Pise na cabeça da serpente

937 74 6
                                    

Depois de surtar de ódio a madrugada quase toda, Beca e eu acabamos indo dormir pensando em como nos vingar daquele loiro azedo. Não liguei ou mandei mensagem pra ele, na verdade, evitei me aproximar do celular e o coloquei pra carregar, mantendo minha atenção em outras coisas. Acordei sem energia alguma, estava frio de doer os ossos e eu precisava parar de remoer minha raiva pra conseguir ter um bom primeiro dia de trabalho.

- Bom dia. - Beca acordou cedo pra me acompanhar no café da manhã.

- Bom dia. - Sentei à mesa com toda minha falta de animação.

- Não pode chegar abalada assim no seu primeiro dia. - Me empurrou uma caneca de café. - Tem que estar melhor do que ele.

- Eu não estou me importando muito com ele, estou me sentindo péssima. - Suspirei. - Beijei um cara comprometido e isso me faz uma traidora.

- Você tem que dar um esculacho nele. - Afirmou. - E depois ignorar a existência.

- Vou tentar falar com ele hoje. - Afirmei. - Mas não sei se vai ser possível, não quero me comprometer no trabalho.

- Tenho certeza que ele vai atrás de você. - Garantiu. - Apenas pise na cabeça da serpente.

- Entendi. - Ri da sua fala. - Vou fazer o meu melhor.

- Eu sei que você pisa com classe. - Ela riu também. - Vai dar tudo certo hoje e você só precisa se impor e fazer o seu trabalho como se ele não existisse.

- Vai ser complicado. - Admiti. - Mas, vou fazer dar certo, Haaland já é rico, eu estou trabalhando pra ser.

- Exatamente. - Ela me incentivou. - E vai bem bonita.

Beca me ajudou a escolher uma roupa bonita e bem arrumada, mas que me deixasse confortável. Eu me senti bem, uma calça de jeans encorpada, com a cintura alta, uma meia calça forrada por baixo, uma camisa de tricô bem quente e um par de tênis. Joguei sobretudo pesado por cima de tudo e catei minha bolsa. Beca se ofereceu pra me levar, mas é tão rápido de metrô que não valia a pena ela vestir inúmeras camadas de roupa. De fato, cheguei muito rápido no CT e respirei fundo inúmeras vezes antes de entrar, lembrei que precisava perder o medo de dirigir e comprar um carro pra não precisar ser levada até a recepção todos os dias. Agradeci ao motorista do carrinho e encontrei Jena na recepção.

- Ellie! - Ela se levantou e veio sorrindo até mim. - Estava ansiosa pra você chegar.

- Oi Jena! - Tentei retribuir a mesma energia quando lhe abracei. - Tudo bem?

- Tudo ótimo! - Ela segurou minha mão e me puxou pra perto de sua mesa. - Algumas de suas camisas chegaram. - Ela pegou um pacote bem embrulhado e me entregou. - As que o Haaland pediu chegam em alguns dias.

- As que ele pediu? - Estranhei, pois ele havia pedido algumas com o nome dele, que chegariam junto com as que acabei de receber.

- É. - Ela pareceu pensar. - Como ele pediu pra colocar o nome dele, demora um pouco mais.

- Entendi. - Coloquei o pacote em baixo do braço. - Eu preciso usar essa camiseta hoje?

- Acho que seria bom. - Ela assentiu. - Causar uma boa impressão e tal.

- Vou me trocar então. - Me despedi dela e segui em direção à minha sala.

Guardiola havia me mostrado onde as coisas mais importantes ficavam, incluindo a minha sala, que, graças a Deus, fica mais perto da recepção do que a sala do diretor. Entrei no banheiro e tirei minha blusa de tricô, vestindo minha nova farda. Haviam seis camisetas, três azuis e três brancas, todas simples, apenas com o brasão do time do lado esquerdo do peito. Eram bonitas e combinavam com o meu estilo, me senti bem quando vesti. Guardei minha blusa na bolsa e saí em direção à minha sala.

Yuànfèn - Erling HaalandOnde histórias criam vida. Descubra agora