Eu não deveria estar aqui. Sabia muito bem disso mas assim que abri meus olhos naquela manhã com meu corpo dolorido depois de passar a noite levando chute e soco, me dando conta que de repente parecia que eu tinha treze anos de novo e que tudo aquilo era uma droga, uma vez que passei os últimos anos fugindo de toda a desgraça que rondava o mundo delinquente para aquela toda desgraça vir correndo pra cima de mim e metendo um puta de um soco na minha cara. O que era algo incrivelmente fudido, só pra destacar.
Mas, voltando... Eu não deveria estar ali. Prometi a mim mesma que nunca jamais colocaria o pé ali novamente, mas isso era antes de descobrir que tinha alguém querendo me foder. Penteei meus cabelos para trás com os dedos e adentrei no cemitério em minha frente, arrastando a sola das minhas botas pelo caminho feito de cimento. E não demorei muito para encontrá-lo. Ele se encontrava da mesma maneira de dois anos atrás, claro que agora estava livre de qualquer curativo e claramente menos acabado mas ainda assim, continuava a ser ele.
─ Você não cansa de visitar os mortos?─ Perguntei, guiando minhas mãos para o bolso do casaco que eu vestia por cima do macacão escuro e da blusa branca com qualquer merda escrita. O homem sentado no chão, ergueu a cabeça e não demorei muito para sorrir em sua direção.
─ Pensei que você sumiria, Aya.─ Disse ele, se erguendo e lançando um último olhar para as flores que depositou no túmulo antes de se virar em minha direção.
─ Pensei que sua lealdade também morreria quando ele parasse de respirar, mas aqui estamos, não é, Kakucho?─ Falei, piscando os olhos e inclinando a cabeça para o lado. Ele ergueu uma sobrancelha, recuando um passo. Não, ele não recuou, apenas se preparou para receber um golpe. Revirei meus olhos.
─ O que foi, Kaku? O que aconteceu com aquela irmandade de órfã que existia entre nós?─ Perguntei.
─ Eu não tenho as respostas que você precisa, Aya.
─ Mas sabe onde posso encontrá-las.─ Retruquei. Kaku suspirou, relaxando os músculos. Ele ficou em silêncio por um momento e aquilo me fez bufar de irritação, cruzando meus braços.
─ Não sei quem tá espalhando por aí que você está fraca ou sei lá o que seja.─ Por fim, falou.─ Mas sei que eles começaram em Yokohama, é isso que quer saber?
─ Kakucho, eu sei que você sabe mais.─ Soltei, espreitando olhar em sua direção. O homem de cicatriz revirou os olhos.
─ Eu não sei de mais nada, Aya.─ Eu estava bem perto de socá-lo quando ele continuou sua fala.─ Mas Madarame sabe, ele era quem estava soltando os boatos.
Madarame?
Franzi o cenho, forçando meu cérebro a se lembrar de algum momento que ouvi esse mesmo nome. E tive vontade de me atirar da ponte mais próxima quando me lembrei do imbecil que carregava o nome Madarame e não conseguia meter uma porrada sem dar uma surtado do caralho. Ah, eu mereço, só pode! Não acredito que vou ter que ficar perto de um lixo nuclear daqueles só para descobrir quem é o ser humano que está tão disposto a me foder.
─ E onde acho esse merda?
Kaku me fitou por um momento e sorriu, ali soube que aquele idiota sabia que eu ia odiar qualquer que fosse o lugar que ele dissesse e isso iria fazê-lo bastante feliz diante do meu claro desgosto. Arrombado, deveria ter morrido, isso sim!
─ Tem certeza que quer entrar aí?─ Perguntou Asuka ao meu lado. Pisquei os olhos e a analisei por um momento. Ela usava um vestido preto colado em seu corpo e uma maquiagem muito bem feita. Ela estava ótima, perfeita até. Asuka se misturaria bem e ficaria até invisível, completamente o contrário de mim e aquilo é uma desgraça.
Não sei como tirei forças para fazer com que meus cabelos curtos ficassem bagunçados de forma quase que selvagem para dar um charme para o delineado que contornava meus olhos e meus lábios pintados com um forte vermelho. Não sei como tirei forças para vestir a porra da única roupa curta e parcialmente de renda que tenho. E muito menos, como tirei forças para ligar para Asuka, convidando ela para uma noite em uma boate. Certo que esqueci de citar que não era uma boate normal, mas sim uma boate de stripper que sempre estava com policiais rondando o local por conta que ali era só um lugar frequentado pelos piores tipos de pessoas.
─ Não...─ Falei, arrastando minha voz enquanto observava um casal que estava praticamente trepando na porra da fila. Que nojo do caralho....─ Você tem certeza?
Asuka franziu o cenho e deu de ombros.
─ Já fui em lugares piores.─ Balancei a cabeça, concordando com suas palavras sem ter certeza de suas palavras. Aos poucos, a gente se aproximou da entrada da boate e só precisou de um piscar de olhos ao lado de uma voz de flerte para que Asuka e eu entrassemos sem pagar nada.
Quase fiquei cega com as luzes coloridas e extremamente fortes, além da música com batida claramente sexy, apesar de super animada. Torci o nariz na direção dos homens que estavam próximos das plataformas que tinham mulheres rebolando em fios dentais.
Nossa, como vou socar Kakucho na próxima vez que ver aquele merdinha!
Entrelacei meu braço no de Asuka e a puxei na direção do bar. Se eu fosse fazer aquela merda, então que fosse bêbada, pelo menos poderia me consolar com esse fato.
─ Não se afasta muito e não confia nem no que o garçom for te dar.─ Sussurei para ela, já me jogando no balcão, empurrando qualquer que seja a pessoa na minha frente para chamar o garçom com um gesto de mão.
Enquanto esperava nossas bebidas, observei Asuka começar a dançar e ela balançava os braços, tentando fazer com que eu fizesse o mesmo. Soltei uma risada, pronta para me levantar e me juntar a ela naquela dança quando meu olhos se depararam com eles.
Como sempre, sendo os irmãos com o laço que tinham, eles andavam juntos para todo lugar que iam como se fossem a porra de gêmeos siameses. Vestidos de preto do jeito que sempre faziam, jurei que todos os olhares se fixaram neles conforme adentravam na boate com passos lentos e um sorriso malicioso adornando seus lábios, dando um certo brilho perigoso para seus olhos roxos.
Por algum milagre, um deles não pareceu notar minha presença no meio daqueles mar de pessoas e isso era minha sorte. Mas claro que a porra da minha sorte não durava muito e que demorou nem um milissegundo para que um par de orbes roxeadas me encontrassem.
Ali, tive certeza que vou não só socar mas tentar afogar Kakucho em algum canal.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sinners • Tokyo Revengers
FanficAs vidas de Aya Takahashi e Asuka Nakamura não eram, nem de perto, parecidas. Enquanto Aya lutava para sobreviver aos traumas do passado que insistiam em ainda atormenta-la, Asuka buscava, a todo custo, esconder quem ela era de verdade, em uma tenta...