Fechamos contrato no primeiro apartamento que vimos, conseguimos ir de trem para o trabalho e fica próximo do centro. Eu não tenho paciência para procurar ou andar muito, Beca já havia me dito que, entre as opções, o imóvel era o melhor, então eu apenas concordei. Não é barato, assim como nenhum dos outros dois, mas, com a minha melhoria de salário, conseguiríamos pagar sem passar por nenhum aperto. O condomínio é bonito e seguro, o que é muito importante pra duas mulheres que moram sozinhas, há tantas áreas de lazer que mal conseguimos dar atenção para todas.
- Eu vou ficar um nojo morando nesse lugar. - Beca girou as chaves no dedo.
- Vamos trazer nossos móveis ou comprar novos? - Perguntei enquanto observava que a cozinha era simplesmente grande demais para os móveis antigos.
- Tudo novo. - Respondeu rapidamente. - Amanhã nós trazemos nossas roupas e outras coisas importantes.
- Certo. - Concordei. - Vendemos os móveis antigos ao proprietário do outro apartamento.
- Perfeito. - Beca me abraçou. - Esse vai ser o nosso novo lar.
- Amém. - Suspirei. - Quero uma cama enorme.
- Pra caber o grandão? - Disparou e eu quase me engasguei com a saliva.
- Rebeca! - Ralhei e ela caiu na risada. - Vamos, temos muita coisa pra fazer.
Entramos no carro e voltamos, haviam poucas coisas pra organizar, visto que não levaríamos nenhum móvel. Depois de encaixotar tudo e combinar com a empresa de transporte o dia e a hora da nossa mudança, nos sentamos no sofá com duas pizzas entre nós e pesquisamos os móveis que compraríamos. Foi nesse momento que percebi como vida iria mudar e como as coisas finalmente estavam dando certo pra mim, senti vontade de chorar, de pular de alegria, mas apenas me contive em sorrir largamente e discutir sobre cores com minha prima.
No dia seguinte fui ao hospital universitário entregar a documentação de transferência. Quanto a isso não houve problema, me deram folga do que seria meu último dia de trabalho lá e pareciam felizes em se livrar de mim. Tenho recebido algumas mensagens de Luck desde que terminei o namoro, mas não respondi nenhuma e bloqueei suas ligações, não quero que ele saiba nada sobre minha vida e espero que me deixe em paz quando perceber que não vou lhe responder.
Voltei pra casa cansada e satisfeita, estava procurando algo para pedir no ifood quando recebi uma ligação de Haaland e parei o que estava fazendo pra lhe atender.
- Oi doutora! - Falou antes que eu pudesse dizer algo.
- Oi, loirinho! - Respondi e o ouvi sorrir.
- Como vai a mudança? - Perguntou em seguida.
- Tudo encaminhado, estamos indo amanhã. - Me deitei no sofá e esperei sua resposta.
- A que horas devo chegar? - De início não entendi, até lembrar que ele havia se oferecido pra ajudar na mudança.
- Não precisa se dar ao trabalho. - Tentei negar. - A empresa de transporte vai levar nossas coisas.
- Eu só perguntei o horário, doutora. - Insistiu. - Não podem ficar sozinhas com estranhos entrando e saindo do apartamento.
- Não quero abusar da sua hospitalidade.
- Pode abusar de mim, eu deixo. - Ele disse e depois começou a rir.
- Não seja bobo. - Senti meu rosto esquentar, mesmo sem poder ver ele. - Nós vamos pra Manchester pela manhã, acho que estaremos no apartamento novo por volta das 10:00 am.
- Perfeito. - Respondeu imediatamente. - É só me mandar o endereço e liberar a entrada do meu carro.
- Tudo bem. - Concordei.
- Grealish vai comigo. - Informou. - Depois te envio a placa do carro por mensagem.
- Vou fazer o jantar, como prometi. - Ele soltou uma risadinha.
- Certo. - A ligação ficou em silêncio por um tempo. - Te vejo amanhã, doutora. - Ele disse baixinho.
- Até amanhã, loirinho. - Respondi no mesmo tom e desliguei o telefone.
Sem perceber, suspirei. Ele me deixava assim, completamente idiota e sem nenhum esforço, meu rosto estava vermelho e quente mesmo sem estar de fato perto dele. Haaland parece ser um perfeito cavalheiro e me trata como se o fato de eu pisar no chão fosse uma afronta aos meus pés, isso me assusta e me surpreende a todo momento. E eu acho que ele percebeu isso.
- No que está pensando? - A voz de Beca interrompeu meus devaneios.
- Nem te vi chegar. - Pisquei algumas vezes.
- Estava no mundo da lua. - Ela sentou ao meu lado. - Tá tudo bem?
- Sim. - Assenti. - Estava conversando com Haaland.
- Ele te ligou? - Concordei. - Isso é bom, muito bom.
- Para. - A empurrei de leve. - Ele ligou pra confirmar que vai nos ajudar com a mudança amanhã.
- Sabemos que não foi só por causa disso. - Ela resmungou. - Mas uma ajudinha extra será bem vinda.
- Grealish também vem. - Complementei e ela abriu um sorriso.
- Melhor ainda.
- Você não tem jeito. - Neguei com a cabeça e ela me ignorou.
- Pedi dispensa no trabalho essa semana, pra podermos organizar tudo melhor. - Ela se levantou e foi pra cozinha. - Já que você não vai ter muito tempo.
- Estou me sentindo tão ansiosa. - Me levantei e fui atrás dela. - Minha barriga está gelada.
- É normal, está dando um grande passo. - Ela me tranquilizou. - Logo vai se acostumar.
- Espero que sim. - Me sentei, observando ela pegar algumas coisas na geladeira pra preparar o nosso jantar.
- Último jantar na casa antiga. - Disse, feliz.
- Eu estava prestes a pedir comida. - Informei e ela negou com a cabeça, apenas me ignorando. - Por falar nisso, falei pro Haaland que faria o jantar amanhã. - Avisei e ela riu, mas não disse nada. - Preciso pensar em algo.
- Sei de uma coisa que ele quer comer. - Ela disse como quem não quer nada e eu quase engulo minha própria língua.
- Rebeca, pelo amor de Deus! - Minha voz saiu nervosa demais e ela caiu na gargalhada.
- Você é muito madre teresa. - Ela resmungou. - Faz aquele risoto de de camarão com cogumelos. - Sugeriu. - Eu simplesmente amo.
- É uma boa ideia. - Concordei. - É rápido e fácil de fazer.
- Além de ser delicioso. - Ela completou.
- Bem, uma preocupação a menos. - Tamborilei meus dedos na mesa. - Já organizamos todas as nossas coisas?
- Sim. - Respondeu sem me olhar. - Amanhã só precisamos colocar as caixas no caminhão.
Ficamos conversando enquanto Beca preparava nosso jantar. Contei sobre as ligações e mensagens de Luck e ela me aconselhou a trocar de telefone, pra garantir que ele não me incomode mais. Jantamos combinando os detalhes para amanhã e fomos dormir cedo porquê teríamos um dia cheio.
(...)
Ellie sendo bem tratada pelo Haaland:
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Yuànfèn - Erling Haaland
FanficA força de um vínculo entre dois indivíduos. Um relacionamento unido pela fé e pelo destino. O amor que existe entre duas pessoas. || Esta história é composta por dois livros, ambos de mesmo nome, disponíveis no meu perfil. ||