Capítulo:04

2.5K 134 4
                                    

Eu só tenho dinheiro para mais dois meses até lá, espero estar trabalhando.

A dona Carmem é uma senhora simpática estou aprendendo muito com ela amanhã é o dia de sua viagem e quando soube que eu iria ficar no seu lugar a mesma começou a me ensinar.

Eu não achei ruim, foi uma experiência ótima, às vezes tinha que segurar as lágrimas porque ela me fazia lembrar a mamãe quando estava cozinhando.

Após terminar de fazer o almoço,  quando olhei para  o salão as pessoas já estavam chegando para almoçar.

Eu estou feliz porque as pessoas estão gostando da comida que estou fazendo e agradeço a dona Carmem mais uma vez.

As duas horas termina o horário de almoço e a noite não vai ser aberta para o jantar devido a viagem da senhora.

—Você está bem Ayla? Vejo que você carrega uma grande tristeza no olhar, você não sorri como as moças que conheço. Eu vejo que seu sorriso é forçado me desculpa se estou sendo intrometida é que convivendo com você essa semana me fez ver como você realmente é. – Ela guarda a última penela.

— Estou ótima dona Carmem. Todos nós somos diferentes né dona Carmem ninguém é igual a outra pessoa pelo menos nunca conheci ninguém assim antes. E claro cada pessoa tem suas tristeza sendo elas diferentes né. Esse é meu jeito mesmo, eu sou assim desde que perdi meus pais. – Eu dou um sorriso e me lembro que está chegando a data que eles foram mortos.

— Se você está falando vou acreditar só fique sabendo que quando precisar estarei aqui. – Ela toca sua não e vai na direção da porta.

Eu achei estranho a dona Carmem falando daquele jeito, será que ela por um acaso lê a fisiologia das pessoas? Porque essa é a única coisa que consigo pensar nesse momento.

Ao entrar no quarto, vou direto para o banheiro retiro as minhas roupas e entrei embaixo do chuveiro deixo que a água fria escorra pelo meu corpo.

Lavo meu cabelo e quando estou passando o sabonete pelo meu corpo vejo a cicatriz que tenho na minha barriga.

Eu me lembro até hoje foi a primeira que aquele maldito fez em mim quando lhe dei uma bufetada na sua cara. Porque lutei para não ser abusada por ele. Pois o maldito me bateu tanto que desmaiei e quando acordei estava sem roupa em cima da cama e com o lanço sujo de sangue e com minha parte intima dolorida.

Meu Deus eu só queria esquecer esse passado dolorida da minha vida. Eu queria acordar amanhã e ter esquecido de tudo.

Esquecer quem sou, esquecer o que passei, esquecer aquela cena que presenciei a 16 anos atrás, esquecer todos horrores que aconteceram na minha vida.

Eu começo a escrever tudo o que vem na minha cabeça, essa foi a forma que encontrei de desabafar já que não tenho ninguém nesse mundo que possa confiar.

QUERIDO DIÁRIO!

Hoje não estou menos forte do que ontem porque chora, porque os meus olhos fraquejam quando tudo se torna mais difícil demais para aceitar quanto minha vida é sofrida e amarga.

Eu perdi vocês de um jeito tão cruel e sem ter feito nenhum mal aquele monstro muito pelo contrário vocês faziam o trabalho e nunca deixaram nada fora do lugar.

Eu perdi a minha vida com vocês porque não me mataram também assim não estaria sofrendo nesse mundo cruel

Eu já não tenho mais força de lutar, muito menos a de sorrir novamente. Mas, às vezes, é preciso deixar que as lágrimas caiam, senão vou ficar maluca.

Eu já tentei da um fim na minha vida e o maldito não deixou chegou bem a tempo de me salva. Porque não aguento mais ficar de pé.

Às vezes, eu preciso me permitir uma fraqueza para garantir e me força a seguir em frente para chegar o dia que vou fazer justiça pelos meus pais.

Porque as leis aqui na terra não valem de nada para os ricos. Às vezes, eu choro horas no banho tão necessário para não me mostrar fraca.

Eu hoje posso ter um pouco de paz finalmente conseguir fugir, posso me permitir a chorar e passo a noite toda chorando, pensar é um bendito remédio contra a tristeza. Será que é?

Descarregar as emoções negativas todas de uma vez numa torre de lágrimas é calmante. E se não melhora as circunstâncias, altera o meu olhar sobre elas.

Eu coloco as coisas mais importantes em perspectiva que é algum dia ficar cara a cara com aquele homem e lhe fazer pagar por todos os seus crimes.

Um choro pode ajudar a mandar embora as energias ruins e nos faz dar o primeiro passo para reencontrar nossa paz. Sim para aqueles que não tem feridas profundas.

No entanto eu nunca vou conseguir isso, minha sede de vingança consome a minha alma e leva o tempo que for esse dia chegará.

Isso que aconteceu, me dá o direito de sofrer e ninguém pode fazer nada para impedir os meus planos olho por olho dente por dente.

O mundo parece uma competição de sofrimento, onde você só deveria ter o direito de chorar se ninguém sofre mais do que você.

Cada um de nós lida com seus sentimentos sozinho sem ninguém para lhe ajudar.

E os acontecimentos que lhe cercam da forma que acabaram com sua vida mesmo estando viva e como se seu corpo estivesse lutando sozinho para sobreviver é assim que eu me sinto dia após dia.

Assim como depois da chuva o céu está limpo, as minhas lágrimas também ajudam a limpar a minha alma.

Eu torno a minha tristeza em algo mais fácil de lidar, e, assim, algo que pode ir embora. O choro é como um alívio à pressão intensa que a tristeza exerce sobre mim.

Exatamente como é o pé da água no céu de nuvens turbulentas. O meu choro desanuviava a minha dor.

Estou triste e, se minhas lágrimas contam a história da minha dor, são elas também que a ajudam a ir embora. Gota a gota.

Eu choro porque aprendi a lidar com minha tristeza, em vez de tentar escondê-la no fundo da minha alma, onde ela se tornou amargurada e rancorosa

Estou triste e não tenho minha vulnerabilidade. Pelo contrário! Admitir que choro entre quatro paredes porque a tristeza de novo mostra que sou tão frágil, porém sou forte o bastante para não demonstrar a ninguém as minhas fraquezas.

Eu vou ficar forte e vou arrumar um jeito de derrubar cada um deles, tenho o rosto de cada um deles gravado na memória daqueles velhos asqueroso.

Eu sinto o sono chegar, guardo o caderno, me certifiquei se a porta estava trancada e me deito e não demorou peguei no sono.

O fazendeiro delegado Onde histórias criam vida. Descubra agora