Yuànfèn - Erling Haaland

Eu precisava de um beijo da sorte

Faltavam quinze minutos para o início do jogo e eu ainda não havia conseguido falar com Haaland. Ele não foi dormir comigo depois que me viu com Ethan na porta do meu quarto, não respondeu as mensagens que eu mandei e pareceu sumir no café da manhã. Voltei ao meu quarto depois de comer, pra trocar de roupa e pegar minhas coisas pra encontrar a equipe no ônibus. Vesti a camisa com o número e o nome dele, mas me senti insegura com isso e deixei meu cabelo solto, cobrindo as costas da roupa. Além disso, peguei um casaco pra levar também.

Estava quase saindo novamente quando alguém bateu na minha porta, abri ainda desatenta, esperando encontrar a camareira que viria buscar o carrinho do jantar de ontem, que eu pedi no quarto. Mas encontrei Haaland no lugar dela.

- Haaland, o que voc... - Não consegui terminar a frase porque ele simplesmente agarrou minha cintura e me beijou, nos empurrando pra dentro do quarto.

Com o susto, demorei a retribuir o beijo, mas ele me apertou, me fazendo arfar e enfiou a língua na minha boca quando isso aconteceu. Joguei meus braços ao redor do pescoço dele e senti os dele se enroscando na minha cintura, me deixando ainda mais perto. Quando ele me largou, precisei respirar fundo algumas vezes antes de conseguir emitir algum som.

- Meu Deus. - Dei alguns passos pra trás. - O que foi isso?

- Eu precisava de um beijo da sorte. - Ele sorriu.

- Então você some e do nada aparece me beijando? - Cruzei os braços e ele baixou a cabeça.

- Me desculpe. - Fez a maior cara de culpa e eu fiquei com pena, porque sou idiota. - Eu te vi abraçada com o Ethan e fiquei morrendo de ciúmes.

- E aí você ignorou todas as minhas mensagens e não veio dormir comigo noite passada. - Ralhei e ele soltou uma risadinha. - O que foi?

- Você ficou me esperando? - Haaland tinha um sorriso besta no rosto e eu tive vontade de lhe dar um murro.

- Te esperar? - Provoquei. - Eu poderia ter colocado o Ethan no seu lugar.

- Ele não iria dar conta de você na cama. - Ele entrou na brincadeira. - Precisa ter uma rotina de treino pesada. - Se aproximou novamente e eu senti meu rosto esquentar.

- Para com isso. - Resmunguei e ele riu ainda mais.

- Prometo que nunca mais vou fazer isso. - Eu assenti. - Vim te buscar, pra irmos pra o ônibus.

- Eu já estava saindo. - Caminhei até a mesa e peguei minha bolsa.

- Porquê está escondendo meu nome? - Ele enrolou meu cabelo na mão e me puxou para trás, fazendo meu corpo bater contra o dele.

- Você não está com essa moral toda. - Falei, mesmo tendo sentido minha pele arrepiar completamente depois dele deixar um beijo no meu pescoço.

- Te mostro que tenho essa moral toda depois. - Ele deu uma mordida leve no meu maxilar.

- O que aconteceu com você? - O afastei e saí do quarto, o impedindo de me agarrar novamente.

- Nada. - Deu de ombros. - Eu só acordei um pouco mais decidido sobre algumas coisas.

- Coisas como? - Perguntei enquanto caminhávamos em direção ao estacionamento.

- Deixa pra lá. - Ele riu. - Espero que esteja preparada pra torcer por mim hoje.

- Eu estou sempre torcendo por vocês. - Dei de ombros.

- Vocês não. - Negou com a cabeça. - Por mim, eu, no singular.

- Não seja egoísta. - Briguei e ele riu.

- Vai ter uma festa da premiação da bola de ouro, está sabendo? - Eu neguei. - Bem, eu estou concorrendo.

- Sério?! - Me animei. - Caramba, isso é ótimo, parabéns.

- Ainda não ganhei. - Ele deu de ombros. - Enfim, como estou concorrendo, o time inteiro vai na festa depois. - Ele ficou um pouco sem jeito pra falar depois. - Gostaria de te convidar pra ir também.

- Claro, posso ir com os rapazes. - Assenti.

- Não, doutora. - Ele me parou. - Estou te convidando pra ir à cerimônia e depois na festa.

- Não posso ir assim. - Respondi, mesmo que um pouco triste. - Você tem namorada, lembra?

- O Alvaréz também foi indicado. - Ele disse. - Tenho certeza de que ele vai te convidar pra ir com ele.

- Eu não sei..

- O Bernardo também vai estar lá com a esposa. - Sorri ao lembrar de Inês. - Não vai parecer nada demais você ir com o Alvaréz.

- Talvez pareça, pra ele. - Haaland pareceu pensar bem. - Não quero passar nenhuma ideia errada.

- Eu gostaria de levar você como minha acompanhante e te exibir lá no palco. - Ele falou sério, mas eu ri. - Não vou ficar chateado se você não quiser ir, principalmente porquê a chata da Isabel já avisou que vai.

- Eu vou pensar, tudo bem? - Ele assentiu. - Se o Alvaréz me convidar, eu te aviso.

- Ele vai. - Haaland riu e pegou o celular. - Olha isso aqui. - Me entregou o aparelho com uma conversa aberta, no grupo de time e voltamos a andar.

Havia uma mensagem em caixa alta do Alvaréz informando que me convidaria pra ir ao evento com ele e que ninguém mais deveria fazer isso. Logo em baixo havia uma resposta do Haaland pra ele, dizendo que quebraria suas pernas se ele fizesse isso, ao que Alvaréz respondeu que valia a pena se fosse pra ter a companhia de uma mulher bonita em frente às câmeras. Confesso que soltei uma risada sincera quando li tudo, lhe entreguei o celular novamente e não disse mais nada, porquê não tinha muito o que ser dito.

- Ele está afim de você. - Haaland disse depois que percebeu que eu não diria nada.

- Ele é engraçado. - Respondi.

- Vou matar ele. - Resmungou.

- Para com isso. - O empurrei de leve.

- Eu sei que ele vai tentar alguma coisa se você aceitar o convite. - Afirmou. - E ele é um cara legal, engraçado e..

- E? - O encarei.

- Eu não vou ficar chateado se você sentir vontade de ficar com ele. - Vi Haaland engolir em seco. - Quer dizer, eu vou ficar, mas, eu não posso cobrar nada de você...

- Haaland. - O cortei e ele me encarou. - Você fala demais.

Deixei ele pra trás e segui até o ônibus, ele veio resmungando atrás de mim. Cumprimentei todos que já estavam dentro do veículo e segui para o meu lugar ao lado de Ethan, que já me esperava. Haaland observou cada passo que eu dei e revirou os olhos quando me viu sentar ao lado dele, mas, tomou seu lugar ao lado de Grealish e seguimos rumo ao estádio.