Ele não precisava me mandar nada

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Beca não quis que eu fosse buscar eles no aeroporto, disse que Grealish iria alugar um carro e eles chegariam na minha casa. Por ser meu aniversário, consegui folga no trabalho, então fiquei acordada até tarde esperando por eles. Jude também queria ficar, mas, como médica dele, o mandei dormir e ele obedeceu, emburrado, mas obedeceu.

Precisei descer pra liberar a entrada do carro e corri pra encontrar com eles no elevador. Estava ansiosa pra estar no conforto de pessoas conhecidas novamente. Fui apertada em dois abraços assim que pus os pés pra fora do elevador, quase caí sentada, mas estava tão feliz por ve-las que simplesmente me agarrei nas duas.

- Você está tão linda! - Jena me apertou, comprimindo meus pulmões. - Que saudade eu senti.

- Também senti saudades. - Retribui o abraço.

- Que bom ver que você está bem com meu próprios olhos. - Beca sorriu.

- Oi Ellie! - Grealish também veio me abraçar quando elas se afastaram.

- Oi Jack. - Eu também estava feliz por ver ele. - Venham, vamos subir.

- Esse prédio é muito chique. - Jena se animou. - Entendi porquê você escolheu esse lugar. - Olhou pra Beca.

- Achei que com a melhoria de salário, ela merecia morar em um condomínio legal. - Ela deu de ombros.

- Você acertou mesmo. - Concordei com elas. - E mesmo sem querer me fez ser vizinha do Jude.

- Deus sabia que você precisava de companhia. - Ela sorriu. - Ele parece muito legal.

- Ele é sim. - Garanti. - É meu chaveirinho.

- Então, Ellie. - Jack se incluiu na conversa. - Eles são melhores que nós? - Se referiu a equipe do City.

- Não vamos comparar ninguém. - Ele revirou os olhos. - Eles me tratam bem e até cuidam de mim.

- Besteira. - Resmungou. - Os caras mandaram presentes pra você. - Mostrou a bolsa enorme que estava apoiada no chão. - Aposto que esses manés não vão fazer isso.

- Jack, menos. - Beca deu um corte nele e o elevador se abriu direto na minha sala, o queixo de Jena caiu.

- Eu simplesmente amei esse lugar. - Ela foi a primeira a entrar. - Foi uma mudança perfeita.

- Realmente, muito legal. - Grealish concordou e arrastou a mochila pesada pra dentro.

- Porquê está tão pesada? - Apontei para o chão.

- Tem muita coisa aqui. - Ele sorriu.

- Bem, os quartos são no corredor. - Apontei. - Fiquem a vontade.

- Vamos lá, Jena. - Beca saiu puxando a loira, porque sabia que ela não tomaria iniciativa sozinha.

- Então, essa mochila enorme é toda minha? - Jack a empurrou pra perto do sofá e assentiu.

- Fui incumbido de explicar pra você quem mandou cada coisa. - Ele sentou ao meu lado e esperou que eu abrisse a bolsa.

Escorreguei o zíper e encontrei diversos embrulhos. Como já era a madrugada do dia do meu aniversário, me achei no direito de abrir todos.

- Esse é do Bernardo e da Inês. - Ele disse quando peguei uma caixa pequena, embrulhada em papel azul. Quando desembrulhei, encontrei um conjunto de jóias super delicadas, que eu tinha certeza que Inês havia escolhido.

- São lindos. - Observei a corrente de ouro, bem fina, com um pingente de pérola e brincos.

- Eles conhecem você. - Jack riu. - É a sua cara.

- E esse? - Peguei uma caixa maior, embrulhada em vermelho.

- Ederson e família. - Eu ri e rasguei o papel.

- Adorei! - Me animei quando vi uma caneca temática do Harry Potter, cheia de sapos de chocolate. - Acho que todo mundo percebe o quanto eu gosto de Harry Potter.

- Bem, a sua sala era autoexplicativa. - Eu concordei e passei para outro embrulho, muito mal feito. - Esse é do Guardiola. - Grealish riu.

- Até ele? - Me surpreendi e me apressei em abrir. - Puta que pariu. - Falei um pouco alto demais.

- O quê? - Beca e Jena entraram correndo na sala.

- Um par de louboutins. - Mostrei os sapatos. - Custam meu salário do mês.

- Porra. - Beca pegou os sapatos da minha mão. - Quem te deu?

- Guardiola. - Respondi.

- O careca nada no dinheiro. - Jena comentou.

- Ainda tem outros. - Grealish chamou nossa atenção. - Talvez não tão caros. - Brincou.

- Eu nem sei andar de salto. - Pensei. - Meus pés vão estranhar usar uma coisa tão cara.

- Abre o nosso. - Beca remexeu a bolsa e tirou uma sacola de lá.

- Eu não tive direito a voto. - Jack reclamou.

- Eu só precisava do seu cartão de crédito. - Ela deu de ombros.

- Perfume caro. - Brinquei quando tirei o frasco de dentro da embalagem e borrifei no meu pulso. - Cheiroso.

- Ainda bem que gostou. - Ela sentou também. - Demorei pra escolher.

- O meu é um pouco abstrato. - Jena comentou e nós a encaramos. - Eu sabia que muitas pessoas iriam te dar presentes, entrei em desespero. - Ela riu e começou a mexer na bolsa, tirando um cartão de lá. - Então eu pesquisei estúdios de tatuagem perto da sua casa e comprei um voucher.

- Você está me dando uma tatuagem? - Quase me engasguei com a língua.

- É só ir lá e fazer. - Ela sorriu com a minha felicidade.

- Eu amei. - Guardei o cartão dentro da caixa das jóias que Bernardo e Inês haviam me dado. - Vou lá assim que tiver folga.

- Ainda falta um. - Jack tirou uma caixa maior e mais pesada de dentro da bolsa. - Bem, esse é do Haaland. - Meu sorriso murchou.

- Ele não precisava me mandar nada. - Engoli em seco quando Jack colocou a caixa em meu colo.

- Abre aí. - Me incentivou.

Quando rasguei o papel de presente, surpreendentemente, o cheiro dele invadiu minhas narinas. Não sei se fez de propósito, por saber que amo o perfume que ele usa, mas a fragrância estava impregnada nos livros de Percy Jackson. Ele me deu a coleção inteira. Acho que perdi alguns segundos apenas observando os livros e tentando processar alguma coisa de util na minha mente.

- Ele me pediu pra não deixar você jogar fora. - A voz de Jack me despertou.

- Não vou jogar nada fora. - Limpei a garganta. - Agradeça a ele por mim quando voltar.

- Porquê você não agradece? - Jena sugeriu. - Não precisa ser muita coisa, só manda uma mensagem.

- Acho que não quero falar com ele nunca mais. - Falei da boca pra fora.

- Cumpri minha missão. - Grealish mudou de assunto.

- Acho que devíamos ir dormir. - Beca sugeriu, ela não comentava mais nada sobre Haaland desde que brigamos por causa dos sapatinhos de bebê.

- Sim, está tarde e temos um dia de festa amanhã. - Jena continuou animada.

- Vocês não querer comer nada? - Eles negaram.

- Jena levou lanches no avião. - Jack respondeu.

- E estavam ótimos. - Beca sorriu.

- Tudo bem. - Me despedi deles com abraços, mas continuei na sala.

Depois de um tempo, levei meus presentes para o meu quarto, deixando os livros por último. Estava com receio de levar algo dele pra lá, com medo do que estava sentindo só de lembrar que ele já esteve na minha nova casa, que veio atrás de mim. Eu estava tentando esquecer dele a todo custo, mas, no final do dia, nada funcionava.

Yuànfèn - Erling HaalandOnde histórias criam vida. Descubra agora