Você conseguiu, Ellie

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Dois dias se passaram desde a entrevista com o diretor do Manchester City, desde o dia em que terminei meu namoro e dei meu número de telefone ao Haaland. Eu já estava sem esperanças de receber uma resposta positiva do clube, esperei por alguma mensagem dele e nada também, acordei desanimada e mal comi no café da manhã, já estava pesquisando por vagas em outros hospitais quando meu celular vibrou em cima da mesa onde o coloquei pra carregar. Levantei quase me arrastando pra ver quem havia falado comigo, mas era um número desconhecido e não consegui ver o conteúdo da mensagem pela tela bloqueada.

- Oi doutora! - A primeira mensagem dizia e somente por ela eu já descobri de quem se tratava, meu coração acelerou. - Estive procurando um bom motivo pra falar com você desde que peguei seu número. - Foi impossível não sorrir ao saber que ele queria falar comigo tanto quanto eu esperei por uma mensagem dele.

- Oi loirinho! - Respondi antes que ele terminasse de digitar outra mensagem. - Falar comigo já não é um motivo bom o suficiente? - Tirei o celular do carregador e voltei pra o sofá com o estômago revirando em ansiedade. Ele parou de digitar por um momento e depois continuou.

- Eu não queria parecer tão ansioso. - Ele acrescentou alguns emojis sorrindo no final da frase. - Mas eu estava.

- É bom saber disso. - Também acrescentei emojis sorrindo e ele voltou a digitar.

- No entanto, acho que isso aqui é um motivo muito mais válido. - Ele enviou uma foto logo depois.

Demorei um tempo pra perceber que se tratava de uma foto do quadro de contratação do time. Não entendi muito bem até chegar no meu nome ao lado do posto de médica. Eu havia conseguido a vaga, meu coração quase parou.

- Eles provavelmente só vão te ligar a noite, mas, achei que gostaria de começar a arrumar as malas. - Ele disse, mas eu não respondi.

Minha respiração estava acelerada e minha mente quase que em branco, eu queria gritar, chorar, ligar pra Beca, pra o jornal e meus pais, mas não consegui sair do lugar. Haaland enviou mais algumas mensagens, mas eu não estava conseguindo responder, então ele me ligou.
Atendi no modo automático.

- Doutora? - Sua voz soou receosa. - Você está bem?

- Eu acho que meu corpo esqueceu de como funcionar corretamente. - Respondi com a voz baixa.

- Pois trate de acordar. - Ele riu. - Você conseguiu, Ellie.

- Puta merda! - Gritei do nada. - Eu consegui!

- Agora sim. - Ele comemorou do outro lado. - Não que eu já não soubesse que a vaga seria sua.

- Obrigada por me avisar! - Finalmente o agradeci. - Eu tô muito feliz!

- Eu também. - Comentou. - Preciso ir treinar agora, nos falamos depois.

- Até mais loirinho. - Respondi e ouvi uma risadinha baixa do outro lado da linha.

- Até mais, doutora. - Ele desligou e eu finalmente saí saltitando pela casa.

Só parei quando meu coração acelerou tanto que meus pulmões não conseguiram acompanhar. Passei o dia todo me remoendo até finalmente receber a ligação do diretor, marcando uma reunião para amanhã. Ele me adiantou que eu já deveria procurar um apartamento em Manchester e fazer as malas. Somente depois dessa ligação foi que criei coragem pra avisar à Beca e meus pais, porquê realmente havia dado certo.

- Você conseguiu! - Beca entrou no apartamento como um furacão, segurando um buquê de flores enorme. - Eu sabia, você é demais, garota!

- Eu consegui! - Comecei a pular novamente e a abracei, amassando as flores em sua mão.

- Cuidado! - Ela riu. - Isso aqui acabou de chegar pra você lá na portaria. - Ela me estendeu o buquê. - Tem tantas flores aí que eu não consegui achar o cartão no meio delas.

- Que lindas. - Coloquei o buquê em cima da mesa e procurei o cartão.

- Não que eu já não imagine quem tenha mandado, mas, de quem é? - Ela largou a bolsa em cima do sofá e me encarou.

- São do Haaland. - Disse baixinho, um sorriso tomando conta do meu rosto.

- Gosto dele. - Beca riu. - Tem atitude.

- Ele é um fofo. - Comentei, ainda embasbacada com o buquê.

- Então, tenho alguns apartamentos em vista. - Beca sentou no sofá e bateu na almofada ao lado dela, me chamando.

- Sim, claro. - Deixei as flores na mesa e corri até ela. - Ainda nem acredito que realmente consegui.

- Pois acredite, minha filha. - Beca riu. - Nós estamos nos mudando pra Manchester.

Passamos uma parte da tarde decidindo qual apartamento iríamos alugar e decidimos visitar alguns quando eu fosse para a reunião no clube. As coisas estavam se encaixando de uma maneira tão natural que eu só conseguia pensar que essa oportunidade realmente estava esperando por mim, que não havia como essa vaga ter pertencido a outra pessoa.

- Precisamos repaginar o seu guarda roupas. - Beca disse, do nada.

- Porquê?

- Primeiro, porquê você se veste como uma senhora. - Ela me olhou de cima a baixo. - Segundo, porquê você provavelmente vai viajar bastante com o time. - Eu não tinha pensado nisso, mas a ideia me agradou bastante. - E terceiro, porquê você tem que ter uma roupa bonita pra quando o Haaland te chamar pra sair.

- Deixa de invenção, Rebeca! - Ralhei com ela. - Ninguém vai me chamar pra sair.

- Você gosta de se fazer de sonsa. - Ela resmungou. - Vamos começar a empacotar nossas coisas, não acho que você vai ter muito tempo pra se mudar.

- Acho que você tem razão. - Me levantei e suspirei, preparando minha mente para a maratona de coisas que terei que fazer em pouco tempo.

Beca parecia saber exatamente o que fazer, talvez, em todo esse tempo que moramos juntas, ela tenha tido muito mais fé em mim do que eu mesma. Ela já tinha separado anúncios de apartamentos, já havia providenciado plástico bolha e caixas de papelão, parecia esperar apenas pela resposta que ela já sabia qual era. Só lembrei de agradecer as flores que Haaland me mandou quando passei por elas ainda em cima da mesa da sala de jantar. Arranjei um vaso com água e as coloquei, peguei o celular imediatamente e liguei pra ele.

- Doutora! - Ele falou um pouco alto, haviam outras vozes no fundo da ligação.

- Estou te atrapalhando? - Perguntei.

- De maneira alguma! - Respondeu apressado.

- Queria te agradecer pelas flores, são lindas. - Sorri ao encarar o vaso lotado de rosas.

- Você gostou mesmo? - Ele pareceu feliz.

- Amei, de verdade. - Me senti envergonhada por dizer isso, mesmo sem ele poder me ver.

- Fico feliz, doutora. - Ele suspirou.

- Eu vou desligar, pelo barulho, você deve estar ocupado. - Comentei.

- Ah, não... eu... - Ele tentou falar algo, mas foi cortado por vozes altas que riam e gritavam, provavelmente estava em uma festa com os rapazes do time.

- Nos vemos amanhã, loirinho. - Me despedi e desliguei.

Haaland é educado demais pra me deixar falando sozinha em uma ligação, mas estava difícil até de ouvir sua voz com tanto barulho ao redor.

Yuànfèn - Erling HaalandOnde histórias criam vida. Descubra agora