Eu desabei quando ele saiu. O acúmulo de tudo que senti diante dessa situação péssima foi demais, tudo esborrou quando o vi entrando no elevador, pondo um fim na conversa que disse que teríamos. Respirei fundo, tentando acalmar meus nervos, mas não deu muito certo.
- Ei. - Beca me abraçou de lado. - Calma.
- Eu consegui ficar calma a conversa inteira. - Solucei.
- Me conta como foi? - Ela me levou até a varanda e nos sentou, colocando uma manta sobre nós. - O frio vai esfriar seu corpo e acalmar seus ânimos.
- Ele me explicou muitas coisas. - Comecei devagar. - Eu entendi tudo, mas, ainda assim é uma coisa que não parece ter jeito pra mim.
- Me explica melhor. - Ela parecia apreensiva com meu estado, mas eu não estava tão ruim assim, apenas precisava colocar pra fora tudo que não processei muito bem nos últimos dias.
Basicamente repliquei toda conversa que tive com Haaland, Beca ficou pasma quando ouviu sobre o namoro falso e toda a situação que ele envolvia.
- Eu jamais imaginaria isso. - Disse, chocada. - De todos os cenários que poderiam passar por minha mente.
- Eu me sinto culpada por ter tratado ele tão mal quando foi falar comigo no meu primeiro dia no CT. - Confessei.
- Você não pode se sentir culpada por agir de acordo com o que sentia. - Beca retrucou. - Não tinha como saber dessa loucura toda.
- Ele saiu daqui com a expressão tão perdida. - Meus olhos se encheram de lágrimas novamente. - Disse que gosta de mim, mas não tem como sair dessa situação agora.
- Ele tem muita coisa em jogo. - Eu concordei. - Gosta dele também, não é?
- Gosto. - Meu peito se apertou. - Mas eu disse que é melhor continuarmos como amigos e não levar nada adiante.
- Ele pediu pra você ficar com ele? - Neguei. - Ao menos está tendo noção das coisas agora.
- Porquê foi tão difícil se mal nos conhecemos? - Questionei, mas eu sabia que ninguém teria uma resposta pra isso.
- Eu não sei. - Beca suspirou. - Mas, agora que conversaram sobre isso, você pode seguir em frente.
- Combinamos de seguir com uma amizade. - Dei de ombros. - Já que gostamos um do outro e vamos precisar nos ver praticamente todos os dias.
- Você acha que vai conseguir fazer isso? - Eu pensei antes de responder.
- Talvez seja difícil no começo. - Ela concordou. - Mas, vou ter que dar um jeito.
- Eu sei que vai. - Ela me abraçou. - Mas não se feche pra outras pessoas por causa disso tudo. - Eu sabia bem que ela estava falando sobre Ethan. - Você precisa viver sua vida pra conseguir deixar certas coisas de lado.
- Eu sei. - Limpei as lágrimas e respirei fundo.
- Vai lavar esse rosto e vamos jantar. - Beca levantou. - A sopa já deve ter esfriado.
- Tá bom. - Me levantei e segui até meu quarto.
Comi muito pouco no jantar, mesmo com Beca insistindo. A pior parte de ter um sistema nervoso péssimo é que perco a fome com facilidade e isso tem inúmeras consequências no meu corpo. Infelizmente sou amaldiçoada com ansiedade e, bem, não é como se eu pudesse me livrar dela. Tomei um calmante pra conseguir dormir melhor, não costumo usar remédios a não ser que a situação esteja realmente ruim, como hoje.
Ainda passei algumas horas me revirando na cama, pensando na conversa com Haaland e nas decisões que tomei. Não me arrependo de nenhuma, o problema é que também não me arrependo de ter beijado ele. Ouvi-lo dizer que gosta de mim fez meu coração saltar do peito, porque eu sei exatamente como ele se sente, pois sinto o mesmo. O efeito do remédio acabou me vencendo e eu apaguei, acordando no outro dia com o despertador berrando quarenta minutos mais cedo, pois esqueci de reprogramar o horário.
Aproveitei o tempo extra pra processar tudo que vou precisar fazer no dia, além de me preparar emocionalmente pra lidar com Erling. Tomei um banho mais demorado, cuidei da minha pele e fiz tudo da maneira mais calma possível, pra lidar melhor com a ansiedade. Lembrei do que Ethan disse sobre café da manhã e preparei um mais reforçado, já que não comi muito no jantar. Deixei alguns Waffles com mel e canela pra Beca comer quando acordar e coloquei alguns em uma tigelinha pra oferecer ao meu motorista. Também cortei algumas frutas e fiz um café bem forte.
Faltavam cinco minutos para as sete quando desci, cumprimentei o porteiro e fiquei esperando, Ethan chegou as sete em ponto.
- Bom dia, morena! - Ele baixou o vidro e sorriu. - Entra aí.
- Bom dia! - Sorri de volta e entrei no banco do carona. - Como consegue ser tão pontual?
- É um dom. - Ele deu de ombros. - E aí, como estamos hoje?
- Bem. - Menti. - Trouxe uma coisa pra você. - Ele me observou curioso enquanto eu pegava duas tigelinhas na bolsa.
- Você fez comida pra mim? - Perguntou, com os olhos brilhando. - Me sinto lisonjeado.
- Do jeito que você come, deve precisar de um lanche no meio da manhã. - Abri a primeira tigela e mostrei os Waffles. - Não sei se vai ser o suficiente. - Brinquei e Ethan riu.
- Amo Waffles. - Me olhou um pouco mais sério dessa vez. - Obrigado.
- Não foi nada. - De repente, me senti envergonhada diante do olhar que ele me lançou. - Espero que você goste.
- Tenho certeza que vou. - Assentiu.
Liguei o rádio do carro e seguimos conversando sobre o dia de trabalho. Ethan contou que estava trabalhando com a reabilitação de articulações desgastadas, que o médico antigo havia dito que eram casos de cirurgia e na verdade não eram.
- Podemos marcar uma reunião pra debater sobre isso? - Perguntei. - Pra trabalharmos juntos no tratamento deles.
- Eu acho ótimo. - Ele concordou.
- Hoje eu não posso, porquê tenho dois atendimentos. - Avisei. - Mas, podemos fazer na semana que vem.
- Quando você quiser. - Ele sorriu. - Nosso passeio no final de semana ainda está de pé?
- Com certeza. - Agora, mais do que nunca, eu preciso me distrair.
- Porquê não chama sua prima pra ir também? - Sugeriu.
- Vou perguntar se ela pode. - Assenti. - Você deve ter achado a Beca um pouco surtada.
- Ela é engraçada. - Ethan riu. - Eu gostei de saber que você falou de mim pra ela.
- Eu conto minha vida toda pra ela. - Meu rosto esquentou de vergonha novamente.
- Poxa. - Ele me olhou rapidamente e torceu os lábios. - Por um momento me achei especial.
- Para de besteira. - Ri de nervosismo.
- Não vou ter nenhum problema com o Haaland saindo com você, não é? - Eu percebi que Ethan não se importava com isso, ele só queria saber se Erling representa algum risco.
- Problema nenhum. - Afirmei.
- Do jeito que ele passou a me olhar depois que nos viu chegando juntos, achei que teria. - Comentou, mas sem dar muita importância.
- Impressão sua. - Menti. - Somos amigos, apenas.
- Se você diz. - Riu, claramente não levando muito a sério o que eu disse.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Yuànfèn - Erling Haaland
FanfictionA força de um vínculo entre dois indivíduos. Um relacionamento unido pela fé e pelo destino. O amor que existe entre duas pessoas. || Esta história é composta por dois livros, ambos de mesmo nome, disponíveis no meu perfil. ||