Nossos sinceros votos de melhora

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Haaland foi embora bem cedo, como disse que faria, afinal, quem havia recebido dias de folga era eu. Ainda passei um tempo na cama, pensando em tudo que havia acontecido em poucas horas e no quão morta eu poderia estar agora. Me levantei quando ouvi inúmeras vozes e soube que minha família realmente estava falando sério quando disseram que chegariam cedo. Estava prestes a sair do quarto quando Dave entrou e bateu a porta atrás de si.

- Vamos conversar enquanto a mamãe acha que você ainda está dormindo. - Disse sério e se sentou na minha cama.

- Pode falar. - Me sentei também, me sentindo estranhamente nervosa.

- Conversei com Erling ontem. - Eu assenti. - De cara percebi que havia alguma coisa estranha entre vocês dois. - Ele riu. - Mas, depois que ele me explicou tudo, desisti de quebrar as pernas dele.

- Dave! - Ralhei e ele riu ainda mais.

- Você é minha irmã mais nova, Eliza. - Continuou. - Obviamente me preocupo com você.

- Eu sei disso. - Respondi. - Mas eu sei me virar sozinha.

- Sabe é? - Ele ergueu a sobrancelha. - Eu me ofereci pra ajudar ele.

- Ele me disse.

- Papai tem certeza que vocês estão namorando. - Me informou. - E mamãe está em dúvida entre ele e Alvaréz.

- Sério? - Soltei uma risada. - Meu Deus do céu.

- Papai disse que aprova você e o Haaland. - Revirou os olhos, porquê era óbvio. - Ainda disse que ajudaria ele com a concorrência.

- Papai é inacreditável. - Neguei com a cabeça e Dave riu. Se ele não estivesse tão preocupado comigo, estaria pior que nosso pai.

- Agora, uma pergunta que não sai da minha cabeça. - Ele se levantou. - Porquê você vai na festa com o Alvaréz?

- Ele me convidou. - Dei de ombros. - A família dele vai estar viajando e ele não queria ir sozinho.

- E o Haaland?

- Se mordendo. - Ele riu. - Mas, ele vai com a namorada falsa e não pode me cobrar nada.

- Dá pra ver que ele é louco por você. - Admitiu. - E que o Alvaréz tem interesse.

- Eu só vou à festa com ele. - Repeti.

- Só queria ter certeza de que você sabe o que está fazendo. - Ele me encarou, esperando uma resposta.

- Eu não sei o que estou fazendo. - Admiti e ele riu. - Mas não tenho como fazer outra coisa, gosto muito daquele loiro azedo.

- Tudo bem. - Ele se levantou. - Tem outro buquê de flores pra você lá na sala.

- Quem mandou? - Ele deu de ombros.

- A essa altura mamãe já deve ter lido o cartão. - Eu ri. - Levanta, vamos tomar café da manhã.

- Só vou tomar um banho. - Avisei enquanto ele saía do quarto.

Um buquê de flores enorme repousava sobre a mesa da sala. Caminhei até lá, procurando o cartão em meio a tantas flores diferentes, encontrei uma cartinha dobrada em mil partes.

"Nossos sinceros votos de melhora." Era o que dizia no cartão e logo em baixo, as assinaturas do Guardiola e de todos os jogadores do City.

- São lindas. - Mamãe apareceu com um jarro com água. - As pessoas do seu trabalho parecem gostar mesmo de você.

- Eles são amáveis. - Pus as flores no vaso. - Mas acho que não vou ficar tantos dias em casa.

- Fique de repouso hoje. - Ela sugeriu. - Saia com as meninas amanhã e celebrem por estarem bem.

- Vou falar com elas mais tarde. - Ela assentiu.

- Vem comer.

Meu pai e meu irmão já estavam na cozinha, comendo. Conversavam sobre qualquer coisa que eu com certeza não entenderia, então apenas me ocupei em pegar minha comida e me sentei perto deles.

- Filha, quando vai nos levar pra um jogo do City? - Papai perguntou. - Sabe, gostaria de uma camisa do Haaland.

- É só comprar uma. - Mamãe retrucou.

- Não corta minha onda. - Ele ralhou. - Quando tem jogo?

- Só depois da cerimônia da bola de ouro. - Dei de ombros. - Posso arranjar ingressos se ficarem por aqui até lá.

- Não vai dar. - Meu irmão interferiu. - Mas, podemos tentar vir no dia do jogo.

- Mudando de assunto. - Mamãe se sentou com sua inseparável xícara de café. - O que devo preparar para o jantar?

- Bem, vão haver alguns jogadores por aqui. - Ponderei. - Não podem ser comidas muito gordurosas.

- Entendi. - Ela assentiu. - Comida saudável.

- Sinto muito, mas vou comprar bebidas. - Dave declarou. - Azar de quem não puder beber.

- Você vai se dar bem com a Jena. - Ri só de pensar. - Ele bebe mais que carro velho.

- Ao menos não vou beber sozinho. - Deu de ombros.

- E eu morri? - Papai resmungou. - Vou beber também, garoto.

A discussão se estendeu até que Beca acordou  e se juntou a nós, também dando opiniões sobre o jantar. Eu estava nervosa por ter tantas pessoas do meu trabalho juntas e não poderia nem beber uns drinks pra relaxar, porque o médico me proibiu de beber por uma semana. Após o café da manhã, mandei mensagens pra Jena, perguntando se ela estava bem. Ela disse que sim e falou que também recebeu flores da equipe do City, se animou quando contei do jantar e ficou ainda mais feliz quando falei sobre irmos ao shopping novamente.

Também mandei mensagem pra Gabrielle e ficou combinado que nos encontraríamos em frente a uma loja onde ela disse que encontraríamos o vestido perfeito pra mim. Ela contou que seus pais adiaram a volta pra casa por causa do jantar que minha mãe os convidou e disse que ambos estavam animados. Duvidei que Alf pudesse estar animado, mas não demonstrei minha desconfiança, confirmei o horário que nos encontraríamos no shopping e voltei a prestar atenção na minha família.

Era estranho ter todos eles na minha casa, porquê fazia muito tempo que isso não acontecia. Eu estava feliz e desconfortável ao mesmo tempo, porquê foi preciso que um acidente acontecesse pra que pudéssemos nos reunir, se fosse em uma ocasião comum, iríamos procurar desculpas e dizer que não tínhamos tempo, que estávamos ocupados com o trabalho ou cansados da correria. Isso me fez pensar em como o tempo vai passando por nós, que enquanto estamos tão focados em ganhar dinheiro e pagar contas, também estamos envelhecendo e aquelas pessoas que nos viram crescer ainda mais.

Meus pais já apresentam cabelos brancos, meu irmão tem algumas rugas em baixo dos olhos e eu estou mais ranzinza. Percebi que preciso me reaproximar da minha família, passar mais tempo com eles enquanto temos tempo.

Yuànfèn - Erling HaalandOnde histórias criam vida. Descubra agora