Tudo bem, eu não precisava me estressar mas, estava sendo uma tarefa terrível para um caralho. Franzi o cenho e foi um grave erro, já que meu rosto doeu por completo. Sério mesmo, se eu encontrasse Akira e seu grupinho por aí, eles estariam mais do que fudidos. Um suspiro escapou por meus lábios conforme eu andava pelos corredores da mansão, puxando o braço de Asuka sem me importar se estava machucando ou não. Certo, ela quis agir como uma maldita criança então que ela fosse tratada daquela forma, afinal só crianças caem no papo torto que um merda como Akira fala. Eu a empurrei para o banheiro mais próximo, vendo seus pés tropeçarem em si mesmos e quase a levar até o chão.
─ Violeta passou o dia chorando, sabia? A mãe dela sumiu denovo e denovo ninguém sabia dizer onde ela estava, nem mesmo aquele merda do Kazume.─ Falei para a mulher que se manteve calada, apenas me encarando. Me aproximei da pia, agarrando um sabonete líquido e sem dizer nada, comecei a despejar todo o líquido em Asuka.
─ Mas que porra! Aya! Para com essa porra! Para!─ Ela começou a gritar, mas eu ignorei.
─ E eu pararia, por quê? Não foi você que disse que cansou de mim?─ Perguntei, me aproximando da pia, ligando a torneira e reunindo as mãos em forma de concha, juntando água e jogando em cima de Asuka. Ela piscou os olhos, continuando a gritar para que eu parasse com aquela porra.
─ Que porra!─ Gritou mais uma vez. Certo, ela já me encheu a paciência. Me aproximei, agarrando a gola de sua blusa e puxando o tecido até que nossos rostos estivessem próximos.
─ Quer ouvir uma coisa, Asuka?─ Soltei, ela abriu a boca, no entanto meti a mão em seu rosto, começando a esfregar minha palma contra sua pele fazendo com que surgissem espumas por conta do sabão.─ Doze anos atrás, fui embora porque uma puta não hesitaria em me matar se me visse andando por aquela merda de cidade! É, eu fui sem me despedir de você! Mas eu fiz porque se não fizesse, ia morrer! Era isso que você queria, Asuka? Você queria que eu morresse?
Ela ficou silenciosa, um pouco assustada com meus gritos. Afastei minha mão de seu rosto e me levantei, olhando para ela após estalar a língua no céu da boca, me sentindo cada vez mais irritadiça.
─ Eu não a porra da mínima pro que acontece com você e com Rindou. Mas me preocupo com você por isso que fui até aquela praia. É, eu não fui falar com você, mas não fui porque precisava resolver minhas merdas e dar um jeito que tudo isso acabasse antes que isso acabasse não só comigo mas com você e com Violeta.─ Respirei fundo, passando as mãos por meus cabelos.─ Eu disse a você que Rindou é um pedaço de merda, se está fodida agora é porque você quis, então não me venha colocar a culpa de uma merda sua em mim! Estou cansada de ter sempre um peso que não é meu para carregar!
Marchei para fora do banheiro e agarrei a maçaneta da porta, lançando um olhar cheio de ressentimento para Asuka.
─ Sou sua irmã, faria tudo e um pouco mais por você. Me dizer que a faço sofrer foi cruel, Asuka.
Saí da mansão em passos apressados e me concentrando para não deixar minha raiva manchar minhas feições deixando o quão puta estava com Asuka. Ela possuía todo o direito de surtar com tudo que havia acontecido com ela nos últimos tempos mas não tinha o direito de colocar todas as frustações em mim, eu havia feito o que podia para ajudá-la a cuidar de Violeta e a apoiado, mesmo sabendo que esconder aquela gravidez tinha sido uma atitude burra para um caralho.
Tudo bem, não fui uma das melhores amigas nas últimas semanas. Eu só estava tentando concertar meu passado da maneira que eu conseguia. Estou tão cheia de raiva que isso me corroía a cada segundo que se passava. No momento, não estou na minha melhor fase e muito menos com um psicológico bom para lidar com aquelas merdas agora. Peço perdão para Asuka, mas é sobre isso.
Suspirei, fitando os céus já escuros. Me virei assim que ouvi passos e contive minha vontade de revirar os olhos quando fitei o rosto de Ran.
─ Nem adianta fazer essa cara, vou ficar com você antes que faça mais alguma merda.
─ Mais alguma merda? Foi você que sumiu e depois tive minha cara enfiada na areia da praia.─ Retruquei, piscando os olhos para ele. Ran riu, cheio de malícia e aquele simples ato arrepiou meu corpo. Maldito Haitani...
─ Takahashi, deveria relaxar um pouco, está muito cansada para meu gosto.
Revirei os olhos, no entanto abri um sorriso.
─ Se quer tanto assim transar comigo, vai ter que implorar um pouco mais, Haitani.
O homem de cabelos bicolores riu novamente, enfiando as mãos no casaco escuro que vestia.
─ Já passou pela sua cabeça que eu não quero só transar com você?─ Pisquei os olhos, levemente surpresa com seu tom. Era surpreendente calmo e...─ Já pensou que tudo que faço é por amar você e querer que ─ Ele deu de ombros, desviando seu olhar para um ponto específico na grama que nos cercava.─, eu quero algo real com você, Aya. Não é sobre transar ou qualquer merda assim, é só por querer você. Seu amor e...
Suspirei de forma audível o suficiente para que ele interrompesse sua fala, voltando seu olhar para mim. Me aproximei dele em passos lentos, observei ele retirar as mãos dos bolsos para que eu segurasse suas mãos com delicadeza.
─ Eu estou quebrada, Ran.─ Murmurei.─ Quebrada e não tenho certeza se vou me concertar algum dia, você sabe disso muito bem. Tem certeza que quer algo comigo sabendo que talvez os cacos do meu coração vá nos despedaçar?
Ele estalou a língua no céu da boca e entrelaçou nossos dedos, levando minha mão para seus lábios, beijando minha pele. Seus olhos estavam fixos nos meus.
─ Por você, faço esse esforço, meu amor.
Soltei uma risada soprada e encostei minha testa no seu peito, me deixando ser abraçada. Certo, talvez eu merecesse um pouco de paz depois daquele dia infernal.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sinners • Tokyo Revengers
FanfictionAs vidas de Aya Takahashi e Asuka Nakamura não eram, nem de perto, parecidas. Enquanto Aya lutava para sobreviver aos traumas do passado que insistiam em ainda atormenta-la, Asuka buscava, a todo custo, esconder quem ela era de verdade, em uma tenta...