Eu errei muito. Porra, minha vida foi toda fodida, do comecinho até agora, teve alguns momentos que me fizeram bem mas não muda que essa merda toda é simplesmente uma sucessão de erros que não param, nem por um segundo. É deprimente pensar nisso mas é a porra do meu aniversário e eu tenho o direito de pensar assim, pois acabei de fazer mais uma merda, quer dizer, acabei de descobrir ela, já que tecnicamente a merda aconteceu dois meses atrás, depois de mais uma noite enchendo a cara para suportar o fato que vivo rodeada por Haitani agora e tenho sempre que me segurar para não chamar Asuka de burra por ter dado mais uma chance ao maldito do Rindou, tendo até mais um filho com ele.
Mordi meus lábios com força, sentindo o gosto metálico do sangue quando simplesmente desabei na areia da praia, abraçando minhas pernas, cogitando a ideia de correr até o mar e desaparecer nas águas, algo que seria mais agradável do que simplesmente...
Eu não o perdoei e sequer cheguei a planejar isso em algum momento, ele poderia implorar por perdão toda vez que se encontrava no mesmo cômodo que o meu, me dizer que não era para ser assim, que suas intenções eram boas... Mas, ele já chegou a pensar que teríamos sido felizes? Se ele... Se realmente, um dia, desejou ter mais do que... Nós poderíamos ter tudo tudo, mas foi ele que estragou tudo e eu poderia pensar em perdoá-lo se parasse de dizer que sua intenção era dar um jeito em tudo, se simplesmente assumisse que queria se livrar de mim. Eu não o julgaria por querer, afinal não passo de uma bagagem de traumas que leva destruição por onde passa. Eu só...
Nem sei mais o que quero. Não sei o que quero desde o vi, sentado em um dos estofados do hospital e possuindo um olhar decidido quando ajoelhou na minha frente, sem dizer uma única palavra. Naquele instante, olhando naquelas orbes que amei tão profundamente, não me importando quantas cicatrizes acabaria recebendo no fim, meu primeiro impulso foi chorar e foi assim por dias. Não conseguia cruzar o caminho nem com ele ou Rindou que eu simplesmente chorava. Eu via neles aquele dia, onde cheguei perto matá-los e desisti, fugi para os braços de Asuka e estive tentando reconstruir uma vida no lugar mais belo que encontrei.
Pisquei os olhos, lágrimas vieram mas não ergui um dedo para limpá-las, apenas deixei que elas deslizassem por meu rosto e eu não sei. Tudo simplesmente mudou de uma hora para outro e eu não queria isso, eu não sei o que devo fazer agora...
Não... Quero só desaparecer, fingir que nada disso é real.
─ Porra, Aya!─ Ouvi sua voz mas continuei ali parada, sentindo-me sendo embalada pela canção de ninar do quebrar das ondas. Acho que ele deve ter se jogado ao meu lado, me fitando com aqueles olhos púrpuras, como se... como se me amasse. Solucei, me encolhendo. Mais que droga...─ Você não podia ter mandado alguma mensagem, caralho? Asuka tá preocupada pra porra e ela ia vir atrás de você, nem sei como ela deixou eu vir no lugar dela. Que merda, mulher, não poderia ter dito nada?
Eu poderia ter gritado com ele, deixado bem claro que qualquer problema eu resolveria com Asuka depois e que aquilo nada tinha a ver com ele, na verdade nem ali deveria estar. Eu poderia ter agarrado um punhado daquela areia e jogado na cara dele, pois era o que ele merecia depois do que fez comigo, do que me fez passar. Eu poderia ter feito tudo e mais um mais, mas, eu estava esgotada, cansada de sentir raiva dia e noite, cansada de me sentir tão presa ao passado. Depois de anos, tentando me olhar no espelho e não enxergar um erro que Lee dizia que Junko era, que eu era... Depois de anos, eu ainda não sabia quem eu era. Ainda continuo perdida, possuindo tudo e ao mesmo tempo, nada. Queria gritar, pois é cansativo viver e eu queria a porra de um descanso. De. Toda. Aquela. Merda.
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Sinners • Tokyo Revengers
FanfictionAs vidas de Aya Takahashi e Asuka Nakamura não eram, nem de perto, parecidas. Enquanto Aya lutava para sobreviver aos traumas do passado que insistiam em ainda atormenta-la, Asuka buscava, a todo custo, esconder quem ela era de verdade, em uma tenta...