Yuànfèn - Erling Haaland

Grealish deu com a lingua nos dentes

Erling estava bravo. Nós acordamos, tomamos café da manhã e fomos até o centro de treinamento pra poder fazer a avaliação do tornozelo dele. O resultado não foi positivo, ele realmente havia sofrido uma lesão e precisaria ficar fora dos próximos jogos, isso significava não jogar o mundial. Me senti mal por ter que dar essa notícia pra ele e por ter que assinar o laudo que o impediria de jogar, mas era o meu trabalho.

- Sinto muito, querido. - Me sentei ao lado dele e acariciei sua nuca.

- É o que tem pra hoje. - Resmungou. - Ainda vou viajar com o time pra ver o jogo do mundial.

- É bom pra se distrair. - Concordei e ele riu.

- Você vai comigo. - Disse como se fosse a coisa mais simples do mundo viajar para Arábia Saudita.

- As vezes você esquece que eu trabalho, não é? - Ri, incrédula.

- O time para o qual você trabalha vai viajar pra lá. - Simplificou. - Você tem que ir também.

- Não vou poder ficar perto de você. - Lembrei. - Se eu for, preciso ficar com a equipe.

- Eu dou um jeito nisso. - Sorriu, convencido. - Já podemos voltar pra casa?

- Podemos sim. - Me levantei e peguei minha bolsa.

Erling me acompanhou, mancando por conta da bota ortopédica que eu havia colocado em seu pé. Ele estava chateado e eu podia ver isso, mas não havia nada mais que pudéssemos fazer.

- Você vai ser minha motorista agora? - Riu enquanto abria a porta do carro.

- Prometo que da próxima vez venho vestindo uma lingerie como uniforme. - Brinquei e ele arregalou os olhos, me encarando.

- Não pode brincar com a fraqueza de um homem assim. - Pôs a mão no peito. - Agora vou ficar imaginando.

- Você é muito fácil de manipular. - Acabei rindo.

- Sou totalmente manipulável por você, doutora. - Ele não se importou. - Sou seu pra fazer o que quiser comigo.

- Vou me lembrar disso. - Garanti.

Ele se jogou no sofá assim que chegamos em seu apartamento, ligou a televisão e começou a mexer loucamente no celular. Larguei minha bolsa na mesa e me sentei ao lado dele, pegando o controle pra procurar alguma coisa legal pra ver.

- Resolvido. - Ele disse e me olhou, sorrindo.

- Resolveu o quê? - Estranhei a cara de felicidade.

- Você vai comigo pra Arábia Saudita. - Bloqueou o celular, todo satisfeito.

- Oi? - Continuei lhe encarando.

- Guardiola te liberou. - Deu de ombros. - Em todo caso, você ainda vai estar lá se algo acontecer.

- Você é mimado, não é? - Ele ficou indignado e eu comecei a rir. - Tem tudo que quer, na hora que quer.

- Eu só pedi um favor. - Explicou. - Estou triste e desolado por causa da minha lesão, preciso da minha namorada comigo.

- E quando é essa viagem? - Abri minha agenda no celular e dei de cara com o mês de dezembro. Quando foi que ele chegou?

- Dia vinte e dois. - Disse, entretido com a série que eu pus. - Mas nós vamos dia vinte.

- O time todo vai? - Assentiu. - Guardiola não me avisou sobre isso.

- Ele deve falar na segunda. - Ponderou. - Não importa, você vai comigo, não precisa se preocupar com nada.

- Você sabe que eu trabalho pra ter dinheiro, não sabe? - Ele me olhou de cima a baixo e riu.

- Essa série é engraçada. - Apontou para a televisão, onde um episódio qualquer de The Middle passava.

- É muito boa. - Deixei o assunto de lado, porque não adiantaria discutir certas coisas com ele. - Então, eu preciso ir pra casa antes que esfrie mais.

- Ir pra casa? - Me olhou confuso. - Mas é sábado, você vai dormir aqui.

- E porque você não dorme lá? - Retruquei.

- Porquê você já está aqui. - Insistiu. - Amanhã nós vamos pra sua casa e eu durmo lá.

- Passo cada vez mais tempo aqui desde que começamos a namorar. - Haaland se recostou no sofá e me puxou pra perto.

- Meu plano tem dado certo. - Ele cochichou. - Apenas colabore.

Passamos um tempo entretidos com a televisão até que meu estômago roncou.

- Você não está com fome? - Questionei.

- Hum? - Ele estava entretido com a série. - Mais ou menos.

- Posso cozin..

- Não vai cozinhar nada hoje. - Ele me interrompeu. - Tem comida congelada, prontinha.

- Comida de dieta. - Resmunguei e ele riu.

- Isso mesmo. - Erling segurou minha cintura e se levantou, me mantendo sentada no sofá. - Eu vou esquentar pra nós.

Deixei que ele fosse e continuei no sofá, pouco tempo depois meu namorado retornou com uma cara esquisita.

- Que história é essa do Alvaréz ter te convidado pra ir na casa dele? - Eu quase pude ver a pálpebra dele tremendo.

- Grealish deu com a língua nos dentes. - Presumi e ele continuou parado me encarando. - Ele não convidou somente a mim.

- Desenvolva. - Erling cruzou os braços e ficou extremamente sexy desse jeito.

- Um pessoal foi ver o seu jogo na casa dele e ele quis me convidar também. - Resumi e ele soltou uma risada anasalada.

- Aquele cara não iria ver um jogo meu simplesmente pra torcer por mim. - Revirou os olhos. - Ele fez isso tudo pra chamar você.

- Que exagero. - Fiz pouco caso. - De todo jeito, eu iria negar o convite, mas o Jack fez isso por mim.

- Eu juro que ainda vou sair na porrada com esse argentino desgraçado. - Ele descruzou os braços e colocou as mãos no quadril. - Ele já está chegando no meu limite.

- Relaxa, amor. - Dei de ombros. - Foi tão insignificante que eu nem lembrei pra comentar.

- Nós estamos namorando, ele não se toca? - Continuou resmungando.

- Sua namorada está com fome. - Mudei de assunto. - Você pode alimentar ela?

- Posso. - Ele mudou a expressão do rosto. - Não pense que eu não percebi o que você fez.

- Te amo. - Soltei um beijinho no ar e ele não sustentou a carranca por muito tempo.

Sei que Haaland não vai esquecer tão rápido desse convite do Julián, na verdade, ele deve ter separado uma pasta nos arquivos da mente dele pra guardar tudo que Alvaréz já fez.

Ele permitiu que eu mudasse de assunto e nós seguimos vendo televisão e almoçando no sofá da sala. Eu sei que ele não vai deixar as coisas por isso mesmo, mas vou tenta aliviar os ânimos, porquê não duvido que ele possa sair no soco com Julián a qualquer momento.