(Vol. VIII) Ano VI p.e. ⎥ Sangue ruim.

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O RETORNO PARA HILLTOP PARECEU mais doloroso e o dobro mais difícil emocionalmente

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O RETORNO PARA HILLTOP PARECEU mais doloroso e o dobro mais difícil emocionalmente. Rick e Michonne precisaram seguir para o Santuário, assim como Daryl. Obrigando que nós fôssemos divididos em um ponto do caminho e seguíssemos por direções opostas.

O meu coração estava pesado. Rick havia levado boa parte dos suprimentos que conseguimos para os Salvadores, enquanto nós carregávamos o corpo morto de Ken de volta para a sua família. Isso não era algo que esperávamos quando saímos daquela colina. Na verdade, ninguém esperaria. Mas a dor agora era real e afundava o nosso estômago com tanto afinco à ponto de tornar todo aquele percurso completamente fúnebre e silencioso. Como um cortejo para um funeral. Literalmente.

A nossa chegada na comunidade despertou a alegria dos outros integrantes, mas logo todo o clima ruiu. Maggie precisou dar a notícia para Tammy Rose e Earl, os pais de Ken, e aquela informação não foi bem recebida por eles. Isso ficou bem óbvio na forma como Alden também precisou amparar a mulher aos prantos de volta para casa, afinal, Alden trabalhava com Earl há um bom tempo e praticamente havia se tornado da família também.

Eu me mantive distante de toda a dor e lamentação. Já fazia alguns dias que eu estava em Hilltop e trabalhando com os ferreiros, compostos por Earl, Alden e o falecido Ken, mas isso não significava que eu tinha muita proximidade com a família, que era tão reservada. Aliás, eu me sentia incomodando, já que Tammy havia pedido que apenas as pessoas mais próximas participassem do funeral. Ela estava destruída.

Por outro lado, era bom não participar desse tipo de situação. Não era nada agradável assistir o corpo inerte de um menino que mal havia chegado aos vinte anos, tendo uma tampa de madeira fechada com pregos e o guardando debaixo de uma camada de terra solta. Era perturbador. Uma coisa tão comum nesses dias aonde os mortos não tinham um sossego eterno, mas ainda assim era desesperador.

Sentei em uma cadeira de balanço no quarto de Dev dentro daquele trailer aonde agora nós morávamos em Hilltop. A madrugada já havia cortado o céu com um ar mais frio e o menino em meus braços pareceu sentir a mudança do tempo, ou a saudade esquecida, quando o seu choro aborrecido chamou a minha atenção e me fez tirá-lo daquele berço.

Devyn estava cansado e ainda sonolento. Talvez fosse apenas um pesadelo. Me cortava o coração por saber que alguém tão pequeno já tinha motivos para ter sonhos ruins. Seja por seu pai não estar por perto para acalentá-lo como fazia tão bem, ou seja pelo fato dele ter conhecido a sensação de uma Beretta contra a sua cabeça.

Quando eu me lembrava disso o meu estômago revirava. Esses pensamentos me faziam entender que nós estávamos no lugar certo agora, em segurança. E de certa forma isso reconfortava o meu coração. Consolava os meus pensamentos pessimistas ainda mais atormentados pelas mortes de garotos tão jovens.

Comecei a balançar aquela cadeira lentamente como um ritmo mais doce para fazê-lo pegar no sono de novo. Cantarolando baixinho uma canção conhecida enquanto percebia os seus olhos piscando de forma pesada. Tentando mantê-los em minha direção, mas sendo pego pelo aconchego dos meus braços.

STING [𝐋𝐈𝐕𝐑𝐎 𝐈𝐈𝐈] daryl dixon⼁The Walking DeadOnde histórias criam vida. Descubra agora