Cheguei em casa completamente desanimada e puta da vida. O dia de hoje deveria ter sido incrível, eu deveria ter voltado pra casa completamente eufórica, mas eu só estou triste. Beca estava preparando o jantar e cantarolando alguma música do Calum Scott quando entrei, é meu cantor favorito e eu sequer tive ânimo pra cantar junto com ela, apenas me joguei no sofá e expirei até meus pulmões esvaziarem.
- Dia difícil? - Ela veio até a sala com uma taça cheia de vinho e me entregou.
- Dia frustrante. - Resmunguei e bebi metade do vinho em um gole. - Deveria ter sido um dia ótimo.
- Falou com ele? - Ela se sentou ao meu lado e cruzou as pernas, prestando atenção em mim.
- Falei. - Bebi mais um pouco. - Acredita que ele disse que não é bem o que eu estou pensando? - Bufei e Beca revirou os olhos.
- Que descarado. - Resmungou. - O que você disse?
- Pra ele me deixar em paz. - Resumi, não queria remoer o assunto ainda mais.
- Fez bem. - Ela assentiu. - E o que aconteceu de bom hoje?
- Conheci meu colega de trabalho. - Lembrei de Ethan. - Ele conta piadas ruins e come como se o mundo fosse acabar.
- Gostei. - Beca riu. - Tem foto dele aí?
- Porquê eu teria? - Ri. - Almoçamos juntos e eu dei algumas risadas sinceras hoje, por causa dele.
- Isso é bom. - Ela pareceu pensar. - Precisamos de amigos novos, já que os dois jogadores estão cortados da lista.
- Espero que amanhã seja melhor. - Terminei de beber o vinho. - E que Haaland me deixe em paz.
- Ele vai te procurar. - Disse, convicta. - Você é gata demais, marca as pessoas.
- Para com isso. - Não contive a risada. - A pior parte é que eu não consigo parar de pensar nele. - Confessei. - Ele beija tão bem.
- Beija outra pessoa que isso passa. - Ela fez pouco caso.
- Acho que já tive prejuízo demais com um único beijo. - Relevei. - Vou ficar na minha por um tempo.
- Você que sabe. - Ela se levantou novamente. - Vou terminar o jantar, vai tomar um banho.
- Eu tô fedendo? - Me levantei, indignada.
- Eu não ia dizer nada, mas, já que perguntou. - Ela desdenhou. - Vai tomar banho, fedorenta.
- Idiota. - Resmunguei e saí me arrastando até o meu quarto.
Tomei um banho rápido e vesti uma roupa qualquer, já encontrei a mesa posta e Beca digitando furiosamente no celular.
- Aconteceu alguma coisa no trabalho? - Me sentei na cadeira a frente dela.
- No trabalho não. - Respondeu sem me olhar. - Acredita que o Grealish ainda teve a pachorra de vir falar comigo depois do que o amigo dele aprontou?
- Você não precisa brigar com ninguém por minha causa. - Me servi de suco.
- É claro que preciso. - Retrucou. - Não quero conversa.
- É um assunto meu e do Haaland, Beca. - Tentei amenizar. - Talvez o Jack nem estivesse sabendo que nos beijamos.
- Problema dele. - Ela deu de ombros e travou o celular. - Nós conversamos sobre a química entre vocês dois quando fomos comprar o vinho, ele poderia ter me dito que o amigo idiota tem a porra de uma namorada.
- Podemos deixar isso de lado? - Senti meu estômago revirar e minha fome quase foi embora. - Não quero mais falar disso.
- Com certeza. - Ela largou o celular na mesa e começou a nos servir.
O jantar foi tranquilo, conversamos sobre meu trabalho, sobre o trabalho dela e sobre as novidades do dia. Beca é uma pessoa tão ativa, que mesmo em casa as coisas acontecem. Assistimos um filme depois de comer e eu fui me deitar cedo, parecia que um rolo compressor havia passado por cima de mim e eu só queria dormir.
Acordei completamente assustada com o despertador berrando no meu ouvido. Levantei com o coração acelerado e, com toda essa energia do susto, me arrumei rapidamente. Beca não se levantou hoje, não sou tão especial a ponto dela acordar cedo dois dias seguidos estando de folga. Ainda bem que ela estava dormindo e não me viu pegar apenas algumas uvas e sair voando do apartamento. Por pouco não perdi o metrô, mas consegui chegar no trabalho na hora certa. Estava esperando um dos carrinhos vir me buscar quando um carro parou ao meu lado.
- Ellie! - Ethan sorriu quando o vidro baixou. - O que faz aqui?
- Esperando o carrinho. - Minha fala fez ele rir ainda mais.
- Entra aí. - Ouvi as portas do carro destravando.
Não reclamei, caminhei até a porta do lado do carona e entrei. O carro estava quente e o vidro subiu assim que as portas foram travadas novamente.
- Obrigada. - Sorri e me inclinei para lhe cumprimentar com um beijo na bochecha.
- Você não dirige? - Perguntou, curioso.
- Tenho carteira, mas tenho medo. - Resumi. - Mas, pretendo comprar um carro em breve.
- Onde você mora? - Perguntou enquanto fazíamos a curva para entrar no estacionamento coberto.
- A quinze minutos daqui. - Lhe informei o nome do condomínio e a avenida onde ele ficava.
- Eu passo por lá todos os dias. - Disse sorrindo. - Posso te dar carona enquanto você não compra o carro.
- Não precisa, eu venho de metrô. - Tentei negar. - Chego muito rápido.
- É meu caminho, morena. - Me assustei com o apelido, mas fiquei muda como uma idiota. - Você pode acordar vinte minutos mais tarde.
- Tudo bem. - Foi o que consegui dizer, pois a vergonha havia mexido com a configuração do meu cérebro. - Obrigada por isso também, vou te ajudar com a gasolina.
- Fechado. - Ele sorriu. - E não precisa me agradecer.
- Então, morena, é? - Finalmente consegui questionar o apelido recente.
- Me desculpe por sair te dando apelidos assim. - Respondeu envergonhado. - É que a cor dos seus cabelos foi a primeira coisa que notei.
- Porquê? - Minha curiosidade superou minha vergonha.
- De onde eu vim não tem muita gente com cabelos castanhos. - Explicou.
- E de onde você é?
- Alemanha. - Meu queixo caiu.
- Mas você não tem sotaque. - Retruquei.
- Eu fiz aulas. - Soltou uma risadinha. - Pra suavizar meu modo de falar e não parecer que estou xingando alguém sempre que desejar um bom dia.
- Entendi. - Sorri junto com ele. - Vou te arranjar um apelido também.
- Fique à vontade.
Ele estacionou o carro na vaga reservada com seu nome, eu também tenho uma, mas só Deus sabe quando vou usar. Tomei cuidado pra não bater a porta do carro muito forte, é algo que meu pai me ensinou quando era pequena, que a maioria das coisas nessa vida não se resolve com força e sim com jeito.
Assim que pisei meus pés fora do carro, vi Haaland do outro lado do pátio. Ele já estava perto do elevador e eu entrei em desespero ao pensar que nós três estaríamos presos em um cubículo. O loiro nos encarou incrédulo, sua expressão ficou séria e emburrada, ele tirou o celular do bolso e começou a prestar atenção demais nele, tentando nos ignorar e eu gostaria muito que tivesse conseguido.
- Olha só, não vamos precisar esperar tanto pelo elevador. - Ethan sorriu quando viu o outro loiro mais a nossa frente.
- Pois é. - Respondi, tentando não transparecer meu pânico.
Caminhamos em direção ao loiro emburrado que fazia de tudo pra não nos encarar, o problema é que Ethan tem espírito de vereador, está sempre simpático e sorridente demais.
- Bom dia, Haaland! - Disse, todo sorridente.
- Bom dia. - Respondeu, tentando disfarçar seu mau humor. Eu não disse nada, quase me encolhi diante dele.
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Yuànfèn - Erling Haaland
Fiksi PenggemarA força de um vínculo entre dois indivíduos. Um relacionamento unido pela fé e pelo destino. O amor que existe entre duas pessoas. || Esta história é composta por dois livros, ambos de mesmo nome, disponíveis no meu perfil. ||