Tudo bem, não sei como acabei ali e não sei como estava gostando de como acabei ali. Sentada em um sofá revestido por um tecido de veludo que fazia cócegas em meus pés quando eu o deslizava pelo sofá com lentidão enquanto observava Ran andar pelo cômodo sem roupas, nenhuma sequer. Pisquei os olhos, me inclinando para trás, me afundando no estofado e puxando a blusa cinza que eu vestia para baixo, mesmo sabendo que Ran já havia visto demais do meu corpo na noite passada.
─ Você tem roupa, não?─ Soltei, erguendo uma sobrancelha na sua direção. Ran não me respondeu de primeira, apenas se aproximou de uma poltrona e agarrou uma cueca que estava jogada por cima do estofado, a vestindo enquanto mantinha seus olhos em mim. Tá, estou sentindo um pouco de calor demais. Eu precisava urgentemente voltar para casa e ficar longe de Ran ou voltaria a ser aquela mulher que o amava incondicionalmente apesar de não ter admitido isso para si mesma até tudo ter dado errado.
─ Pensei que você gostasse de me ver assim.─ Falou ele, malicioso e andando na minha direção em passos lentos como se fosse um predador prestes a atacar sua presa. Franzi meu cenho para ele e me encolhi no meu canto no sofá. Arqueando uma sobrancelha quando ele sentou-se no chão, perto de meus pés.
─ E aí você acorda.─ Murmurei, revirando os olhos e movendo minhas pernas para que Ran não encostasse seus dedos em mim. Ele riu, inclinando a cabeça e começando a me fitar daquela maneira que arrepiava meu corpo.
Ran havia se mantido silencioso desde que olhou em meus olhos e confessou me amar, desde que eu o beijei até meu fôlego desaparecer por completo e ele apertado seu corpo contra o meu com cuidado, nunca desviando seu olhar do meu fazendo com que meu coração se acelerasse um pouco demais.
Eu não esperava ouvi-lo dizer que me amava depois de dez anos. Tudo bem, recebi todos os presentes e também utilizei a maioria, só para senti-lo um pouco mais perto, mesmo que... Eu estivesse completamente apaixonada por Lee e focava em fazer com que minha vida girasse ao redor de sua vida, mais um erro que cometi.
─ Vamos comer.─ Falou Ran, se levantando e começando a andar em direção ao seu quarto. Eu o observei, então eu o segui com passos lentos, um pouco confusa demais com sua fala.
─ Comer? Como assim?─ Perguntei, me encostando no batente da porta. Acompanhei Ran se aproximando do cômodo que achei ser um closet pela forma que ele saiu de lá completamente vestido. Franzi o cenho para ele, vendo-o calçar um par de botas escuras e me olhar com uma certa ignorância que quase me fez procurar uma faca para enfiar bem no meio da testa daquele imbecil do caralho.
─ Você vai sair assim?─ Ele questionou, gesticulando para meu corpo que só vestia uma camisa. Cruzei meus braços, recuando um passo.
─ E se eu for, qual seria o problema?─ Retruquei, arqueando uma sobrancelha. Ran soltou uma risada forçada, se levantando lentamente e se aproximando de mim. Ergui um pouco o queixo, me sentindo levemente provocada pela forma que ele me encarava daquele jeito. Senti suas mãos agarrarem minha cintura e seus dedos deslizarem pelo tecido até alcançar a barra da blusa, erguendo-a, mostrando meus seios.
─ Eu não ia ficar muito feliz de ver a cara de alguns imbecis estouradas por estarem olhando para o que não devia, sabe?─ Ele falou e segurei seus pulsos, os empurrando para baixo fazendo com que ele soltasse a barra da minha blusa.
Eu o fitei, irada.─ E deixa eu adivinhar, você é quem estouraria a cara desses imbecis?─ Perguntei. O Haitani riu cheio de malícia, recuando um passo.
─ Errou.─ Ele apontou um dedo para mim com um olho fechado, soltando uma risada.─ Você é quem vai fazer isso, Takahashi.
Pisquei os olhos, surpresa com seu tom. Ah, isso...
Mordi um pedaço do sanduíche que acabara de ser depositado no meu prato, mastigando-o com lentidão enquanto mantinha meus olhos semicerrados no homem em minha frente. Sinceramente, eu não sabia como Ran conseguia andar por aí sendo um dos criminosos mais perigosos do Japão ultimamente, não sabia como as pessoas agiam como se fosse normal ele estar devorando um doce, os olhos roxos presos na tela do celular.
Suspirei, mordendo mais um pedaço do sanduíche, estendendo a mão para pegar o copo cheio de suco de morango. Lentamente bebi o líquido e então, torci o nariz ao sentir o cheiro forte do café que uma mulher bebia próximo a gente, aquele cheiro de cafeína misturada com leite causava náuseas em mim e meu estômago se contorcia.
─ O que foi?─ Perguntou Ran, erguendo o olhar e franzindo o cenho ao ver minhas feições. Balancei a cabeça, negando o que quer que seja...─ Tá com cara que de que comeu algo que não gostou, fala logo o que é, Takahashi.
Revirei meus olhos, afundando meus dedos nos cabelos com o cenho franzido em irritação.
─ Não é nada e estou bem, então pode ir parando com isso.─ Continuei a comer meu sanduíche, tendo noção que estava encarando a mulher ao meu lado nem um pouco bem. Que café com cheiro forte pra porra...
─ Tem certeza?─ Perguntou ele, largando o celular e o deixando de lado. Ran estava me fitando com atenção demais para meu gosto.─ A comida não tá boa?
Pisquei meus olhos, levemente surpreendida com a pergunta e não sei porquê. Revirei meus olhos, pressionando uma palma contra minha testa. Não sei o que tava acontecendo comigo hoje. Se continuar assim, irei para algum hospital ou qualquer merda assim.
Engoli mais um gole do suco de morango, tão rápido que posso ter engasgado. Ran soltou uma risada da minha face vermelha enquanto eu quase morria de tossir por conta do suco. Aquele desgraçado! Lancei um olhar de ódio para ele e tava bem perto de jogar um prato nele quando aquele cheiro de café forte me atingiu com mais força.
E antes que eu pudesse entender o que acontecia, me dei conta que eu tava vomitando em uma privada qualquer. Ran não demorou muito para se aproximar e segurar meus cabelos.
─ Você tá bem?─ Ele perguntou, havia preocupação em seu tom. E por mais que quisesse dizer que sim, eu sabia que nada estava bem.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sinners • Tokyo Revengers
Hayran KurguAs vidas de Aya Takahashi e Asuka Nakamura não eram, nem de perto, parecidas. Enquanto Aya lutava para sobreviver aos traumas do passado que insistiam em ainda atormenta-la, Asuka buscava, a todo custo, esconder quem ela era de verdade, em uma tenta...