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"I'll bet she's beautiful, that girl he talks about."

(Teardrops On My Guitar)


OLIVIA

Eu iria cometer patricídio.

Abri minha maleta com certa brutalidade.

Iria matar meu pai lentamente.

Comecei a organizar meus produtos de higiene pessoal como de costume.

Ele era teimoso e impossível. Mas o velho era extremamente esperto.

Isso eu tinha de admitir.

Então me lembrei que estaria dividindo o meu quarto com mais uma pessoa.

Com Sebastian.

Acho que nem se eu grunhisse que nem uma besta descontrolada conseguiria expressar toda a minha frustração.

Uma vozinha fina e irritante no fundo da minha cabeça me dizer que eu havia cavado minha própria cova.

E pela primeira vez na vida, não era paranóia. Ela estava mais do que certa.

Pedro Sartori conhecia sua filha bem demais para saber que aquela história de noivado relâmpago era estranha demais para ser real.

Apesar disso, eu tinha de me manter firme. Ele não concordaria de jeito nenhum de eu estar fazendo aquilo só para tentar manter meu emprego.

Não ele, que dizia que eu teria trabalho sempre que quisesse cuidando e administrando as terras dele. Ele falaria, falaria e, como sempre, acabaria me convencendo que a melhor maneira era o que quer que ele sugerisse.

Meu pai era assim.

Para ele, nossa cidadezinha era um pedaço de céu na terra. Para mim, hoje em dia, era mais próximo de um pesadelo.

A cada esquina havia um conhecido com uma foto constrangedora sua no celular, da época que você usava aparelho.

A cada loja havia alguém tentando te contar como a vida do filho estava muito melhor do que a sua.

E o pior, a cada rua havia uma lembrança de um passado não tão distante que ainda era doloroso de lembrar.

Então contar a verdade para meu pai não era uma opção.

E, felizmente ou infelizmente, ele faria questão de ouvir a verdade da minha boca e para isso ele iria me testar de todas as formas para que eu chegasse no meu limite.

Meu pai estava muito bem familiarizado com as minhas ressalvas a respeito de Sebastian e estava forçando minha convivência com meu "futuro marido".

Contudo, eu era determinada.

E iria com aquilo até o fim.

Ele havia me criado uma Sartori, afinal.

Só precisava pedir a Deus uma dose extra de paciência para lidar com Sebastian.

Coloquei um vestido florido que havia colocado na bolsa de emergência que não usava há meses apenas porque o ar ali naquela época do ano era quase uma live experience do inferno.

— Você vai querer que eu te acompanhe até o hotel onde seus pais estão? — gritei contra a porta do banheiro.

— Com certeza, tenho medo de dar um passo para fora dessa casa sozinho e descobrir que não estou mais no Kansas.

— Sério, você é um otário. — comentei, passando protetor solar no meu rosto. Era bem capaz de eu acabar ficando com milhares de pintas na cara se não o fizesse.

Contrato de Casamento: Olivia e Sebastian em seu (in)felizes para sempreOnde histórias criam vida. Descubra agora