(Vol. VII) Ano IV p.e. ⎥ Amados.

904 88 141
                                    

O TETO TÃO BRANCO DAQUELE banheiro começava a arder as minhas retinas

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

O TETO TÃO BRANCO DAQUELE banheiro começava a arder as minhas retinas. Mesmo assim, eu não conseguia desviar os meus olhos do mesmo painel pálido enquanto me mantinha deitada de costas nos ladrilhos frios, fitando como a cobertura de tinta esbranquiçada fazia a textura parecer como casca de ovo.

Abaixo das minhas costas, os azulejos eram gelados, mas estavam mornos no contorno do meu corpo. Isso acontecia por culpa da temperatura da minha pele e dos longos minutos em que eu ainda permanecia ali. Imóvel. Dentro do banheiro. Deitada ao lado do vaso sanitário com as duas mãos apoiadas sobre a barriga e encarando o teto como se ele fosse um mantra para me impedir de vomitar de novo.

Meus olhos estavam pesados e embaçados pelo enjoo. Meu estômago já havia feito tanto esforço contra a garganta à ponto de me deixar sonolenta. A minha eterna meditação, respirando fundo algumas vezes, observando o teto, já havia o transformado em um cenário sem sentindo. E a sensação ruim de vazio me deixava um pouco doente.

"Adel?". — Ouvi aquela voz profunda e conhecida chamando o meu apelido tão seu enquanto me procurava pelos cômodos da casa. Sua voz sempre seria um animal farejando os meus rastros, amaciando os meus ouvidos, se espalhando pelos corredores como folhas atiçadas pelo vento.

Um sorriso instintivo surgiu em meus lábios assim que cada borboleta flamejou por baixo da minha pele como cócegas arrepiando todo o meu corpo como um chamado angelical.

— Aqui! — Avisei fechando os meus olhos lentamente assim que todo o enjoo acentuado acabou roubando o romantismo das minhas veias em questão de segundos, lançando um gosto amargo em minha garganta que me fazia engolir pesadamente em seco de novo, torcendo o meu rosto em desaprovação.

Ouvi claramente quando a porta do banheiro se abriu e o homem que surgiu tão alto – comparado a minha posição ainda deitada – praticamente freou os seus passos como um susto ao perceber que quase havia me atingido ali no chão.

— Mas que porra... O que 'tá fazendo largada aí? — Daryl questionou ainda segurando a maçaneta quando a ponte do seu nariz se franziu apenas para dramatizar todas as dúvidas que surgiram naquele cenário confuso interpretado por mim.

— Estou... me perguntando porque todo esse lance de perpetuar a espécie é tãooo difícil. — Reclamei dentro de um suspiro exausto por sentir a minha boca salivando demais. Apenas um prelúdio conhecido de alguém querendo expulsar o próprio estômago pra fora.

— Precisa sair daí e se vestir. — Ele apontou como um aviso rouco um pouco mais sério assim que soltou aquela maçaneta e empurrou energicamente aquela porta com os dedos para que ela se tornasse mais aberta.

Eu estava angustiada demais para vestir roupas pesadas após tomar um bom banho naquele início de noite. E era por esse motivo que eu estava usando apenas uma blusa fina de mangas compridas, calcinha e meias enquanto aproveitava a temperatura mais fria dos azulejos até que o calor do meu corpo tomasse todas as superfícies.

STING [𝐋𝐈𝐕𝐑𝐎 𝐈𝐈𝐈] daryl dixon⼁The Walking DeadOnde histórias criam vida. Descubra agora