Suspirei, pressionando minhas palmas contra o rosto por um mero instante, mas logo as distanciei e as guiei para meus cabelos que afastei dos meus ombros, começando a andar na direção da cozinha. Rindou não disse nada, apenas me observou abrir a geladeira, pegando uma bandeja que continha queijo e presunto, depositando-a na mesa.─ Que porra você fazendo?─ Perguntou o imbecil, sentando-se em uma das cadeira que havia por ali. Eu o fitei brevemente, antes de capturar uma faca com os dedos.
─ Um sanduíche, você quer?─ Perguntei, mas eu o interrompi com uma risada.─ Ah, desculpa, esqueci que sou uma vadia egoísta do caralho.
Rindou também deu uma risada, cheia de veneno e seus olhos púrpuras cintilaram, apertei meus dedos ao redor da faca que eu usava para cortar o pão.
─ Uma vadia egoísta e uma assassina com a cabeça fodida.─ Disse ele, sorrindo, um dedo pressionando a lateral de sua cabeça. Cuidadosamente, coloquei o queijo e presunto no centro do pão. Tá legal, agora é só...
─ Ah, então ele já te disse.─ Murmurei, depositando o sanduíche em um prato, deixando ele lá, intocável.─ Imagino que esteja muito triste com a perca da sua grandiosa parceira de crime.
─ Você matou a porra da própria irmã.─ Cuspiu.
─ Ela pediu por isso e não é a minha irmã.─ Falei e então, apontei um dedo na sua direção.─ E foi o seu irmão que me tornou em uma assassina.
Rindou me encarou por longos minutos, antes de suspirar, passando uma mão por seus cabelos, estalando a língua no céu da boca.
─ Tá legal, o Ran contei a porra de um erro e é só isso, porra. Um erro. Se você se tornou uma cadela burra do caralho, a culpa só é sua.─ Ele praticamente rosnou. Ergui uma sobrancelha, soltando uma risada.
─ Claro que sim.─ Sorri, piscando os olhos.─ Claro que a culpa é minha, afinal não é como se minha cabeça já estivesse fodida e ele tivesse acabado de foder mais quando me entregou pra morte.
─ Ran só queria te ajudar, porra!─ Ele disse.─ Ele só queria que você parasse com essa merda de vingança, ele queria que você ficasse bem.
Não consegui me segurar. Uma risada explodiu para fora de minha boca, balançando meus ombros violentamente enquanto eu ria, ria e ria.
─ Essa foi a melhor piada que já escutei.─ Disse, limpando os cantos dos olhos que já começavam a descer lágrimas. Ergui meu rosto, soltando mais uma breve risada e peguei o prato do sanduíche, lançando um olhar frio na direção de Rindou que ficou tenso no seu lugar.─ Até onde sua lealdade cega vai te levar, Rindou? Ela vai tá aqui quando isso destruir sua vida e Asuka no processo? Não, melhor... Essa lealdade irá viver, mesmo que isso custe Asuka e Violeta?
Rindou não me respondeu. E sinceramente, não me importava. Já sabia sua resposta, não a entendia mas eu sabia.
Andei pelos corredores, ignorando os gemidos embriagados da mãe de Asuka e me aproximei da porta do quarto da mulher, lentamente colocando o prato no chão enquanto falava:
─ Você está errada ─ Suspirei.─, não a vejo como um problema e jamais lhe abandonei por causa de porra de gangue. E, sim, posso ter sumido nos últimos meses e ter quase matado Rindou, mas, apenas tente entender. Você é minha irmã, eu tô metida em umas coisas muito ruins e não quero que isso respingue nem em você, nem na Violeta. Me afastei para protegê-las e continuei o fazendo para deixá-las seguras. Eu só... Sinto muito por tudo, nunca quis fazer com você pense em todas essas merdas como se fossem sua culpa. A real é que talvez nossos caminhos sempre tenham que ficar longe um do outro, mas que se foda, vou continuar querendo ficar perto de você e... É isso.
Me levantei, limpando as mãos nas minhas calças. Senti uma fisgada em meu ombro mas não me importei, bom, não o suficiente.
─ Eu já vou indo.─ Estalei a língua no céu da boca, me virando, dando as costas para a porta trancada.─ Diz pra Violeta que a Tia Aya nunca vai esquecer dela...
Não demorou muito para que eu estivesse andando pelas ruas, um cigarro aceso entre meus lábios e um peso invisível presente nos meus ombros. Parecia que eu e Asuka estávamos dando adeus uma para outra, isso era uma porra...
Hanma me esperava. Com cuidado, tranquei a porta, retirando meu sobretudo creme e alisando o tecido do meu suéter vermelho. Não ousei guiar meus olhos até aquelas orbes douradas que só esperavam uma oportunidade para que sua boca começasse a despejar mil e uma coisas em cima de mim. Caralho, é tão difícil perceber que eu só precisava de um pouco de paz depois de um dia merda daqueles? Eles podiam achar que sim, mas não houve vitórias. Ran havia fugido antes que qualquer tiro meu o atingisse e com certeza, vai passar o resto da vida dele nas sombras, afinal ele já sabe que não vou hesitar.
Posso ter amado ele com todo meu coração e todas minhas forças, mas ele arruinou tudo isso. Pode ter isso pela porra de uma boa intenção mas aquilo me matou e aquilo não tem perdão. Eu o amo mas...
─ Está pensando muito.─ Disse o de cabelos bicolores, algo em seu tom me fez bufar com irritação.
─ Pelo amor de Deus, se você quer foder, é só falar.─ Praticamente rosnei, piscando e revirando os olhos.
Houve um instante de silêncio que foi cortado com sua risada rouca escapar de sua boca. Ele se levantou, caminhando na minha direção e sem dizer nada, segurou minhas mãos, levando-as até seus lábios, beijando-as com seus presos nos meus.
─ Relaxe...─ Murmurou baixo, erguendo o rosto e o aproximando do meu, próximo o suficiente para que meus lábios roçassem nos seus quando abri minha boca para falar algo que rapidamente sumiu de minha mente quando Hanma pressionou nossos lábios um contra o outro.
─ Você ainda não disse.─ Acabei murmurando quando suas mãos me ergueram e minhas pernas se entrelaçaram em torno de sua cintura. Ele riu, balançando a cabeça, me encarando como se eu não passasse de uma criança travessa.
─ Eu quero foder você.
Não evitei soltar um grito cheio de surpresa quando minhas costas atingiram o colchão macio, meu ombro doeu um pouco mas não me importava estava focada na forma quase que selvagem que Hanma retirava seu terno, praticamente arrancando a blusa branca de seu corpo. Soltei uma risada e eu estava me divertindo, pelo menos aquilo teria depois de um dia de merda do caralho...
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Sinners • Tokyo Revengers
FanfictionAs vidas de Aya Takahashi e Asuka Nakamura não eram, nem de perto, parecidas. Enquanto Aya lutava para sobreviver aos traumas do passado que insistiam em ainda atormenta-la, Asuka buscava, a todo custo, esconder quem ela era de verdade, em uma tenta...