PERCEBER A PASSAGEM DE TEMPO era um pouco difícil quando você estava trancafiada em uma caixa com janelas vedadas e cobertas. Entretanto, eu sabia dos meus horários através das visitas diárias da garota que agora eu sabia se chamar Jenna.
Logo pela manhã, enquanto o sol nascia, J-Top aparecia em meu quarto com uma bandeja contendo o meu café da manhã, agora em maior quantidade.
Dentro do pão agora tínhamos manteiga de amendoim, ao invés da costumeira ração de cachorro. A garrafa com líquido continha uma quantidade maior de suco. E algumas frutas, como pêssegos e maçãs, apareciam como uma sobremesa.
Por um mísero segundo, eu acreditei que aquilo poderia funcionar.
Jenna sempre me acompanhava até o galpão de trabalho como se eu ainda fosse o seu cachorro. Mas agora as minhas atividades eram diferentes. E, ao invés de ainda estar arrebentando as pontas dos meus dedos na limpeza das armas, eu havia sido promovida para o trabalho mais "leve" de recolhê-las nas mesas com a ajuda de carrinhos e entregá-las aos organizadores que as guardavam em caixotes.
Ao final do dia, quando a luz do sol já não era mais visível, todos os trabalhadores eram recolhidos até os seus respectivos alojamentos. Alguns para os canis e outros, como eu, para o nível dois. E assim o meu dia era finalizado pela janta simples constituída às vezes por uma sopa rala, às vezes por mingau de aveia.
E eu acreditei que poderia dar certo.
As palavras de J-Top estavam ricocheteando a minha cabeça o tempo todo. "Faça isso pelo bebê", "Seja a melhor aqui dentro", "Ganhe as regalias que todos nós temos". Mas a quem eu queria enganar?
Eu não era uma adestradora.
Eu ainda fazia parte da matilha.
Tudo ficava evidente quando as luzes se apagavam e eu não conseguia dormir no escuro. Olhando para o teto com minhas mãos sobre a barriga e vendo o rosto impaciente de Daryl... O meio sorriso de Rick... As covinhas fofas de Judith e o fato de eu ter visto Carl crescer diante dos meus olhos!
Aquilo me rasgava muito mais do que qualquer lâmina afiada no mundo. Fazia o meu estômago se revirar e eu estava constantemente perdendo o meu jantar no sanitário do banheiro conjugado.
A dor era real. A minha esperança de um dia conseguir sair dali e encontrá-los era mais real ainda. Não para enfiar uma bala em seus crânios, como Jenna supostamente gostaria, mas para abraçá-los até que eles ficassem tatuados em meus ossos.
Agora eu entendia porque não havia encontrado Simon anteriormente. Porque ele era o meu pai, mas talvez, não a minha família. Eu havia encontrado a minha família primeiro.
A dor era apenas um laço muito mais concreto e apertado do que os meus laços de sangue.
Naquela manhã, eu já havia me trocado no escuro quando me cansei de ficar deitada no fino colchão ainda no chão. O banho ainda era frio e bicarbonato era a única opção para os dentes, mas ainda servia muito mais do que não ter absolutamente nada.
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STING [𝐋𝐈𝐕𝐑𝐎 𝐈𝐈𝐈] daryl dixon⼁The Walking Dead
Fanfiction+18 ● 𝐒𝐓𝐈𝐍𝐆 [𝐋𝐈𝐕𝐑𝐎 𝐈𝐈𝐈] ● ⎢ ❝𝐂𝐇𝐄𝐆𝐎𝐔 𝐀𝐎 𝐏𝐎𝐍𝐓𝐎 em que todos os vivos são fortes. ❞ ⎢ 𝐀 𝐕𝐈𝐃𝐀 𝐄𝐌 𝐀𝐋𝐄𝐗𝐀𝐍𝐃𝐑𝐈𝐀 não poderia estar melhor, até o momento em que o ataque ao posto avançado dos Salvadores se torna uma...