Você só me deu um par de sapatinhos

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Uma correria total se instaurou quando voltamos de viagem. O natal estava chegando e nós iríamos para a casa dos meus pais, juntamente com Beca e Grealish. Eu avisei pra minha mãe sobre o que minha prima havia feito quando fomos jantar lá e ela desconvidou a família do meu tio, sem nem titubear. Isso me deixou mais tranquila, eu não queria estragar o natal batendo na cara de ninguém.

- Então você vai levar o Jack. - Comentei como quem não quer nada enquanto observava Beca arrumar a bolsa de viagem dela.

- Não tenho como negar que as coisas estão sérias entre nós. - Ela deu de ombros. - Vou levar ele como meu namorado, oficialmente.

- Finalmente. - Fiz pouco caso, pra ela não achar que eu estava dando atenção demais, Beca é estranha e reservada, odeia que prestem atenção demais nas coisas dela.

- Você vai passar ano novo com a família do Erling? - Assenti. - Ele deve estar feliz da vida.

- Nós estamos. - Assumi. - Ele me faz muito feliz.

- As pessoas enlouqueceram nas redes sociais com aquela foto de vocês. - Ela riu. - Ele sabe como fazer as coisas receberem atenção.

- Sabe sim. - Acompanhei a risada dela. - Você vai nos seus pais primeiro ou já vai encontrar eles lá nos meus?

- Vou na casa deles primeiro. - Respondeu. - Apresentar o Grealish e tudo mais.

- Entendi. - Balancei a cabeça. - Haaland está ansioso, vamos hoje a tarde.

- Todo mundo lá adora ele, claro que vai querer ir logo. - Ela soltou uma risadinha. - Espero que minha família aceite o Jack tão bem assim.

- Eles vão. - Garanti. - O Jack é legal e gosta mesmo de você, eles vão perceber isso.

- Vão sim. - Ela assentiu.

Deixei ela terminando de arrumar as coisas e fui preparar algo pra comermos. Havia combinado com Haaland pra sairmos no final da tarde, ele estava na casa dele e viria me buscar na hora de ir. Minha mãe já havia ligado duas vezes, pra confirmar que realmente iríamos, parecia mais ansiosa que meu namorado e ele estava muito ansioso.

Minha bolsa já estava arrumada, nós iríamos da casa dos meus pais direto ao aeroporto, pra passar o ano novo com a família dele. Haaland estava animado, iria me apresentar seu irmão mais velho e suas sobrinhas, pessoas que eu ainda não havia tido a chance de conhecer, mas que já me conheciam muito bem.

No final da tarde, pontualmente as cinco horas, Haaland bateu na minha porta. Ele estava usando uma calça jeans preta, uma camiseta branca e uma jaqueta jeans preta também, percebi que a frequência com a qual ele usava preto havia aumentado desde que ele descobriu que era minha cor favorita.

- Tá bonitão. - Elogiei.

- Você gostou? - Assenti. - Que bom. - Ele se inclinou e me deu um selinho. - Podemos ir?

- Claro. - Abri espaço pra ele entrar. - Vou pegar minha bolsa.

- Oi Rebeca. - Ele cumprimentou minha prima, que estava saindo do quarto dela.

- Oi Haalandinho. - Ela acenou. - Já estão indo?

- Sim. - Respondi. - Você e o Jack?

- Vamos mais tarde. - Eu assenti.

- Posso deixar ele nervoso? - Haaland pediu. - É só um pouquinho. - Ele aproximou o dedo indicador e o dedão, indicando o "pouquinho" que ele queria.

- Não pode. - Neguei e ele resmungou, fazendo Beca rir.

- Chata demais. - Ele estalou a língua e pegou a bolsa da minha mão. - Vamos logo, minha sogra está me esperando pra comer rabanada.

- Tô te achando muito a vontade. - Impliquei. - Pra quem tinha medo dos meus pais.

- É que agora eles gostam mais de mim do que de você. - Respondeu enquanto abria a porta. - O que é compreensível porquê eu sou muito mais legal.

- Olha só o que eu tenho que aguentar. - Falei com Beca. - Você não era assim, Erling.

- Vamos, amor. - Ele riu. - Ainda temos muito chão até lá.

- É véspera de feriado. - Beca comentou. - Provavelmente vão pegar engarrafamento.

- Pois é. - Ele concordou com ela. - Vamos.

- Tudo bem. - Me despedi de Beca. - Nos vemos no natal.

- Pode deixar. - Ela beijou minha bochecha.

Eu estava animada com a chegada do ano novo. Faltavam poucas semanas pra finalmente concluir meu programa de especialização, eu seria oficialmente uma ortopedista e me livraria de relatórios semanais e da preocupação com notas. Haaland estava animado em me apresentar aos membros da sua família que ainda não me conheciam, eu estava nervosa e ansiosa ao mesmo tempo, sempre amei crianças e se as sobrinhas dele não gostassem de mim eu iria me enterrar na neve até a morte.

- Não acha que deveríamos levar algo? - Ele perguntou quando entramos no carro.

- Eu vou cozinhar quando chegarmos lá. - Informei. - Já estou levando minha mão de obra.

- Você é da família, eu não. - Retrucou. - Seria muita folga chegar pra passar o feriado de mãos vazias.

- Se vai te fazer sentir melhor, podemos passar em um mercado lá perto. - Propus. - Ai você compra o que quiser levar.

- Acho ótimo. - Assentiu. - Eu não sei cozinhar muito bem, então prefiro levar algo pronto.

- Um dia você se acostuma a não precisar levar nada. - Comentei e ele riu, negando com a cabeça.

- Não vai rolar. - Garantiu. - Minha mãe já está ansiosa pra te ver.

- Também estou. - Admiti. - Faz tempo que não os vejo.

- Minhas irmãs te acharam linda. - Comentou com um sorrisinho no rosto. - Gabrielle mostrou fotos suas pra elas.

- Que fofas. - Senti meu rosto esquentar. - Tenho certeza de que vou amar conhecê-las.

- Elas não vão te deixar em paz com esse cabelo desse tamanho. - Ele riu. - Vão querer trançar.

- Eu deixo. - Não me importei. - Amo crianças.

- Que bom, porquê vamos ter muitas. - Disse levemente.

- Você só me deu um par de sapatinhos. - Retruquei.

- Foi pra não te assustar assim de cara. - Estalou a língua.

- Vamos conversar sobre isso depois. - Ele me olhou de lado e assentiu.

Nós realmente pegamos um engarrafamento danado até a cidade dos meus pais. Ainda assim paramos em um mercado onde ele comprou alguns queijos e vinho, porque eram coisas prontas que não tinha como ele estragar. Foi a maior festa quando entramos em casa, meus pais estavam nos esperando ansiosos e logo abraçaram Haaland, o levando até uma mesa posta pra jantarmos. Eu só fui seguindo o fluxo porque ele realmente me esqueceram quando bateram os olhos no meu namorado. Mas estava tudo bem, eu estava feliz por gostarem tanto dele, era o suficiente pra fazer meu natal valer a pena.

Yuànfèn - Erling HaalandOnde histórias criam vida. Descubra agora