☪ . ☆ TWENTY ONE ☆ . ☪

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Eu não queria saber de mais nada

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Eu não queria saber de mais nada. Não queria saber o porquê de Rindou estar ali ou de ter uma mulher parecendo nos olhar como se estivesse vendo um filme bem divertido. Eu não ligava para nada naquilo e muito menos para Ran que claramente havia mandado um "foda-se" para o que falei. Soltei um suspiro, enfiando as mãos no meu rosto e fitando meu reflexo no espelho por entre os dedos.

E eu estava destruída. Não, estava um pouco mais do que destruída.

Manchas roxeadas rodeavam meus dois olhos, apesar de parecer que eu havia levado socos mas sabia que aquilo não passava de cansaço emocional e físico. Aquilo só era um reflexo do que acumulei no meu coração nos últimos anos. Parece que finalmente me esgotei por estar enfrentando muito ao mesmo tempo. Eu queria um tempo mas parece que acabei com ainda mais problemas quando Ran apareceu na minha vida. E trouxe todos os sentimentos que guardei nos últimos dez anos em um lugar muito profundo no meu coração. 

Pisquei meus olhos, me sentando na tampa da privada, enterrando meus dedos em meus fios. Pensar, precisava pensar agora que possuía um mísero tempo.

Eu estava tão confusa e perdida... Quando fui ao apartamento na noite passada, tinha certeza que eu queria resolver tudo com Lee mas senti alívio quando não o vi lá. Alívio por não vê-lo estava se tornando cada vez mais comum em minha vida, principalmente desde que comecei a entrar em cada vez mais plantões para estar longe dele.

Eu queria resolver tudo com Lee mas acabei na cama com Ran, me entregando aos seus toque como se ainda fôssemos os mesmos de dez anos atrás, onde não dizíamos nada por covardia e acabavámos sempre na cama um do outro. Queria sentir vergonha de mim mesma por ter me entregado tão facilmente a ele, mesmo estando comprometida, mesmo amando outra pessoa. Eu queria sentir que havia destruído qualquer resquício que há daquele amor que nos unia, mas parece que ele apenas estava adormecido. Adormecido e apenas tinha despertado quando nos vimos naquele hospital.

Tanta coisa... Eu precisava pensar em tanta coisa que embrulhava meu estômago e antes que pudesse evitar, me encontrava vomitando tudo que consumi na privada. Limpei meus lábios e me deitei, minha bochecha pressionada contra o piso frio era o que me fazia sentir que aquilo tudo não era um sonho, apenas...

Eu estava tão cansada de ficar apenas pensando, mesmo precisando disso. Eu estava começando a ficar irritadiça por todos parecerem ter o direito de opinar em minha vida, no amor que eu sentia por Lee, só porque me viram em um momento tão vulnerável que sequer eram capazes de me reconhecer.

Eu era Junko. Não... Pisquei meus olhos, levemente confusa por um instante. Eu era Aya Takahashi, uma órfã que realizou seu sonho e que era apaixonada por Ran Haitani.

Eu era Aya, mas ao mesmo tempo, não era. Eu era Junko, mas ao mesmo tempo não era. Eu não sabia quem era. Não sabia quem era.

Eu...

Batidas na porta, lentamente me levantei e a abri, vendo o rosto preocupado de Asuka. Sorri para ela, tentando tranquilizá-la, mesmo sabendo que nada daquilo havia adiantado muito.

─ Eles já foram embora.─ Foi o que ela murmurou quando eu saia do banheiro e começava a andar para longe dali.

Era meio da madrugada quando me aventurei pelos corredores da casa de Asuka

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Era meio da madrugada quando me aventurei pelos corredores da casa de Asuka. Todos pareciam se encontrar dormindo, e eu agradecia por isso. Não queria ter ver o olhar que minha melhor amiga me direcionaria quando soubesse o que eu estava prestes a fazer. Com cuidado, peguei o telefone fixo e me sentei no sofá, digitando rapidamente um número que me obriguei a decorar.

Não precisei esperar muito para que ouvisse sua voz. A última vez que eu havia a escutado, ela estava distorcida pelo ódio que não compreendi de onde vinha e aquilo me assustou, pois parecia que estava novamente entre todas as Amazonas, sendo espancada e sendo obrigada a ir embora da cidade que cresci após encarar a morte por meros instantes. Eu havia sentido medo naquela vez, mas... Estava tudo bem agora, certo?

─ Alô?─ Ele falou mais uma vez. Suspirei, notando que o telefone tremia levemente contra meu ouvido e não demorei que eu notasse que não era o telefone mas sim, minhas mãos... Elas tremiam.

Engoli seco.

─ Oi, Lee.─ Murmurei com um fio de voz. Houve silêncio no outro lado da linha.

─ Junko? É você? Você...─ Junko. Lee me chamou de Junko. A primeira pessoa que me chamava de Junko, todos sempre pareciam me chamar de Aya, como se... Como se eu ainda tivesse algum resquício daquela mulher que derrubava homens com os próprios punhos.─ Você está bem? Você foi embora sem dizer nada, pensei que... Pensei que acabaria com nosso noivado e me deixaria.

Balancei a cabeça, negando.

─ Não, eu amo você, nunca vou...─ Pisquei os olhos. Nunca vou te deixar? Eu realmente ia dizer isso a ele? Engoli seco...─ Está tudo bem. Eu estou bem, isso importa, não é?

─ Ah, sim? Você voltará?

─ E eu fui embora?─ Perguntei em um tom risonho. Lee riu. Ele sempre ria quando me escutava dizer aquelas palavras regadas de um falso humor. Ele sabia que eu mentia mas me adorava ouvir mentiras.

─ Não, você nunca irá embora, nunca sairá de meus braços, não é mesmo?─ Não... Eu estava presa. Presa a Lee. Presa a aquele ciclo de receber tapas e socos por qualquer coisa que eu faço de errado em sua visão. Eu... Sempre estaria presa a Lee e pela primeira vez na minha vida, não sabia se estava bem com isso ou não. Não sabia se desejava realmente aquele destino.

Aya. Asuka havia me dito que Aya jamais deixaria aquilo acontecer com ela. Eu jamais deixaria aquilo acontecer comigo. Ele me amava mas me machucava, ele me machuca muito mais do que Ran havia feito. Lee me fez perder dentro de mim mesma. Ele me fez questionar quem era diversas e mais diversas vezes até perceber que não sabia mais quem eu era.

Pisquei meus olhos, vendo a sala toda se iluminar quando alguém acendeu as lâmpadas. Virei meu rosto e encarei Asuka que me fitava com confusa, ainda parecendo dormir.

─ Junko, você vai retornar para casa, quando?─ Ele perguntou mas não respondi.

Pelo contrário, apenas desliguei a ligação e em um tom baixo, meio quebradiço, falei:

─ Eu acho que estou quebrada, Asuka. Quebrada e não tenho mais concerto.

 Quebrada e não tenho mais concerto

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Sinners • Tokyo RevengersOnde histórias criam vida. Descubra agora