As vidas de Aya Takahashi e Asuka Nakamura não eram, nem de perto, parecidas. Enquanto Aya lutava para sobreviver aos traumas do passado que insistiam em ainda atormenta-la, Asuka buscava, a todo custo, esconder quem ela era de verdade, em uma tenta...
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Encarei de volta os olhos púrpura que me olhavam com insatisfação através da imagem do celular enquanto um bico irritadiço se formava naqueles lábios rosados. Eu apenas permaneci com a mesma expressão neutra que vinha mantendo nos últimos minutos, porque ela não iria me irritar hoje, apesar de eu já estar quase largando tudo para ir para casa só para dizer a aquela criança infeliz que ela não podia ter tudo o que queria na hora que queria! Deus, ela podia ter puxado todas as minhas qualidades, mas não contente em puxar os cabelos loiros e os olhos roxos, também teve que puxar a personalidade de merda do infeliz do pai dela.
-Mãe, você prometeu!- ela gritou comigo através do celular e eu respirei fundo para conter minha irritação quando dois dos meus funcionários se viraram para me olhar com o cenho franzido.
-Violeta, se você continuar com essa falta de respeito, não só não te deixarei ir na casa da Kim, como também te deixarei de castigo.- eu disse, calmamente, mesmo que minha vontade fosse atravessar a tela do celular e esganar essa menina.
Deus, e eu achando que o pior dos meus problemas seria criar um bebê com meus vinte anos e terminar a faculdade ao mesmo tempo. O como estava terrivelmente enganada sobre isso! O mais difícil, definitivamente, era agora, com Violeta que daqui um tempo teria seus dez anos, parecendo querer testar todos os meus limites. Ela era uma criança tão amorosa e que não me deu nenhum trabalho, mas foi só entrar nessa fase quase pré adolescência maldita...
Ela resmungou comigo antes de passar o celular em suas mãos para Koji, porque claro que era assim que Violeta lidava com a situação ao invés de simplesmente conversar como um ser humano. Koji me olhou e deu um sorriso e já sabia o que ele ia dizer antes mesmo de dizer, por isso apenas revirei os olhos.
-Não deixe ela ficar acordada até muito tarde.- eu disse e dessa vez quem revirou os olhos foi ele.
-Sei muito bem como cuidar da Vi, Asuka.- ele reclamou comigo, de forma amarga, como sempre. Eu bufei. -Afinal, quem te ajudou a criar ela, não é mesmo?
-Nem começa com essa merda, Koji.- eu avisei e ele apenas suspirou.
Eu sabia o porque de toda aquela amargura, porque lidava com isso desde o dia que Violeta nasceu: ele queria ser pai dela e eu nunca deixei. Porque não era justo. Nem com ele, nem comigo, e nem com... Bem, não importa.
-Daisy está aí?- eu perguntei e Koji negou com uma careta, o que me fez dar risada.
-Ela já foi embora faz um tempo. Violeta começou a perguntar demais então ela simplesmente foi embora e me deixou aqui pra explicar que eu e você não somos mais casados. Ou melhor, que logo não seremos mais casados.- ele disse e eu acabei dando risada imaginando a cena. -Impressionante que Violeta simplesmente cagou.
-É porque ela sabe que a gente sempre foi amigos e não um casal de verdade.- eu disse e ele apenas assentiu.
-Você vai demorar?- ele perguntou e eu desviei meu olhar para analisar o laboratório antes de fazer uma careta.
