão. Depois de ficar horas socando um saco de areia, meus dedos pareciam não passar de geleia. Suspirei, passando as mãos pelos cabelos curtos e trincando o maxilar ao sentir uma fina dor se espalhar por minhas palmas.
Ran suspirou no chão, ele me parecia derrotado. Aquilo me fez rir, apesar de saber que não deveria. Prestes a dizer algo a ele quando as portas da academia se abriram com um chute, ergui uma sobrancelha para Rindou que possuía as bochechas vermelhas de raiva e chutava tudo que via pela frente, prevendo um animal. Pisquei e troquei um olhar com Ran que levantou rapidamente, andando em direção ao irmão que assim que o viu, parou de agir que nem um gorila sem cérebro e começou a chorar.
Eu não sabia se era por raiva ou frustação, mas Rindou estava chorando e não pensou duas vezes em se jogar nos braços do irmão. Ran deve ter perguntado o que caralhos aconteceu, mas era fácil supor. Rindou só ficaria daquela forma por Asuka e Violeta. Algo ocorreu com uma das duas e pensar nisso me fez pensar em como destroçaria quem ousou colocar as mãos na minha família.
─ Asuka, aquela vadia pegou a Asuka.
E não precisei pensar muito para dar as costas para os dois irmãos. Não sei quem tocou em Asuka, mas receberá sua devida punição, não importava o que acontecesse.
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Sinners • Tokyo Revengers
FanfictionAs vidas de Aya Takahashi e Asuka Nakamura não eram, nem de perto, parecidas. Enquanto Aya lutava para sobreviver aos traumas do passado que insistiam em ainda atormenta-la, Asuka buscava, a todo custo, esconder quem ela era de verdade, em uma tenta...