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Fitei meu reflexo no espelho, aplicando a maior quantidade de base que conseguia em minhas olheiras para tentar pelo menos parecer que tive uma boa noite de sono

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Fitei meu reflexo no espelho, aplicando a maior quantidade de base que conseguia em minhas olheiras para tentar pelo menos parecer que tive uma boa noite de sono. Olhando para o que eu estava fazendo, até que dava para acreditar um pouco naquilo mas claro que aquilo não ia colar com Mariko que já espreitou o olhar pra mim, assim que pisei na lanchonete no início da manhã.

Soltei um bufo irritadiço, largando os objetos que eu segurava e passando as mãos por meus curtos cabelos. A noite muito mal dormida não estava só clara nas bolsas arroxeadas em baixo de meus olhos, estava mais do que destacada em cada mísera linha em minha expressão e eu sabia muito bem de quem era a culpa daquilo.

Nem com as bebidas consegui apagar, na verdade sequer sentir o sono adentrar em minhas veias junto do cansaço. E tudo isso só porquê encontrei aquele imbecil. Dois pares de olhos desgraçados!

─ Maldito Haitani.─ Grunhi.

─ Você não deveria ficar xingando na frente do espelho.─ Soltou uma voz rouca que eu conhecia até que bem. Pisquei meus olhos, sentindo-me confusa ao me deparar com aquelas mesmas orbes púrpura que me mantiveram acordada a noite toda.

─ Que porra você tá fazendo aqui?─ Perguntei, me aproximando, me inclinando sobre seu corpo que estava apoiado no batente da porta para observar o corredor. Ótimo, nem Mariko e nem o Senhor Mitsuki estava a vista...

─ Como assim?─ Ran sorriu, piscando os olhos, fingindo uma inocência que não combinava em nada com ele.─ Só vim tomar um café, aqui é uma lanchonete, não é?

Me obriguei a soltar uma risada claramente forçada, cruzando os braços e me afastando dele.

─ Você é um delinquente, Haitani.─ Semicerrei os olhos na sua direção.─ Sabe disso, não é?

─ O que foi? Tá querendo dizer que não posso tomar café só porque sou delinquente?─ Disse, balançando levemente uma palma e novamente seus olhos roxos pareceram cintilar debaixo da fraca luz do banheiro.─ Que cruel, Takahashi, eu não sabia que era tão preconceituosa com delinquentes quando já foi uma.

Revirei meus olhos com tanta força que senti uma leve dor de cabeça, recuei passos e me foquei em guardar minha maquiagem após passar um batom vermelho na boca que tinha o formato de coração.

─ Desculpa, é que só não pensei que essa era sua coisa, sabe?─ Soltei, enfiando a bolsa de maquiagem na minha mochila.─ Pensei que você era mais aquele cara que mata caras enquanto seu irmão segura os caras.

Haitani riu, aquele mesmo riso rouco e baixo que ouvi na noite passada e que arrepiava meu corpo.

─ Você não tá errada, mas sabe como é.─ Espreitei meu olhar na direção do imbecil, assim que notei seus olhos roxos escureceram.─ No reformatório, eles ensinam bons modos, tipo a tomar café.

─ Também deveriam ensinar a não serem imbecis.─ Rosnei, me aproximando do bicolor, a alça da minha mochila já estava em um de meus ombros. Ran sorriu, se afastando do batente da porta e ficando em minha frente, impedindo minha saída do banheiro.─ Não sei que porra você tá fazendo aqui, mas é melhor parar, não vou fazer parte de qualquer joguinho seu então saía da frente antes que acabe com o pulso quebrado ou muito pior.

Ran teve a audácia de rir, se inclinando para ficar ainda mais próximo de mim. Pude sentir seu hálito de algum chiclete barato e o perfume forte amadeirado que gritava "homem gostoso". O assisti piscar os olhos, erguendo uma sobrancelha e torcer os lábios em um sorriso malicioso.

─ Quem gosta de fazer joguinho aqui é você, Takahashi.─ Ele sussurou, perto demais.─ Na verdade, vim aqui saber se é verdade o que dizem por aí, mas vejo que só perdi tempo, eu deveria ter acreditado nos boatos.

─ Que boatos?─ Perguntei, agarrando a gola de sua blusa, impedindo que ele se afastasse demais. Ran não perdeu a oportunidade e antes mesmo que eu pudesse raciocinar, ele agarrou meus quadris, puxando-me para perto e colando nossos corpos.

─ Os boatos que você não é mais Aya Takahashi, a espada das Amazonas, aquela que destruiu uma gangue inteira, sozinha.─ Ele riu, se aproximando o suficiente para roçar nossos lábios. Ele riu novamente, se afastando e tirando suas mãos do meu corpo.─ Eles a chamam de fraca, Takahashi.

─ Eles a chamam de fraca, Takahashi

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Haitani maldito. E, sim, essa foi a única coisa que pensei assim que coloquei os pés naquele prédio abandonado. Os corredores continuavam os mesmos de sempre, com ervas daninhas escalando as paredes e misturando-se com o piso que não passava de uma extensa pista de cimento com buracos que davam para os andares de baixo. Caminhei, tomando cuidado com os buracos e para não acabar aplicando peso demais em determinada parte. Nas escadas, pulei degraus que já não existiam mais e me diverti entortando alguns pedaços dos corrimãos. Demorou um pouco mas cheguei na parte que importava.

O terraço do prédio era a parte mais limpa dali, certo que ainda havia ervas daninhas para todos os lados e torci o nariz para um rato que acabara de correr em direção ao que parecia ser seu esconderijo. Porém, continuava o mesmo lugar que eu gostava de passar boa parte das minhas noites quando tinha treze anos.

Enfiei uma mão na minha jaqueta e fitei o cigarro de maconha que estava no centro da minha palma. Ah, é, eu gostava de ir até ali quando era um pouco mais jovem e sem qualquer noção da vida para fumar maconha e pensar. Pensar em como achava aquela vida de delinquente um saco e que às vezes só queria ser uma adolescente normal, sem ser chamada de sanguinária pelas ruas como um bicho incontrolável.

Soltei um suspiro, dando passos para me aproximar do parapeito do prédio. Eu gostava de me sentar nas pedras que claramente não precisavam de muito para cair diretamente contra o asfalto da rua, adorava a sensação de estar no limite que aquilo trazia e do pequeno controle que estar ali lhe trazia.

Pisquei meus olhos, depositando o cigarro de maconha no parapeito. Eu não era mais aquela garota burra que achava que sabia o que estava fazendo e isso era bom, muito bom. Ainda assim, não sei como aquele sentimento que eu deveria dar adeus à aquela versão minha tinha se tornado tão presente em meu coração tanto quanto aquele constante pensamento que precisava ficar cada vez mais longe do meu passado.

Ergui minha cabeça para fitar a lua prateada no céu que continuava sem estrelas. Meu corpo se tensionou no mesmo instante que um estalo soou atrás de mim. E sequer tive uma chance de fazer um movimento para saber quem estava fazendo aquilo quando uma mão agarrou meus cabelos, me jogando no chão com tanta força que vermelho explodiu em minha visão quando minha cabeça atingiu o piso.

Porra!

─ Finalmente, achamos você, sua vagabunda traidora.

─ Finalmente, achamos você, sua vagabunda traidora

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Sinners • Tokyo RevengersOnde histórias criam vida. Descubra agora