(Vol. VIII) Ano VI p.e. ⎥ Sepulcro.

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EU HAVIA ME TORNADO BOA EM MUITAS COISAS

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EU HAVIA ME TORNADO BOA EM MUITAS COISAS.

Havia aprendido um pouco de tudo com cada pessoa que cruzou o meu caminho até agora, estando ela ainda comigo, ou não. 

Me tornava grata a aqueles que ainda permaneciam aqui, assistindo ao meu crescimento pessoal como a minha família. E fazia preces honrando aqueles que já não estavam mais entre nós, homenageando suas memórias em cada mínimo passo dos meus dias.

Entretanto, havia algo que eu não conseguia aprender durante esse longo percurso. Mesmo quando eu tentei; mesmo quando foi necessário; mesmo quando a minha vida dependeu disso. E isso era ser fria.

Existia uma intensidade dentro da minha alma que frieza nenhuma era capaz de apagar. Eu me tornava incapaz de frear a dor no estômago evidenciando a frustração e medo, as mãos suadas e trementes de nervosismo, o soluçar em minha garganta e os meus dentes cerrados de aflição, quase me tornando uma covarde. 

O calor que queimava ante cada sentimento. Essas eram coisas incapazes de ignorar. Há muito tempo. Todos nós sabíamos disso.

Talvez, esse seja o motivo de estar rastreando um caçador desaparecido há horas e não ter encontrado nenhum sinal no meio daquelas árvores. Talvez a minha intensidade evidenciando o meu sofrimento e transbordando as minhas lágrimas sejam a razão de não conseguir encontrá-lo tão facilmente. 

Às vezes a ansiedade alcançava o meu corpo de formas muito profundas e isso poderia me deixar um pouco desorientada também.

Ou, talvez Daryl simplesmente não quisesse ser encontrado. Ele era bom nisso, nós sabíamos.

Era um fato, nós sempre teríamos defeitos. Sempre seriamos feitos de inseguranças. Eu, com certeza, tinha as minhas. Mas, nenhuma delas me impediriam de alcançar os meus objetivos, ou proteger as pessoas que eu amava. Eu usaria cada defeito e cada insegurança como um combustível potente para conseguir tudo o que fosse preciso e deixá-los seguros.

Parei os meus passos sobre as folhas por um segundo. Estanquei os meus pés firmemente no solo de terra e respirei várias e várias vezes, puxando o fôlego lentamente, soltando-o devagar, levando minhas duas mãos até os olhos e limpando as lágrimas acumuladas mais uma vez.

Não conseguia parar de chorar.

Nós nunca estávamos realmente prontos para perder alguém. Sabíamos que o mundo aonde vivíamos poderia nos levar sem prévio aviso, como sempre aconteceu até agora, mas ainda assim, nós nunca estávamos prontos para esse momento. O luto. A dor da perda não era amenizada ao lembrarmos que Rick havia salvado a vida de tantas pessoas. Que ele havia se sacrificado pelo bem de todos. Não, isso ainda doía.

Estava doendo em cada um de nós.

Eu poderia ter ficado perto dos outros e ter compartilhado todo aquele martírio que me consumia com ombros amigos. Poderia ser uma ótima maneira de me sentir reconfortada e mais acolhida. Seria uma boa maneira de acolher Michonne também, já que a mulher se sentia destruída. Mas, ao invés disso, simplesmente havia decidido me enfiar no meio de árvores altas que sempre pareciam ser as mesmas aos meus olhos e procurar por um homem que praticamente se sentia em casa no meio da floresta.

STING [𝐋𝐈𝐕𝐑𝐎 𝐈𝐈𝐈] daryl dixon⼁The Walking DeadOnde histórias criam vida. Descubra agora