Você pode me avaliar agora

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O trabalho foi bem calmo depois do almoço, preenchi alguns formulários, analisei as estatísticas de preparação física do próximo adversário do City, o time do Young Boys é forte e tem uma torcida mais forte ainda, que pode abalar o psicológico dos rapazes. Tracei algumas ideias a serem acrescentadas no treinamento deles, mas deixei pra conversar com Guardiola no outro dia, quando ele estivesse mais calmo. Ethan bateu na minha porta no horário de sempre.

- Fiquei sabendo que Guardiola surtou no treino de hoje. - Ele riu.

- Ele se irritou com uma coisa que os rapazes disseram. - Expliquei. - Os fez correr a ponto dos pés caírem.

- Eles estão bem focados no campeonato esse ano. - Ponderou. - A tendência é piorar.

- Eu imagino. - Assenti.

- Ellie. - Ouvi alguém me chamando e me virei, vendo Foden caminhando até mim. - Posso falar com você?

- Claro. - Percebi que ele queria falar longe do Ethan. - Pode esperar cinco minutos? - Olhei para o loiro ao meu lado.

- Vai lá. - Ele assentiu.

- O que houve? - Perguntei assim que parei perto de Foden.

- O Haaland foi embora mais cedo, disse que estava com dor de cabeça. - Falou, preocupado. - Achei que você, como é nossa médica, deveria saber.

- Foi bom você ter me dito. - Concordei. - Vou tentar dar uma passada na casa dele.

- Tudo bem. - Ele enfiou as mãos nos bolsos e sorriu. - Obrigado.

- Até amanhã. - Me despedi com um aceno de mão e voltei pra perto de Ethan, voltando a caminhar na direção do estacionamento.

- Está tudo bem? - Ethan perguntou.

- Acho que sim. - Dei de ombros. - Ele disse que Haaland saiu mais cedo do treino, alegando dor de cabeça, mas ele não passou na minha sala pra ser avaliado. - Bufei.

- E agora?

- Agora eu acho que vou ter que ir na casa dele. - Resmunguei enquanto entrava no carro. - Ele deveria ter passado lá.

- Talvez nem seja nada sério. - Ethan ponderou. - Existe muita pressão em cima do Haaland, a estrela do time, é normal surtar de vez em quando.

- E se eu não for lá e ele amanhecer morto amanhã? - Imediatamente Ethan soltou uma gargalhada.

- Você é engraçada, Ellie. - Continuou rindo.

Eu não estava irritada com Haaland por ter ido embora sem ser avaliado, estava irritada porquê eu sou médica e ele não foi na minha sala quando precisava. Mas vive lá me enchendo a paciência.
Ethan me deixou em casa e Beca havia acabado de chegar quando entrei, ainda estava tirando os sapatos, ela olhou para minha cara de poucos amigos e perguntou o que havia acontecido, eu contei.

- Então você vai lá. - Ela riu. - É claro que vai.

- Se ele amanhecer morto amanhã, vou me sentir culpada a vida toda. - Argumentei e ela riu ainda mais.

- Só você mesmo. - Largou a bolsa em cima da mesa e foi para a cozinha. - Vai com o meu carro, estou de folga amanhã, não vou precisar.

- Mas eu vou voltar hoje. - Não entendi o que ela falou.

- Duvido que ele te deixe sair de lá ainda hoje.

- Você me ouviu dizer que ele saiu cedo porquê estava com dor de cabeça? - Questionei.

- É falta de sexo. - Ela voltou com um copo de água na mão. - Estou brincando.

- Bem, eu vou tomar um banho e vou passar lá. - Suspirei, preocupada.

- Porquê não leva algo pra vocês jantarem? - Ela propôs. - Essa dor de cabeça dele pode ser exaustão mental. - Supôs. - Talvez ele só precise se distrair.

- Pode ser. - Dei de ombros. - Eu ainda não jantei também.

- Tenho certeza que ele está bem. - Garantiu.

Eu fui tomar um banho e vestir uma roupa mais confortável antes de sair. Não pretendia dormir lá, mas, quando Beca falou, não me pareceu uma má ideia, então coloquei roupas do trabalho na bolsa e deixei tudo pronto para o caso dele me pedir pra dormir lá. No caminho do apartamento dele, parei em um restaurante japonês e comprei duas barcas de sushi, algumas sobremesas, suco e água com gás, que é o que sempre o vejo bebendo.  Consegui chegar sem atropelar ninguém e já me sentia um pouco mais segura sobre a decisão de comprar meu carro, o que me fez lembrar de mandar mensagem pedindo ajuda ao meu pai. Estava fazendo isso quando Haaland abriu a porta do apartamento, vestindo apenas um short de dormir de cetim, com os cabelos soltos e a maior cara de sono, eu me perdi por alguns segundos.

- Veio me examinar? - Ele perguntou, com uma certa ambiguidade na voz.

- Fiquei preocupada. - Admiti e ele sorriu. - Você deveria ter passado na minha sala, pra ser avaliado e liberado depois.

- Você pode me avaliar agora. - Ele me roubou um selinho e foi até a cozinha buscar copos.

- Deixa de ser besta. - Ralhei e o ouvi soltar uma risadinha.

- Eu não podia passar na sua sala porquê eu menti. - Repetiu. - Eu só queria ir embora sem ninguém me enchendo o saco.

- Eu iria encher o seu saco? - Cruzei os braços e o encarei.

- Você fica extremamente atraente quando está brava. - Ele se aproximou. - Sabia?

- Não respondeu minha pergunta. - Tentei manter a pose de brava.

- Você nunca me enche o saco, doutora. - Ele me segurou pela cintura e me puxou pra perto, deixando alguns beijos no meu ombro. - Cheirosa demais.

- Pode ir parando. - O afastei quando ele deixou um leve chupão no meu pescoço. - Eu nem jantei, achando que você estava morrendo.

- Desculpe. - Ele riu. - Podemos comer lá no quarto, eu estava vendo filmes antes de você chegar

- Tudo bem. - Segurei as caixas com a comida e ele pegou a sacola com as sobremesas e bebidas.

- Você comprou água com gás. - Constatou.

- É o que sempre te vejo bebendo. - Respondi enquanto entrava no quarto e era recebida pelo cheiro dele.

- Você é uma fofa. - Ele veio atrás de mim e fechou a porta.

- Não se acostuma. - Coloquei as coisas em cima de mesa de cabeceira dele. - Só comprei porque achei que você estava doente.

- Vou fingir mais vezes. - Disse e eu o encarei imediatamente. Haaland soltou uma risada gostosa e se jogou na cama. - Você trouxe roupas pra ir trabalhar amanhã?

- Como assim? - Me fiz de sonsa.

- Acha mesmo que vai embora hoje? - Ele riu. - Pode avisar ao Ethan que amanhã você vai pra o trabalho comigo.

- Beca sugeriu que eu trouxesse minhas roupas. - Falei e ele sorriu, satisfeito. - Mas, eu vim com o carro dela, você não precisa me levar.

- O importante é que você vai dormir aqui, comigo. - Ele deu de ombros e se ajeitou na cama. - E me trouxe sushi.

- Folgado. - Resmunguei e fui me sentar ao lado dele, mas Haaland me puxou pelo braço, me fazendo cair deitada em cima dele. - Haaland! - Ralhei.

- Eu passo o dia todo, todos os dias, querendo te abraçar. - Ele me apertou entre os braços. - E te beijar. - Deixou vários selinhos no meu rosto. - Deixa eu aproveitar esse momento.

- Aproveita depois que eu comer. - Minha voz saiu abafada, porquê eu estava praticamente afundando nele. - Estou morrendo de fome e a culpa é sua.

- Tudo bem. - Ele me soltou. - Depois eu não vou te largar nem se você pedir.

- Eu não vou pedir. - Garanti e ele sorriu, eu amo ver o sorriso dele.

Yuànfèn - Erling HaalandOnde histórias criam vida. Descubra agora