-Esse plano da Takahashi foi uma puta de uma merda. - Rindou soltou, passando os dedos pelas marcas nas minhas costas, me fazendo estremecer. Eu sabia que ele queria perguntar que porra era aquela desde a primeira vez que viu as cicatrizes, mas não disse nada e continuava sem dizer nada. E provavelmente nunca perguntaria, esperaria eu querer falar sobre o assunto e, sendo sincera, não sabia como explicar aquilo. Não sem lembrar do quão merda é minha vida, mesmo que eu já tenha plena consciência disso. -Se você tivesse me pedido ajuda, eu não teria te enfiado em uma boate pra trabalhar como stripper.
-Ah, é mesmo? E que solução foda você arranjaria para o problema que é minha vida?- eu perguntei, me inclinando para olhar os olhos roxos de Rindou. Ele deu de ombros.
-Você podia morar comigo.- ele soltou e eu torci o nariz.
-Com você e seu incrível irmão, é isso que você quer dizer?- eu disse com sarcasmo. -Os dois caras mais sádicos que já conheci? Não, obrigada. Além do mais, não quero você jogando na minha cara toda santa hora o como me ajudou e blá blá blá, dando uma de otário pra cima de mim.
Rindou revirou os olhos antes de me dar um beliscão, me fazendo olhar para ele com indignação antes de dar um tapa na testa dele. Ele agarrou minha mão na dele com força, me impedindo de soltar, o que me fez fazer uma careta.
-De qualquer forma.- eu resmunguei, deitando a cabeça no ombro dele. -Eu não vou me humilhar pedindo sua ajuda.
-Como você é idiota e orgulhosa. - ele suspirou, balançando a cabeça. Eu dei uma risada sarcástica para ele.
-Nada diferente de você, né?- eu disse e Rindou me deu um sorriso sarcástico.
Por um tempo, ficamos em um profundo silêncio. Ele percorreu as cicatrizes nas minhas costas com os dedos sem falar nada e era inevitável não estremecer com o toque. Eu costumava odiar pessoas tocando ali, ou que sequer vissem aquelas marcas horrorosas pela extensão das minhas costas. Odiava olhar para aquilo, odiava as lembranças que me traziam e odiava o como quem via aquelas marcas olhava meio torto para mim ou com pena. Isso sim me matava de verdade.
-Foi meu pai. - eu disse com um suspiro. Rindou piscou lentamente os olhos, confuso. -Essa... Coisa nas minhas costas. Foi ele que fez.
Silêncio; Rindou ficou em um silêncio tão profundo que me fez fazer uma careta, já começando a pensar que talvez eu devesse ter mantido o bico calado sobre isso.
-Quando eu era mais nova e fazia algo errado, ele me batia até eu estar sangrando no chão, incapaz de sequer me mexer. Eu ficava dias completamente imóvel porque não conseguia aguentar a dor. Minha mãe me escutava implorar por ajuda, mas nunca fez nada. É por isso que eu odeio quando você me chama de mimadinha. É injusto pra caralho, sabia disso?- eu disse tão baixo que nem sabia se ele estava escutando. Pisquei os olhos com força para afastar a vontade de chorar lembrando de tudo isso. De raiva, raiva por eu nunca ter sido capaz de fazer algo para mudar a situação de merda que eu vivia. -Porra, antes eu fosse mimada, antes isso do que... Enfim. Não importa.
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Sinners • Tokyo Revengers
Fiksi PenggemarAs vidas de Aya Takahashi e Asuka Nakamura não eram, nem de perto, parecidas. Enquanto Aya lutava para sobreviver aos traumas do passado que insistiam em ainda atormenta-la, Asuka buscava, a todo custo, esconder quem ela era de verdade, em uma tenta...