Yuànfèn - Erling Haaland

A função do amigo é perguntar

Estava pegando algumas coisas na minha sala e pensando seriamente se iria ou não à festa de Bernardo. Eu estava animada, até ver a namorada do Haaland, se ela estava no jogo, também estaria na festa e eu me senti completamente envergonhada de estar na presença dela, não queria repetir isso. Ethan foi embora depois de insistir algumas vezes pra que eu fosse com ele, ver um filme e jantar, mas eu já tinha aceitado o convite de Bernardo e tentei o convencer a ir comigo, ele torceu a boca e me roubou um beijo antes de ir embora.

- Ellie. - Ouvi a voz de Grealish e batidas na porta.

- Pode entrar. - Estava terminando de fazer algumas anotações. - Algum problema?

- Vim te buscar pra irmos lá no Bernardo. - Disse, já sentando na minha frente.

- Não sei se vou. - Tentei pensar em uma desculpa, mas ele foi mais rápido do que eu.

- Por causa da Isabel? - Pensei em negar, mas não ia adiantar.

- Me sinto envergonhada perto dela. - Fui sincera.

- Pois não deveria. - Grealish deu de ombros. - Ele já te contou tudo, ela deveria se envergonhar.

- Não me sinto a vontade. - Insisti.

- Vamos, Ellie. - Ele se debruçou sobre a mesa. - Bernardo te convidou, não vai fazer essa desfeita.

- Tudo bem. - Me rendi. - Só me espera trocar de roupa?

- É claro. - Ele se levantou, animado. - Me encontra no estacionamento?

- Em dez minutos. - Assenti.

Eu havia levado uma muda de roupa, porquê realmente estava decidida a ir até ver Isabel. Mas, Grealish estava certo, eu havia sido convidada e não podia fazer desfeita. Beca me emprestou um vestido de festa, porquê segundo ela, eu não tenho nada descente pra ser usado em uma festa social. Eu me senti ofendida, mas aceitei a roupa que ela me ofereceu de bom grado, porquê ela tinha razão. Vesti uma meia calça preta com transparência, um vestido tubinho sem mangas e com a gola alta, também preto, botas de cano curto de couro e um sobretudo. Na verdade, não havia uma única peça que não fosse preta e eu me senti o máximo.

Deixei minhas roupas usadas dentro do meu armário e coloquei apenas o necessário em uma bolsa menor. Grealish já me esperava escorado em seu carro, mexia no celular e mal notou quando me aproximei.

- Tá bonitona, Ellie. - Ele riu. - Não diz pro Haaland que eu falei isso.

- Para com isso. - Resmunguei e ele riu ainda mais.

- Seu namorado não vai? - Perguntou quando entramos no carro.

- Que pergunta óbvia. - Acabei soltando uma risada.

- A função do amigo é perguntar. - Ele deu de ombros. - Eu vi que você e o Ethan estavam bem próximos no final de semana.

- Nós combinamos de não ter nada sério. - Respondi, mesmo sabendo que ele estava perguntando pra contar tudo ao Erling depois.

- Sério? - Ele me olhou rapidamente. - Esse cara é idiota ou algo do tipo?

- O quê? - Não gostei do jeito como ele falou do Ethan. - Como assim?

- Ele sabe sobre você e o Haaland? - Jack costumava ser direto, eu gostava disso, não haviam surpresas vindas dele.

- Não tem Haaland e eu. - Corrigi. - Nós nos beijamos uma única vez.

- Corta essa, Ellie. - Ele riu. - Dá pra ver que ainda tem alguma coisa entre vocês dois.

- Bem, você está errado. - Eu disse, mas não acreditei nas minhas palavras. - Ele sabe que nós ficamos. - Dei de ombros, como se não fosse nada.

- Entendi. - Ele deu uma risada que me deixou confusa. - Então vocês saem quando querem, mas não tem compromisso um com o outro.

- Sim. - Confirmei. - Mesmo porquê, como vocês bem sabe, terminei um relacionamento tem pouco tempo.

- Sei sim. - Ele assentiu. - E porquê Ethan não vai?

- Ele não gosta muito de festas. - Resumi. - E você, convidou a Beca?

- Eu até convidei, mas ela... ei! - Ele me encarou. - Como você adivinhou?

- Presta atenção no trânsito. - Ri do seu espanto. - Eu não tinha certeza, joguei verde e você caiu de maduro.

- Ai que porcaria eu não sirvo nem pra guardar segredo. - Resmungou. - Nós estamos conversando, ela vai te contar em algum momento.

- Eu sei que vai. - Garanti. - Fico feliz que estejam se resolvendo.

- Vou ficar feliz quando você e Haaland se resolverem também. - Ele disse, mas eu fiquei calada.

O caminho foi curto, Bernardo mora em um condomínio chique com a esposa, a casa deles me chamou de pobre em mil línguas.

- Vamos lá, Ellie. - Grealish apoiou a mão em meu ombro e me empurrou pra dentro. - Não precisa ter vergonha.

- Eu estou na casa alheia. - Ralhei. - Claro que vou ficar com vergonha.

- Que nada. - Ele riu.

Chegamos no quintal, que estava cheio de gente, ninguém teria nos notado se Grealish não tivesse gritado a plenos pulmões, anunciando nossa chegada.

- Eu odeio você. - Resmunguei e ele fingiu não me ouvir.

- Ellie! - Bernardo veio na minha direção, acompanhado de uma moça loira, lindíssima. - Que bom que você veio.

- Fico feliz por ter vindo. - O abracei.

- Essa é minha esposa, Inês. - Ele me apresentou à moça. - Essa é a nova ortopedista do time.

- Fiquei sabendo do sermão que você deu neles. - Ela me abraçou também. - Finalmente uma mulher pra botar medo em vocês.

- Eu não fiz nada demais. - Fiz pouco caso. - Eles me irritaram.

- Vamos sair daqui antes que comecem a falar mal de nós. - Grealish puxou Bernardo e eles foram pra perto dos rapazes.

- Ainda bem que você veio. - Inês segurou meu braço e me puxou pra sentar em um sofá. - Na maioria das vezes só tem homens aqui.

- Eu estou vendo. - Passei os olhos sobre o lugar, vendo quase todos os rapazes do time, mas Haaland não estava entre eles. - A namorada do Haaland deve vir com ele.

- Isabel? - Ela fez uma careta. - Ela é tão chatinha. - Resmungou. - Todo mundo sabe que o namoro deles é falso, mas ela age como se não fosse.

- Complicado. - Me limitei a dizer. - Então, o que tem pra fazer aqui?

- Vem comigo. - Ela se levantou. - Vou te mostrar a casa.

Caminhamos por vários cômodos, era uma casa bonita, arejada e bem iluminada. O último cômodo a ser mostrado foi a cozinha, onde estavam as bebidas e comidas.

- Eu quis contratar algumas pessoas pra nos ajudarem a servir todo mundo. - Ela disse enquanto enchia um pratinho com alguns canapés. - Mas, Bernardo insistiu que não.

- Quer que eu prepare alguns drinks? - Perguntei e ela negou, um pouco constrangida.

- Não estou podendo beber álcool. - Então eu observei Inês melhor.

A pele viçosa, os cabelos brilhosos e a luz que emanava dela.

- Você está grávida. - Afirmei e ela arregalou os olhos.

- Fala baixo! - Riu. - Ele vai contar aos rapazes hoje.

- Que bonitinho! - Não contive minha animação. - Quantos meses? 

- Acabei de fazer três. - Afirmou. - É nosso primeiro bebê e ele está praticamente surtando.

- Eu entendo perfeitamente. - Assenti. - Bem, então eu vou preparar drinks pra que eles possam brindar quando receberem a notícia. - Ela concordou. - E nós ficamos com o suco.

- Perfeito!