STING [𝐋𝐈𝐕𝐑𝐎 𝐈𝐈𝐈] daryl dixon⼁The Walking Dead

(Vol. VII) Ano IV p.e. ⎥ Poucos passos.

— Hey...

OS SUSSURROS PERTENCIAM aos olhos estreitos que me encaravam de volta através da penumbra. Eu não podia vê-los, realmente, mas estavam em minha mente. Diante dos meus olhos. Porque eu me lembrava...

— Heidi...

...Lembrava de olhos escuros. Boné. Camiseta de baseball. Uma frigideira em suas mãos.

— Acorde!

Abri os meus olhos ao mesmo tempo em que puxava o meu fôlego ruidosamente. Mas, por um segundo, foi como se nunca pudesse abri-los.

Toda a escuridão que me cercava parecia ter os arrancado das órbitas.

Por um breve momento, tentei identificar e situar o lugar aonde eu estava. Sabia que era no chão, afinal, os ângulos, consistência e frieza me diziam isso. Além da textura pegajosa de um lugar imundo contra a minha bochecha.

E como mariposas desesperadas por luz, as minhas pupilas se focaram em uma pequena fresta iluminada horizontalmente há alguns passos de distância. As sentindo arderem enquanto ainda permaneciam embaçadas.

Tentei me mover assim que o pânico do desconhecido acelerou o meu coração. Péssima decisão. A dor excruciante torceu o meu antebraço como fogo lambendo a carne exposta e logo um rugido de dor escapou por meus lábios ao me virar para o teto com bastante cuidado.

Abracei o braço ferido contra o meu peito, o sentindo latejar. E só então pude perceber a dificuldade para respirar através do meu nariz. Parecendo tapado em minhas vias aéreas. Assim como senti o pequeno inchaço em minha testa assim que levei a mão até o local.

Todas as memórias vieram até a minha mente tão claras quanto um filme diante dos meus olhos.

Negan. Navalha. Crossbow. Arat. Dwight. Daryl.

A dor pareceu aumentar de intensidade assim que revivi aquele momento.

O disparo contra Daryl o fazendo ir ao chão de forma tão covarde.

O soluço sufocou a minha garganta assim que a dificuldade para respirar se tornou cada vez mais evidente. Me fazendo começar a hiperventilar rapidamente como um ataque de pânico.

O escuro. A dúvida. A dor.

Não fazia a menor ideia de onde eu estava, mas queria sair dali o mais rápido possível.

Eu odiava o escuro. Eu sempre odiei o escuro.

Fechei os meus olhos com muita força apenas para entender que eles estavam fechados. Mas, aquilo parecia ser mais doloroso, afinal, a nuance de tom tão arruivado tomava as minhas pálpebras até que se tornasse o rabisco de um bigode ruivo sorridente.

Minha respiração cansada não era o suficiente. O meu esôfago não conseguia se dividir entre respirar e soluçar tão sentidamente. Obrigando-me a entreabrir os lábios e me esforçar para engolir o oxigênio de volta para os meus pulmões de forma desesperada.