(Vol. VIII) Ano VI p.e. ⎥ Antepor.

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AS COPAS MAIS AMARELADAS DENUNCIAVAM o início de um outono preguiçoso

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AS COPAS MAIS AMARELADAS DENUNCIAVAM o início de um outono preguiçoso. Pequenas manchas vermelhas no centro das folhas se perdiam entre o marrom e o verde das árvores mais resilientes. Exaltando tonalidades variadas que encheriam os olhos de qualquer artista.

Entretanto, eu não conseguia aproveitar o espírito leve da beleza ao meu redor. Fosse por meus olhos atentos nos mordedores desgarrados que vez ou outra apareciam para me atrapalhar, ou fosse por meus pensamentos rápidos e ansiosos sempre tirando conclusões precipitadas dentro da minha cabeça.

Apesar de estar caminhando na beira daquele rio em direção ao meu destino definitivo, ainda me sentia um pouco receosa com o que estava por vir. Mesmo decidindo me manter fiel aos meus valores e mesmo me preparando mentalmente para aceitar qualquer resultado que pudesse vir dessa última... "intervenção".

A mochila que eu carregava em minhas costas com mantimentos estava pesada, mas não tão pesada quanto o peso da preocupação que esmagava os meus ombros. Meus passos mais firmes pisavam com coragem em um caminho lamacento e todo o cenário ao redor estava claro, por culpa do dia ensolarado dessa manhã, apesar de ainda um pouco frio, tornando tudo mais dourado. Por isso eu tentava me distrair com a paisagem belíssima de uma floresta outonal.

O rio seguia o seu fluxo como sangue nas veias. Era uma bela metáfora pensar que ele continuaria seguindo o seu destino, quer queira, ou não, incapaz de ser contido. Assim como o meu coração, que acelerava o seu percurso em meus nervos conforme me aproximava cada vez mais do ponto daquele acampamento improvisado.

A primeira coisa que observei pouco acima da margem, foi um pequeno casebre improvisado feito em madeira. Nada mais era do que troncos de árvores cortadas, galhos com folhas e um punhado de cipós amarrando tudo como uma barraquinha improvisada com suas paredes precárias.

Me aproximei por trás da construção rústica com passos muito lentos e logo notei que alguns tecidos rasgados e impermeáveis de alguma barraca qualquer lhe davam um pouco de apoio, mantendo alguns pontos cobertos e protegidos contra o vento forte, ou frio.

Suspirei ruidosamente e com frustração assim que me posicionei na lateral daquela casinha e observei o seu interior completamente vazio. A não ser por mais um conjunto de troncos que formavam uma esteira, aonde uma lona envelhecida denunciava ser a cama de alguém. Do caçador.

Era incrivelmente irritante percebê-lo naquela situação, mesmo sabendo que o Dixon parecia gostar disso. Como eu havia dito tantas milhares de vezes, Daryl era capaz de enxergar ordem no caos dentro de si de formas ainda muito misteriosas pra mim. Mas parecia funcionar. Pelo menos era o que ele transparecia em cada um dos seus comportamentos únicos e tão peculiares.

Talvez o próprio fosse uma obra de arte. Daquelas abstratas nos museus, aonde você o observava em silêncio por horas, tentando descobrir o que diabos o artista queria dizer com tudo aquilo e então retirava as suas próprias reflexões, sem nunca ter uma resposta certa, ou errada.

STING [𝐋𝐈𝐕𝐑𝐎 𝐈𝐈𝐈] daryl dixon⼁The Walking DeadOnde histórias criam vida. Descubra agora