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Eu estava em choque

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Eu estava em choque. A ligação de Aya tinha me feito ficar em um estado tão petrificado que Koji teve que me chamar três vezes até que eu voltasse a realidade. Tudo bem... Eu tinha esquecido de mencionar para Aya que eu já tava na porra do aeroporto, esperando a porra do vôo. Sim, eu tinha esperado até o último segundo para avisar Aya que eu estava indo para o Japão, justamente porque sabia que a reação dela ia ser assim: uma puta de uma bosta. E eu nem tive tempo de dizer a ela que já era tarde demais porque eu estava indo para essa merda e já tinha tudo arrumado. Mas a reação de Aya foi pior, pior do que eu imaginei que seria.

-Asuka, tá tudo bem?- Daisy perguntou, tocando meu ombro. Eu pisquei os olhos lentamente, ciente do olhar de Koji e Violeta em mim.

-Acho que vou vomitar.- eu murmurei. E nem esperei que me dissessem alguma coisa antes de correr para o banheiro, colocando as tripas pra fora.

Não conseguia parar de tremer. Não conseguia parar de pensar no que Aya tinha dito, suas palavras martelando com força minha cabeça sem parar.

Aya não estava errada e eu sabia muito bem disso. Ainda assim, eu ainda vivia naquela ilusão maldita que nada tivesse mudado, mesmo que eu soubesse muito bem o que Ran e Rindou tinham se tornado. Ainda assim, escutar Aya gritar na minha cara que o mais provável era que Rindou me matasse no segundo que descobrisse a verdade foi como receber um soco no estômago. E era ainda pior constatar que, sim, Aya tinha razão. E eu deveria ter medo disso.

-Asuka?- escutei a voz de Daisy soar e em seguida ela bateu na porta. -Você precisa sair daí.

-Não consigo.- eu disse, os olhos queimando.

-O que aconteceu?- ela disse e eu sabia que estava chorando agora. Eu estava quase atirando tudo para o espaço e voltando para casa. Merda, merda o caralho! É nisso que dá se envolver com bandido, você se fode, e ainda tem que aguentar as consequências dessa porra, não importa quantos anos tenham se passado! -Asuka!

-Minha vida é a porra de uma merda, uma piada do caralho!- eu choraminguei, me levantando. Abri a porta e cambaleei até a pia, lavando a boca e o rosto. Daisy veio até mim, afagando minhas costas.

-O que aconteceu, Asuka?- ela disse, me olhando seriamente. Cobri o rosto com as mãos, respirando fundo.

-A verdade, Daisy, é que o pai da Violeta é um bandido, entendeu? E acabei de me dar conta que talvez eu me foda muito se, por acaso, ele descobrir que ela existe!- eu disse colocando as mãos nos cabelos e os puxando com força. Daisy fez uma careta, mas não pareceu nada surpresa, porque claro que Koji deve ter contado a verdade para ela, esse infeliz maldito.

-Asuka, você não foi embora com medo dele rejeitar ela?- Daisy perguntou e eu assenti. -Bom, talvez, então, ele nem ligue para a existência de Violeta.

-Eu não sei se escutar isso me deixa aliviada ou puta da vida, sendo bem sincera. - eu resmunguei e ela suspirou, me puxando para um forte abraço.

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