Vou te dar uma cópia da chave

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Avisei à Beca que não voltaria para casa e ela me respondeu com algumas risadas, dizendo que já estava se acostumando com a minha ausência. Eu fui dirigindo dessa vez, Haaland tagarelava sobre o jogo e parecia ansioso demais pra alguém que já está acostumado com esse tipo de coisa.

- Você precisa relaxar. - Falei assim que entramos no elevador.

- Eu estou um pouco pilhado. - Admitiu.

- Nós vamos fazer assim. - Peguei minha bolsa do ombro dele e larguei no sofá. - Você vai tomar um banho e se deitar enquanto eu cozinho alguma coisa pra jantarmos.

- Não. - Ela resmungou e veio até mim, me abraçando. - Vamos pedir comida e ver série.

- Amor, você precisa comer alguma coisa saudável e dormir cedo. - Insisti. - Eu preparo algo rapidinho.

- Tudo bem. - Ele cedeu. - Eu vou tomar um banho.

Tirei os sapatos e fui xeretar os armários pra descobrir o que iria cozinhar. Sei que a geladeira dele é cheia de refeições prontas para serem aquecidas no microondas, são saudáveis, mas sem amor nenhum nelas. Peguei um pacote de macarrão no armário e carne moída, preparei tudo enquanto ele tomava banho e fiz alguns legumes grelhados.

- Que cheiro bom. - Ele apareceu na cozinha, vestindo apenas uma calça de moletom pra dormir.

- Espero que o gosto também. - Desliguei o fogo e juntei o macarrão com a carne em uma travessa de vidro. - Tem queijo na sua geladeira?

- Acho que sim. - Ele foi até lá e procurou. - Serve cheddar?

- Sim. - Ele me entregou o pacote de queijo. - Vou colocar no forno, é rápido.

- O que você quiser. - Ele deixou um beijinho e me impediu de ir lavar as coisas que havia sujado pra cozinhar. - Vai tomar um banho também, eu lavo isso aqui.

- Vou pegar uma cueca sua. - Avisei. - Pra compensar minha calcinha.

- Uma troca justa. - Ele riu. - Não vou reclamar se vestir minha camisa também.

- Vou pensar no seu caso. - Respondi, já entrando no quarto dele.

Acabei realmente pegando uma camisa e fui tomar meu banho. Meu corpo relaxou com a água quente, o chuveiro dele é melhor que o meu, aproveitei o banho o máximo que pude e vesti as roupas dele antes de sair do quarto.

- Demorei demais? - Perguntei quando me deparei com a mesinha do quarto dele com nossos pratos.

- Não. - Ele estava servindo o suco. - Eu só achei que você já fez coisas demais. - Então ele se virou pra mim e parou por alguns segundos. - Nunca vou me acostumar com o quão bonita você fica usando minhas roupas.

- Fico parecendo um cabide. - Brinquei. - Suas roupas são enormes.

- Fica bonita. - Ele sorriu e se aproximou, me puxando pela cintura. - Sexy.

- Tô sabendo. - Me estiquei e lhe dei um selinho.

- Vamos comer. - Ele apertou minha cintura. - Estou tão ansioso que mal vou dormir.

- Eu te faço uma massagem. - Deixei um beijinho no ombro dele. - Vamos sair de madrugada, precisa descansar.

- Não estou contente que com você voltando sozinha de madrugada. - Resmungou.

- Eu vou ficar bem. - Garanti.

- Acho melhor você vir pra cá. - Ele foi até o guarda roupas e tirou um chaveiro do Manchester City de lá. - Vou te dar uma cópia da chave.

- Eu posso voltar pra casa. - Peguei meu prato e meu copo, sentando na cama.

- Aqui é mais perto. - Ele não me deu ouvidos e deixou a chave em cima da mesinha. - Lembra de chegar antes de sairmos.

- Tudo bem. - Concordei. - Agora vem pra cá.

Ele fez o mesmo que eu, pegou sua comida e sentou ao meu lado.

- Sabe, vou ficar mal acostumado com você cozinhando. - Ele fez um som de satisfação quando comeu. - Isso aqui está muito bom.

- Obrigada. - Sorri e ele deixou um beijo no topo da minha cabeça.

- Obrigado por cuidar de mim, amor.

- Não tem que me agradecer por nada. - Neguei. - Eu amo você, é normal cuidar.

- Sempre que você diz que me ama, meu coração acelera de um jeito estranho. - Ele riu. - É como se eu estivesse ouvindo pela primeira vez.

- Bem, então eu acho que preciso dizer mais vezes. - Engoli minha comida e o encarei. - Que te amo e te quero mais que qualquer coisa.

- Acho que nunca vou me acostumar. - Ele piscou algumas vezes. - Mas você pode tentar.

- Pode deixar. - Assenti e nós voltamos a comer, sem sequer prestar atenção na televisão.

Erling não me deixou levantar nem pra levar os pratos depois que terminamos de comer, ele mesmo recolheu tudo e enfiou na lava louças. Depois eu o ajudei com a mala, onde ele só queria colocar a escova de dentes e duas cuecas.

- Você pode fazer algumas tranças no meu cabelo? - Pediu. - Ele já está bem grande e as vezes fica soltando durante a partida.

- Faço sim. - Ele se levantou e pegou uma caixa de ligas pra cabelo, sentando no chão. - Como você quer?

- Faz o que você quiser. - Ele riu. - Vai ficar bonito.

Fiz tranças duplas nas laterais do cabelo dele e as prendi em um coque atrás, ele ficou feliz da vida quando viu o resultado. Percebi que Erling não queria deitar pra dormir, embora sua expressão fosse cansada e seus olhos estivessem pequenos, seus ombros estavam tensos.

- Amor, deita aqui. - Chamei. - Vou fazer uma massagem nas suas costas.

Ele não apresentou resistência, deitou de bruços e abraçou o travesseiro. Procurei no armário dele por algum creme, que eu sabia que tinha e que ele nunca havia usado, porque sei que a mãe dele compra essas coisas.

- Gelado. - Ele resmungou quando despejei o creme em suas costas.

- Vai esquentar quando eu espalhar. - Me sentei na bunda dele e me apoiei melhor.

Espalhei o hidratante e comecei a apertar os músculos dos ombros, estavam duros de tão tensos e ele reclamou várias vezes de dor. Mas, quando me dei conta, ele já havia dormido. Saí de cima dele com cuidado e me ocupei em fechar as cortinas. Ajustei meu despertador e me deitei pra dormir também, não era um problema acordar no meio da madrugada pra levar ele ao aeroporto porque eu voltaria pra dormir mais antes de ir ao trabalho.

Me peguei observando o rosto dele enquanto o sono não chegava, sua expressão agora era mais tranquila e ele parecia mais relaxado também. Os músculos das costas ficaram menos tensos depois da massagem. Deixei um beijinho leve em sua bochecha, ele esboçou um sorrisinho, mesmo que inconsciente, foi tão fofo que não resisti em tirar uma foto pra usar como minha tela de descanso.

Eu realmente estou completamente apaixonada por Haaland, o amo de verdade e acho que nunca senti nada assim na vida.

Yuànfèn - Erling HaalandOnde histórias criam vida. Descubra agora