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"I'm not gonna leave

You're the truth I can't explain."

(Illusion)

SEBASTIAN

A semana passou voando e sem incidentes.

Quer dizer, quase sem incidentes.

Ter que sair no mesmo horário que Olivia e segurar sua mão, enquanto todos do nosso andar acompanhavam nossos passos, era tão natural quanto nosso chefe aparecer no meio da equipe dançando pelado.

Porém, logo as pessoas passaram a se acostumar com a visão de nós dois juntos.

O que para mim ainda era perturbador.

Eu não conseguia saber como Olivia estava se sentindo com tudo aquilo.

Claro, além do óbvio que ela não estava nem um pouco feliz com a situação, Sartori sempre teve um jeito de parecer completamente fechada para o mundo exterior. Nunca dava para saber o que ela estava pensando nem o que ela estava sentindo.

Só que naquela semana, estava ainda pior.

Olivia, eu tinha de admitir, embora fosse insuportavelmente rigorosa, era incrível no que fazia. Era rabugenta e reclamona, mas fazia as coisas funcionarem.

Entramos na empresa quase na mesma época como estagiários e fomos promovidos na mesma reunião.

Nosso antigo supervisor tinha feito uma bagunça tremenda com a equipe, o que tinha abalado e muito as ações da empresa.

Ele quase afundou todos nós na lama com um projeto super arriscado e que não deu retorno nenhum. Foi apenas porque Olivia me pediu para planejar um projeto paralelo com ela, um que acabou sendo nossa salvação, que fomos notados, promovidos e de quebra salvamos nosso setor de um colapso total.

Por mais que tivéssemos nossas diferenças e que todo mundo respirasse aliviado quando ela dava as costas, era por causa de Sartori que ainda fazíamos o que fazíamos.

Naquela semana, porém, eu quase não havia ouvido sua voz. A sua aura ameaçadora de sempre foi mantida apenas por seus olhares e expressões fechadas.

Nem mesmo as minhas provocações causavam efeito nela. Na verdade, se o assunto não fosse trabalho, ela parecia completamente desconectada da realidade.

As cortinas da minha sala estavam abertas me dando uma visão de toda a equipe. Na parte mais afastada, estava Sartori esperando a máquina despejar aquele café horroroso.

Mais uma vez, ela estava com o olhar vidrado em um ponto da parede na sua frente.

Ela olhou por cima do ombro como se sentisse que estava sendo observada, mas não imaginava quem seria o observador.

— É verdade que quando voltarmos do recesso vocês já vão estar casados?

Eu havia esquecido por completo que Marco estava fazendo um relatório na minha mesa e agora ele alternava o olhar entre meu rosto e para onde eu olhava.

— Provavelmente. — murmurei, voltando a analisar o papel na minha mão.

—Não vamos receber um convite? — O assistente perguntou com um sorriso de orelha a orelha.

Contive o impulso de dar uma risada de escárnio.

Teriam que passar por cima do meu cadáver cinco vezes, por cima do de Olivia quarenta e três, antes disso acontecer.

— Vai ser algo íntimo só para a família. Cartório e tal. Quando tiver a grande festa, vocês certamente serão convidados. — Abri um sorriso forçado para Marco.

Contrato de Casamento: Olivia e Sebastian em seu (in)felizes para sempreOnde histórias criam vida. Descubra agora