☪ . ☆ FOURTY ONE ☆ . ☪

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Eu estava no meu apartamento

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Eu estava no meu apartamento. Dias se passavam com a lentidão de uma lesma e foi impossível não começar a ficar enjoada das paredes do hospital, certo que trabalhava ali por anos mas eu não ficava parada nem por um mísero segundo, nunca reparei que o branco das paredes eram na verdade um cinza muito claro. Suspirei, esfregando meus pés no tapete felpudo da sala.

Uma de minhas mãos estavam por cima da ferida causada pela tesoura, sentindo o curativo que há por debaixo de minha blusa. Eu havia acabado de engolir três analgésicos diferentes para que aquilo não doesse nem por um segundo e já podia os efeitos. Minha mente estava tão leve, assim como meu corpo que era incapaz de pensar direito e não sei como mais isso é um alívio. Com tudo que estava acontecendo, não pensar era um pouco mais do que um alívio se eu pensar bem... Bom, quer dizer...

Uma risada soprada escapou de meus lábios quando notei minha gafe e tombei minha cabeça deixando com que ela se afundasse no estofado macio.

Asuka estava no hospital e ficará lá por mais alguns dias, suas queimaduras não iriam se curar nem tão cedo. Bom, pelo menos, Violeta estava lhe visitando e isso a fazia não surtar completamente por estar presa em um quarto. Pisquei meus olhos e franzi o cenho por um instante ao ouvir batidas. Com muita lentidão, me sentei, lançando um olhar para a porta de madeira, esperando que a pessoa que estivesse do outro lado desistisse mas claro que ela não o fez.

Com passos arrastados, finalmente abri a porta e por muito pouco, não esfreguei meus olhos para ver se aquela pessoa em minha frente não era fruto de minha imaginação. Recuei um passo, cogitando fechar a porta quando seu pé foi colado no batente, impedindo que eu fechasse a porta por completo, e suas mãos se ergueram em um sinal de rendição.

─ Calma.─ Disse Lee, um barulho chamou minha atenção para seus braços erguidos e havia uma sacola ali.─ Soube do ataque, vim cuidar de você.

Lee estava na cozinha, preparando algo que iria me dar os nutrientes que são necessários para uma boa recuperação, de acordo com ele

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Lee estava na cozinha, preparando algo que iria me dar os nutrientes que são necessários para uma boa recuperação, de acordo com ele. Eu não deveria ter deixando ele entrar, não deveria mas... Foi ele que veio atrás de mim, depois de que eu o ignorei naquela noite na frente da casa do Hakkai. Ele não desisiu, mesmo eu tendo sido... Não, ele tentou me matar. Eu estava certa em agir daquele jeito, certo? Eu...

─ Aqui.─ Ele murmurou, depositando um prato na mesa de centro. Não me movi, continuei abraçada as minhas pernas com meu rosto mergulhado entre meus joelhos. Lee suspirou e eu ouvi o couro da poltrona ranger quando ele se sentou lá.

─ Precisamos falar, Aya.─ Disse o homem que eu infelizmente amava.

─ Você tentou me matar.─ Murmurei entre gaguejos.─ Não tem nada pra conversar.

O homem não disse nada por um momento.

─ Perdão, peço perdão por tudo que fiz a você.─ Foi o que falou, por fim.

Pisquei os olhos, erguendo minha cabeça para fitá-lo. Perdão?

─ Não fui o homem que prometi ser com você. Eu a machuquei em vez de protegê-la, sei disso muito bem, mas eu amo você, Junko.─ Junko. Ele me chamou de Junko.─ Eu a amo e mesmo que você me odeie, quero continuar sendo seu suporte. Quero não só seu perdão mas continuar a fazer parte de sua vida.

Ah... Ah...

─ Mas você já faz parte da minha vida.─ Falei, me levantando, fitando seu rosto.─ Em cada soco que levei nos últimos anos, cada pesadelo que tenho e cada medo que tenho. Você faz parte da minha vida e eu não podia odiar mais isso. Você me quebrou, Lee! Eu só queria uma vida e você me quebrou!

Ah, sim, as lágrimas escorriam por meu rosto deixando claro o quão abalada eu estava com tudo aquilo. Cansada, estava tão cansada...

─ Eu sinto muito, Junko. Eu só...

Pisquei e sem pensar muito, chutei a mesa de centro com força ao ponto de virá-la para o chão, fazendo o prato se despedaçar em mil pedacinhos e o líquido da sopa que havia preparado para mim cair no chão, molhando e sujando o tapete felpudo.

─ Me machucar. Você queria alguém para machucar e que ainda assim continuasse ao seu lado, é isso que você queira. E eu fui perfeita para isso. Você acabou comigo, não tem perdão para isso, Lee! Não tem perdão...

Desabei no sofá, soluçando enquanto murmurava repetitivamente “Não tem perdão” mas, Lee me abraçou. Ele deixou com que eu chorasse em seu peito, mesmo que às vezes o socava na tentativa de afastá-lo de mim. Ele ficou ali. Ele estava...

Não, ele não estava, não realmente ele só...

Solucei mais forte, abraçando seu corpo e enterrando meu rosto em seu peitoral, sentindo suas mãos acariciarem meus cabelos. Cansada, eu estava tão cansada daquilo tudo.

Estava cansada de Lee. De todo aquele caos que rodeava minha vida sem parar. Estava cansada de Ran. De sempre deixá-lo se aproximar, mesmo sabendo que ele me deixará, se tiver que escolher entre mim e a gangue que ele faz parte, ele me deixará novamente como se fosse apenas um brinquedo que ele usou até que se cansou. Ele não me pediria para ficar e me deixaria sozinha só com aquele amor que acabou comigo. Eu estava cansada de sempre estar rodeada por aqueles dois e suas complicações. Tão cansada de ter que suportar as consequências de suas ações.

Eu só queria um tempo para pensar em mim. Em pensar qual era meu papel no meio de toda aquela bagunça. Em pensar qual decisão era a certa... Eu só queria um tempo para mim mas, aqueles dois desgraçados nunca pareciam entender isso e me cercavam, fincando suas garras em mim e me fazendo ficar ainda mais cansada de tudo aquilo.

Lee me apertou contra ele, beijando meus cabelos por um instante. Ele murmurou algo em meu ouvido, antes de suas mãos segurarem meu rosto e o erguesse. Eu o fitei com os olhos ainda marejados.

Aqueles olhos que me encaravam... Conhecia muito bem aqueles olhos, eles sempre apareciam quando Lee parecia ter ganhado algo de muito valor, quando ele sabia que havia conseguido me fazer retornar para ele...

Abri minha boca, minhas mãos se fecharam em forma de punho, prontos para tirá-lo de perto quando....

Lee me beijou, seus dedos seguraram meu rosto e me mantiveram parada ali com os lábios colados com os dele. Mas, daquela vez, eu sabia que Lee estava errado, nós não voltaríamos a ser o que éramos, jamais iria me permitir passar por aquilo novamente.

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Sinners • Tokyo RevengersOnde histórias criam vida. Descubra agora