Capítulo:02

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A noite chega e às vinte horas desço para o jantar, como não conheço ninguém me sirvo com tudo que tenho direito pois agora posso ter uma refeição digna.

Porém sempre em alerta não posso dá mole vai que por azar fui seguida.

— Boa noite, senhorita Ayla. Precisa de alguma coisa? –Ele coloca o guardanapo na mesa ao lado.

— Boa noite. Preciso de trabalho isso sim. –Eu acabo rindo de boca cheia o que é errado.

—Sério ? –Ele dá uma grande gargalhada.

—Claro, não falei mais cedo que se arrumar trabalho fico na cidade. E se você puder me ajudar, serei grata pelo resto da vida. Eu sei fazer de tudo um pouco. –Eu tomo um pouco do meu suco.

—Tá certo. Já que você está precisando trabalhar, aceita me ajudar aqui na pensão ? É que minha mãe vai viajar com as amigas por quinze dias e não encontrei ninguém que queira trabalhar na cozinha. Claro que só se você não se sentir desconfortável.–Ele limpar uma sujeira imaginária da roupa.

—Se eu aceito? Mas é claro que aceito o que mais gosto de fazer é cozinha é o que mais gosto de fazer. –Eu fico feliz da vida.

Eu nem sei como agradecer pela primeira vez estou me sentindo segura desde aquele maldito dia.

Eu jogo esses pensamentos para bem longe, não quero pensar em nada daquilo. Porque até hoje carrego as marcas pelo meu corpo.

Acabou o jantar e quando chego na recepção o Micael, está conversando com um homem, fico toda arrepiada.

Porque sentir um pouco de medo dele me pergunto por que esse medo Ayla? Porém não sei explicar talvez esse jeito bruto que ele tem não sei.

— Senhorita Ayla está tudo bem?–Ele nota ela tensa.

Eu só faço balança a cabeça e vou andando rápido para o meu quarto.

Senhor meu Deus me proteja como o senhor sempre fez mesmo nos momentos mais perturbado da minha vida.

Eu abro a porta e entro e passo a chave não quero correr o risco de ter intruso no meio da noite, e ter que lutar como no passado.

Vou até o banheiro, escovo meus dentes e quando olho no pequeno espelho vejo olheiras profundas.

Eu me ajoelho aos pés da cama e faço minha oração agradeço ao meu Deus por ter conseguido fugir daqueles desgraçados.

Após ora me deito porém não consigo dormir mesmo estando cansada.

Eu já vi que vai ser mas uma noite longa quando vou conseguir dormir uma noite toda Deus meu?

Eu vou até a varandinha que tem e fico observando a noite a lua brilha no céu estrelado e junto com o vento gelado da noite.

Eu fecho meus olhos e respiro fundo sentindo um pouco de paz aqui sinto que vou conseguir ficar segura por um tempo.

O vento está ficando mais forte e quando eu viro para voltar pra dentro vejo aquele homem indo embora.

Eu fico observando e quando ele olha na minha direção entrei rapidamente para o quarto.

Eu me deito e fico pensando e o sono que bom nada mesmo estando cansada, exausta parece que minha mente está em alerta o tempo todo.

Porque foi sempre assim, vive no meio de pessoas abusiva onde obrigam você fazer as coisas que não quer é um absurdo.

Porém ou você faz ou morre muitas vezes não fazia o que eles queriam e era castigada não é a toa que meu corpo leva a prova viva disso as cicatrizes que ficaram daqueles chicotadas.

Eu fico sufocada só de está em local onde tenha um pequeno número de homens porque sinto como se não tivesse ar o suficiente para respirar.

Até que tento manter a calma ou melhor tive que aprender a controlar esse medo se não apanhava.

Eu nunca vou esquecer a primeira chicotada que levei não foi uma, não foi duas foram várias.

Os meus pais trabalhavam para uma família muito rica que morava na cidade grande até então tudo normal.

Até que um dia a patroa da mamãe ficou doente, o marido dela me olhava estranho e às vezes tinha que me esconder dele.

Porque sentia muito medo dele e ficava sempre escondida dentro do quarto estudando e quando ele não estava em casa ajudava a mamãe na cozinha.

Até que um dia veio a notícia que a senhora tinha pouco tempo de vida então eles decidiram ir para uma chácara que eles tem no interior de São Paulo.

E assim se passou um mês e nós já estávamos numa chácara, o lugar é lindo só não gostei que tudo parece mais uma prisão mas enfim se meus pais estão aqui é aqui que vou ficar.

Eu pensei que seria tudo mas fácil, no entanto tudo ficou mais complicado foi ali que o senhor se mostrou quem ele era. Porque ele começou a espancar os empregados sem motivo nenhum.

Na casa só trabalhava mulheres e fora só tinha homens que com o passar dos dias fui vendo que na verdade era segurança do local e fazia tudo que o seu Ramiro mandava.

E assim os dias iam se passando até que chegou o dia que a senhora acordou sem vida e aquele homem não estava lá.

Um dos homens ligaram para ele que chegou de helicóptero e junto um médico e levaram o corpo embora.

Dia após dias as coisas só piorava era festa atrás de festa na chácara gente que só bebiam a casa só cheirava a álcool, cigarro e drogas.

Eu com meus treze  quase quatorze anos ouvia tudo aquilo sem falar nos gemidos por todos os lados da casa.

Até que um dia meus pais não aguentaram e não queriam que eu convivesse no meio daquelas coisas sujas do seu Ramiro e eles pediram demissão.

E a cena que vi passar como um filme na minha mente até hoje ele matou meu pai ali mesmo sem nenhuma chance em seguida ele pegou minha mãe a violentou e em seguida matou ela também.

Eu implorava para ele não fazer nada com meus pais, porém ele dava gargalhadas da minha cara como fica a mente de uma criança que viu seus pais sendo mortos na sua frente? Ela nunca esquece por mais que tente.

Dali em diante ele me trancou em um dos quarto e falou que eu seria sua mulherzinha fiquei apavora a mamãe depois que me tornei mocinha aos onze anos ela sempre me explicava as coisas.

E com os passar dos anos só piorava as coisa ele abusava de mim todos os dias e ainda obrigava-me a deitar com aqueles malditos que pagavam para o desgraçado.

Até que um dia eu não aceitei e comecei a lutar, já não aguentava mais viver daquele jeito enquanto as outras fazia tudo que era mandado.

Eu não aceitei então ele mandou seus capangas me dar várias chicotadas que o sangue desceu pelo meu corpo.

Eu fui forte e não derramei nenhuma lágrima, não iria dar esse gostinho a esses malditos abusadores de crianças e mulheres.

Eu corro pro banheiro e entro embaixo do chuveiro com roupa e tudo sinto como se estivesse me sufocando e o jeito que achei de me acalmar é ficar debaixo da água.

Calma Ayla, calma aqueles homens não podem lhe fazer maldade com você mais e ele não vai te achar não vai.

Eu respiro e as lágrimas descem pelo meu rosto nunca mais tive paz desde que da morte dos meus pais e o pior que ninguém fez nada.

Eu não sei o que aquele maldito fez que colocou a culpa no meu pai e logo apareceu um laudo médico falando que meus pais tinha depressão.

De onde saiu isso? E ninguém acreditou no que eu falei e aquele maldito conseguiu minha guarda claro como um juiz iria negar o pedido de um cara milionário que paga de bom moço perante a sociedade: no entanto ninguém sabe é que ele faz tanta maldade e é o monstro e a justiça não faz nada esse é nosso Brasil.

O fazendeiro delegado Onde histórias criam vida. Descubra agora