─ Isso vai destruir ela.─ Disse Ran, próximo ao meu ouvido enquanto enfiava uma caneca contendo um líquido quente o suficiente pra aquecer minhas mãos trêmulas entre meus dedos. Violeta se encontrava dormindo de forma tranquila nos braços de Rindou que suspirava sem parar, talvez tentando conter as lágrimas que estavam fazendo seus olhos ficarem cada vez mais vermelhos.Guiei a caneca até meus lábios, ingerindo boa parte do líquido, ignorando a ardência que dominou minha língua e garganta. Pisquei os olhos, inclinando minha cabeça até que encostasse no ombro do homem que não demorou a acariciar meus cabelos com carinho. Minha atenção foi até a ponta dos meus dedos que continuavam vermelhas, um tom de vermelho que quase me fez curvar e colocar todas as minhas tripas para fora.
Não sei como consegui cuidar de Asuka, ela estava estável mas... Balancei a cabeça, eu precisava esquecer tudo aquilo, pelo menos por enquanto. Os dedos de Ran deslizaram por minha pele e ergueram levemente meu queixo, fitei suas orbes roxas mais uma vez. Sorri fracamente para ele, sabendo que Ran estava bastante ciente da minha situação interior e...
─ Vamos.─ Ele murmurou, apontando com a cabeça para Rindou que também já dormia junto de Violeta. Assim que me levantei, agarrei um lençol que estava por perto e joguei em cima deles antes de entrelaçar meus dedos com os de Ran, deixando que ele me arrastasse até fora da mansão.
O ar frio me atingiu com força, mas eu apenas me aproximei mais de Ran, analisando em como a escuridão engolia a bela paisagem que rondava a mansão. Não sei quando tempo andamos mas sei que em determinado ponto quando já estávamos rodeados por uma grama rasteira, árvores e flores. Ali era bonito, mas...
Sem hesitar, Ran grudou seus lábios nos seus nos meus. Pisquei os olhos, tocando em seus ombros, o afastando de mim. Abri minha boca para perguntar que porra era aquela quando senti algo em meu pescoço. Eu o observei enquanto caía, meus músculos se congelando completamente e minha boca incapaz de proferir qualquer palavra. Ran me fitou, arrependimento tomando conta de seus olhos roxos conforme ele levantava a cabeça para encarar alguém atrás de mim.
─ Finalmente fez algo de bom, Haitani.─ Disse uma voz... Algo pareceu pisar em minha bochecha e pressionar minha cabeça contra a grama. Aquela voz, eu reconhecia ela...
Yuna riu.
─ Coitada da minha irmãzona sempre caindo nos mesmos papo de um homem sujo, não sei quando vai aprender que não se deve confiar em homens.
E foi ali que minha visão apagou junto dos meus sentidos.
Certo, meus pulsos estavam amarrados em uma coluna de pedra atrás de mim e eu sequer conseguia me mover direito, acredito que seja por conta da merda que Yuna aplicou em mim pra me apagar. Soltei um grunhido, desistindo de tentar quebrar as correntes que me prendiam ali. Certo, outro plano...Meus pés estavam livres. Se alguém tentar ir para cima de mim, eu iria me defender, pelo menos isso....
Espero que Asuka esteja bem. E que Ran estivesse na puta que pariu, pois eu iria o destruir por aquela merda. Não fui a mais perfeita com ele mas ele me jogou na boca dos lobos famintos e eu vou jogar ele de uma ponte, afogá-lo em uma poça de lama e depois....
─ Vejo que já acordou, irmã.─ Eu não olhei para Yuna, manti minha atenção toda nos meus pés descalços cheios de arranhões que não sabia como foram parar ali. Ela soltou um resmungo e ar faltou em meus pulmões quando senti seu pé chutar meu peito com força. Arfei, buscando ar e cuspi não só sangue mas como um dente quando um chute atingiu meu rosto.
Filha de uma puta!
Yuna não parou ali. Ela continuou batendo, batendo e batendo. Cuspi ainda mais sangue. Eu... Pisquei meus olhos, ou tentei, já que parecia que eu ja possuía dois olhos roxeados por conta dos socos e chutes.
Eu estava cansada de cuspir sangue. Eu só...
Mais um chute me atingiu e eu não sabia mais se o que sentia ou via era causado ou não pela dor alucinante. Yuna chutou meu rosto mais uma vez, agarrou meu nariz já quebrado e o torceu me fazendo gritar até que eu sentisse minha garganta rasgar. Ela não largou até que eu estivesse chorando e implorando para que ela parasse com aquilo tudo.
Ela não parou até que eu desmaiasse e perdesse a consciência.
Eu não conseguia respirar direito. Meu corpo não obedecia meus comandos e eu nem sei se realmente queria que o fizessem. Sabia que Yuna não havia parado com meu desmaio e que com certeza deve ter quebrado um dos meus pés pela forma que eu sequer conseguia mexer meus dedos. Grunhi, mordendo os lábios para reprimir minha vontade de gritar novamente quando tentei mover meu dedo e vermelho dominou minha visão completamente.
Balancei levemente minha cabeça. Eu precisava focar mas...
Tentei piscar meus olhos novamente mas não deu certo. Só que, eu sabia onde estava. Era...
Aquele lugar continuava o mesmo lixo de sempre. Plantas ainda subiam pelas paredes cheias de rachaduras, ainda possuía o mesmo cheio de lixo e maconha insuportável que eu secretamente amava. Era o mesmo prédio que conheci Ran Haitani e que... Yuna me abandonou aqui...
Passos, eu estava ouvindo passos. Eles estavam chegando cada vez mais perto e então....
Uma rosa esganiçada escapou os lábios de quem me observava naquele momento e eu gostaria muito de revirar os olhos para aquele imbecil, mas simples ato de piscar os olhos começava a doer para um caralho. Mais uma risada.
─ Parece que você tá com problemas, florzinha.─ Ele riu, passando uma mão por sua testa.─ O que foi? Uma rata comeu sua língua? Bom, tanto faz, eu vim aqui para te oferecer um acordo, o que você acha? Traída pelo Haitani e quase morta pela sua queria irmã, eu posso fazer com que você se vingue deles, fazer de tudo para que você consiga destruir o que esses dois imbecis são. Eu posso fazer isso, então o que você acha?
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Sinners • Tokyo Revengers
FanfictionAs vidas de Aya Takahashi e Asuka Nakamura não eram, nem de perto, parecidas. Enquanto Aya lutava para sobreviver aos traumas do passado que insistiam em ainda atormenta-la, Asuka buscava, a todo custo, esconder quem ela era de verdade, em uma tenta...