Yuànfèn - Erling Haaland

Abraços são ótimos remédios para dor

Seguimos no carro de Beca até um bar em Manchester, mais um lugar que Jena conhecia. Por sorte, não estava tão cheio e conseguimos fazer nossos pedidos sem dificuldade alguma. Beca não bebeu e se prontificou a ser motorista da vez, pedimos alguns petiscos e passamos um bom tempo conversando.

- E ai, você e o Haaland estão indo bem? - Jena perguntou, tenho a impressão que ela cria inúmeras histórias na cabeça dela sobre nós dois.

- Estamos sim. - Respondi ainda receosa. - Não sei como, mas estamos bem.

- E como conheceu a irmã dele? - Beca soltou uma risada, porque já sabia da história toda.

- Ela meio que me pegou de surpresa quando eu dormi na casa dele. - Jena arregalou os olhos e se engasgou com a cerveja que bebia.

- Vocês transaram? - Perguntou alto demais e eu assenti, morta de vergonha. - Que tudo! - Beca começou a rir da animação dela. - Do jeito que ele te olha, imagino que tenha sido uma loucura.

- Ela chegou em casa cheia de chupões da primeira vez. - Minha prima enxerida disse.

- Vocês são lindos juntos. - Jena disse. - Sério, e o jeito que ele está sempre por perto, onde quer que você esteja, é perfeito.

- Sou obrigada a concordar. - Beca suspirou. - Ele é completamente louco por você.

- Certo, vamos mudar de assunto. - Terminei minha cerveja. - Já deu da minha vida amorosa por hoje.

- O que pretende usar na festa? - Jena realmente mudou de assunto. - Precisa ir deslumbrante.

- Eu não faço ideia. - Dei de ombros. - Nunca fui a um evento desse porte, estou com medo de passar vergonha.

- Não vai. - Beca disse. - A irmã dele vai com a gente, com certeza sabe muito mais do que nós.

- É verdade. - Jena concordou. - Vamos garantir que você vai ser uma das mulheres mais bonitas da festa.

- Nem sei se deveria estar indo. - Confessei.

- Eu realmente gostaria de saber como você conseguiu. - Jena bebeu sua cerveja despreocupada e me encarou.

- Alvaréz me convidou. - O queixo dela caiu pela segunda vez na noite. - Ele me disse que iria sozinho e eu não consegui negar.

- O Haaland vai se morder todo. - Ela riu. - Eu queria ir, só pra ver isso de perto.

- Somos duas. - Beca também riu. - Precisamos fazer uma festa do pijama, pra você nos contar tudo depois.

- Super apoio. - Jena estava rindo demais, suspeitei que estivesse ficando bêbada.

- Vai ser tranquilo. - Tentei me convencer.

Também não bebi muito, parei na segunda garrafinha de cerveja e depois fiquei apenas conversando com as meninas até o horário em que decidimos ir embora. O trânsito estava tranquilo, as ruas um pouco vazias e pouco movimentadas. Jena cochilava no banco de trás enquanto Beca e eu seguíamos conversando e tentando decidir se a deixávamos na casa dela ou se a levávamos pra dormir na nossa casa.

Tudo aconteceu em uma fração de segundos, o semáforo abriu pra nós e Beca deu partida, não percebi quando ele bateu na nossa traseira, só vi o mundo girando e as coisas se quebrando com um barulho muito alto. Então tudo se apagou.

Meus olhos demoraram a se acostumar com a claridade excessiva, pisquei inúmeras vezes antes de finalmente enxergar tudo claramente. Eu estava em um quarto de hospital, soltei uma risadinha porque sempre achei uma ironia tremenda um médico recebendo ajuda médica. Alguém se levantou quando me ouviu e o rosto preocupado de Haaland apareceu no meu campo de visão, seus olhos estavam vermelhos e pequenininhos, ele suspirou pesadamente e fechou os olhos por alguns momentos.